POLÍTICA EXTERNA DO NOVO GOVERNO IRANIANO É CONTRA UMA RESPOSTA MILITAR A ISRAEL: APROXIMAÇÃO COM O IMPERIALISMO EUROPEU É A NOVA LINHA DE TEERÃ...
O novo Ministro das Relações Internacionais do Irã e antigo negociador do chamado acordo 5+1 sobre o programa nuclear iraniano, Abbas Araghchi , apresentou perante as câmaras de televisão nacionais as linhas gerais da nova política externa do governo de Massoud Pezeshkian. Esta inflexão política na postura internacional do regime nacionalista burguês dos Aiatolás, vai explicar o retardo e talvez até o cancelamento definitivo na “prometida” resposta militar do Irã contra Israel, em razão da ação terrorista que ceifou a vida do histórico dirigente do Hamas, Ismael Haniyeh.
Segundo a chancelaria de Teerã, o país manterá seu apoio ao Eixo da Resistência, isto é a todos os grupos xiitas que combatem no Oriente Médio e que coordenam as suas ações militares com a República Islâmica e à Síria.
Manterá também as suas associações comerciais e políticas com a China e a Rússia, mas “estará mais aberta a todas as potências que pretendam aproximar-se da República Islâmica, principalmente a União Europeia, que poderá mesmo tornar-se um interlocutor prioritário caso decida abandonar as medidas coercivas unilaterais as erroneamente denominadas ‘sanções’ que na época foram adotadas contra a nação persa”.
O novo Ministro das Relações Exteriores iraniano afirmou claramente: “Não estamos tratando resolver a animosidade e as tensões com os Estados Unidos, uma vez que a maior parte dessa animosidade e tensões se baseia em diferenças fundamentais nas nossas perspectivas. Fundamentalmente, não faz sentido tentar fazê-lo. Temos de lidar com essa animosidade e com essas tensões. Os iranianos não têm de pagar por essa animosidade. A nossa nova política externa deveria esforçar-se por reduzir o preço que pagamos por essa animosidade”.
Como diz o velho provérbio popular: “Para um bom entendedor meia palavra basta”, ao declarar uma “abertura” em direção a União Europeia, uma sub-autarquia do imperialismo ianque, o governo iraniano sinaliza também que pretende estabelecer uma aproximação com Washington, embora em um ritmo gradual e planejado com a Arábia Saudita, da qual não por coincidência retomaram suas relações diplomáticas interrompidas desde a revolução que derrubou o Xa Reza Pahlavi em 1979.
Ao afirmar que pretendem “reduzir o preço da animosidade” com os EUA, depois de quase estar à beira de uma guerra com seu “porta aviões” sionista na região, fica bastante nítido que o regime dos Aiatolás não organiza nenhum ataque militar iminente contra o enclave de Israel.