quarta-feira, 5 de junho de 2019

NAFTA NÃO É PETRÓLEO: RACIONAMENTO DE GASOLINA NA VENEZUELA, É O QUE PODERÁ ACONTECER QUANDO A PETROBRAS VENDER A MAIORIA DE SUAS REFINARIAS


O racionamento para a venda de gasolina foi posto em prática em várias regiões da Venezuela pelo governo Maduro em meio à severa escassez do combustível no país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo. Esta notícia, pode parecer um paradoxo para os leigos que pensam que o Nafta (derivado químico essencial para a produção de combustíveis) é a mesma coisa que petróleo cru. Porém gasolina ou diesel são apenas derivados do combustível fóssil, precisam ser produzidos pela indústria química das refinarias, e obviamente não “brotam” do subsolo. É neste ponto que reside o “segredo” comercial da indústria petrolífera multinacional, países semi-coloniais que detém grandes reservas subterrâneas de óleo cru, quase sempre são grandes importadores de derivados quimicamente processados, como gasolina, diesel, querosene e nafta. A razão é bem simples as grandes refinarias do planeta, que pertecem as corporações transnacionais, estão situadas em países imperialistas que podem ser ou não extratoras de petróleo cru. Estes trustes imperialistas compram de países periféricos petróleo cru a um preço de mercado que pode variar entre 50 a 100 dólares o barril, dependendo da conjuntura econômica mundial. Depois processam o óleo cru em sua indústria química, revendendo seus derivados diversos (combustíveis, fertilizantes, química fina etc..) a um valor que pode chegar a cem vezes mais do que pagaram pela comoditie. A Venezuela vive uma situação deste tipo, exatamente porque detém poucas refinarias industriais, apesar de possuir as maiores e melhores (óleo de qualidade e de fácil extração) reservas de petróleo do mundo. Para a estatal venezuelana PDVSA, que vem sofrendo uma série de sabotagens físicas e financeiras diante do cerco imperialista, não restou outra opção a não ser importar derivados e racionar combustíveis para a população, tudo em função de sua limitada capacidade de refino (cerca de somente três grandes refinarias). As sanções impostas pelo governo Trump em sua política de pressão econômica contra Maduro, contingenciaram as importações de combustíveis do país, assim como de diluentes para processar o petróleo bruto da Venezuela. O presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, afirmou na semana passada que o governo garantirá o fornecimento, mas o racionamento se manterá por algum tempo, Maduro, por sua vez, denunciou uma sabotagem contra dez navios petroleiros da estatal venezuelana, isto sem falar das explosões ocorridas na principal refinaria do país. O Brasil, sob a égide do governo neofascista de Bolsonaro, caminha para vivenciar uma crise de abastecimento de combustíveis similar à que passa a Venezuela. A Petrobras anunciou recentemente que venderá 8 das 13 refinarias que possui, um verdadeiro “presente de natal” para os trustes petrolíferos imperialistas, que controlariam o “filé mignon” do mercado nacional de combustíveis. É preciso ressaltar que o Brasil detém um número bem abaixo do necessário de refinarias para atender somente a demanda do mercado interno. Por esta razão a chamada “conta petróleo” (soma das exportações de petróleo bruto e importação de derivados refinados) é estruturalmente deficitária para o país. Os projetos de expansão das refinarias da Petrobras, uma ampliação de 5 novas e modernas unidades industriais, foram suspensos pela ação dos bandidos da “Lava Jato” , que à serviço dos trustes dos EUA disseminaram a farsa que a estatal estava imersa no “mar da corrupção”... O resultado prático da intervenção dos falsos “vestais” da Lava Jato foi gerar um “rombo” na Petrobras e na balança comercial do Brasil. Mas agora a ameaça dos neofascistas da equipe econômica do governo é ainda maior, para desestabilizar a economia do país pretendem privatizar as refinarias da Petrobras, como parte de um plano geral dos rentistas de afundar a estatal. Para os que pensam que a crise de combustíveis por que passa a Venezuela é algo bem distante da nossa realidade, a venda da maioria das nossas refinarias poderá colocar o país totalmente vulnerável aos interesses financeiros dos cartéis imperialistas. O movimento operário deve compreender a gravidade da política neoliberal de “quebrar” Petrobras, “queimando” refinarias e ameaçando a própria soberania energética do Brasil. É necessário organizar a Greve Geral por tempo indeterminado para derrotar a ofensiva neoliberal do imperialismo contra a Petrobras e o povo brasileiro!