NAFTA NÃO É PETRÓLEO: RACIONAMENTO DE GASOLINA NA VENEZUELA, É O QUE PODERÁ ACONTECER QUANDO A PETROBRAS VENDER A MAIORIA DE SUAS REFINARIAS
O racionamento para a venda de gasolina foi posto em prática
em várias regiões da Venezuela pelo governo Maduro em meio à severa escassez do
combustível no país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo. Esta
notícia, pode parecer um paradoxo para os leigos que pensam que o Nafta (derivado químico essencial para a produção de combustíveis) é a mesma coisa que
petróleo cru. Porém gasolina ou diesel são apenas derivados do combustível
fóssil, precisam ser produzidos pela indústria química das refinarias, e
obviamente não “brotam” do subsolo. É neste ponto que reside o “segredo”
comercial da indústria petrolífera multinacional, países semi-coloniais que
detém grandes reservas subterrâneas de óleo cru, quase sempre são grandes
importadores de derivados quimicamente processados, como gasolina, diesel,
querosene e nafta. A razão é bem simples as grandes refinarias do planeta, que
pertecem as corporações transnacionais, estão situadas em países imperialistas
que podem ser ou não extratoras de petróleo cru. Estes trustes imperialistas
compram de países periféricos petróleo cru a um preço de mercado que pode
variar entre 50 a 100 dólares o barril, dependendo da conjuntura econômica
mundial. Depois processam o óleo cru em sua indústria química, revendendo seus derivados
diversos (combustíveis, fertilizantes, química fina etc..) a um valor que pode
chegar a cem vezes mais do que pagaram pela comoditie. A Venezuela vive uma
situação deste tipo, exatamente porque detém poucas refinarias industriais,
apesar de possuir as maiores e melhores (óleo de qualidade e de fácil
extração) reservas de petróleo do mundo. Para a estatal venezuelana PDVSA, que
vem sofrendo uma série de sabotagens físicas e financeiras diante do cerco
imperialista, não restou outra opção a não ser importar derivados e racionar
combustíveis para a população, tudo em função de sua limitada capacidade de
refino (cerca de somente três grandes refinarias). As sanções impostas pelo
governo Trump em sua política de pressão econômica contra Maduro, contingenciaram
as importações de combustíveis do país, assim como de diluentes para processar
o petróleo bruto da Venezuela. O presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, afirmou
na semana passada que o governo garantirá o fornecimento, mas o racionamento se
manterá por algum tempo, Maduro, por sua vez, denunciou uma sabotagem contra
dez navios petroleiros da estatal venezuelana, isto sem falar das explosões
ocorridas na principal refinaria do país. O Brasil, sob a égide do governo
neofascista de Bolsonaro, caminha para vivenciar uma crise de abastecimento de
combustíveis similar à que passa a Venezuela. A Petrobras anunciou recentemente
que venderá 8 das 13 refinarias que possui, um verdadeiro “presente de natal”
para os trustes petrolíferos imperialistas, que controlariam o “filé mignon” do
mercado nacional de combustíveis. É preciso ressaltar que o Brasil detém um
número bem abaixo do necessário de refinarias para atender somente a demanda do
mercado interno. Por esta razão a chamada “conta petróleo” (soma das
exportações de petróleo bruto e importação de derivados refinados) é
estruturalmente deficitária para o país. Os projetos de expansão das refinarias
da Petrobras, uma ampliação de 5 novas e modernas unidades industriais, foram
suspensos pela ação dos bandidos da “Lava Jato” , que à serviço dos trustes dos
EUA disseminaram a farsa que a estatal estava imersa no “mar da corrupção”... O
resultado prático da intervenção dos falsos “vestais” da Lava Jato foi gerar um
“rombo” na Petrobras e na balança comercial do Brasil. Mas agora a ameaça dos
neofascistas da equipe econômica do governo é ainda maior, para desestabilizar
a economia do país pretendem privatizar as refinarias da Petrobras, como parte
de um plano geral dos rentistas de afundar a estatal. Para os que pensam que a crise
de combustíveis por que passa a Venezuela é algo bem distante da nossa
realidade, a venda da maioria das nossas refinarias poderá colocar o país
totalmente vulnerável aos interesses financeiros dos cartéis imperialistas. O
movimento operário deve compreender a gravidade da política neoliberal de
“quebrar” Petrobras, “queimando” refinarias e ameaçando a própria soberania
energética do Brasil. É necessário organizar a Greve Geral por tempo
indeterminado para derrotar a ofensiva neoliberal do imperialismo contra a
Petrobras e o povo brasileiro!