sábado, 6 de maio de 2023

PCO ABANDONA FORMALMENTE O TROTSKYSMO (PARTE II): DEFENDER O ESTADO OPERÁRIO CUBANO CONTRA O IMPERIALISMO SERÁ A MESMA POLÍTICA DE ESTABELECER UMA “PARCERIA COM O GOVERNO” CASTRISTA QUE CAMINHA EM DIREÇÃO A RESTAURAÇÃO CAPITALISTA?

“Apesar de todos os obstáculos e problemas, Cuba parece não abrir mão da tarefa de espalhar a revolução internacionalmente”. A frase que acabamos de reproduzir, por mais incrível que pareça, saiu da boca de Rui Costa Pimenta, o “guru” do PCO. Este camaleão político ainda tem a cara-de-pau de se dizer Trotskysta enquanto faz rasgados elogios ao Governo Castrista, cujo regime burocrático parasitário stalinista está operando a restauração capitalista no Estado Operário Cubano deformado com medidas que cada vez mais fragilizam a economia estatizada ao mesmo tempo em que busca desesperadamente a manutenção do acordo de “coexistência pacífica” com a Casa Branca na gestão Democrata de Biden. Esta é a prova mais evidente que o PCO abandonou formalmente o Trotskysmo, agora também no terreno das posições internacionais. Pelos despropérios que escreve Pimenta, o Castrismo seria uma força política revolucionária que personificaria “na prática” as posições da própria IV Internacional em defesa da Revolução Permanente em escala mundial e não como é sabido um defensor aberto das teses stalinistas, apregoando a farsa da vitória do “socialismo em um só país” (no caso em uma Ilha!) inclusive aconselhando outros países que se levantaram no passado em processos revolucionários contra o imperialismo, como a Nicarágua de Daniel Ortega, a “Não ser uma nova Cuba” e, mais recentemente, nas relações que o Castrismo estabeleceu com Hugo Chávez e depois com Maduro na Venezuela, apoiando sua política nacionalista-burguesa de não-ruptura com o modo de produção capitalista! Não por acaso, o PCO não abriu a boca para fazer a denúncia da integração da burocracia castrista a Nova Ordem Mundial Capitalista via uma política de adaptação aos ditames da Governança Global do Capital Financeiro, como foi no caso da falsa pandemia da Covid-19, quando Raul e Miguel Canel tomaram a decisão vergonhosa de não realizar o ato de 1º de Maio nas ruas de Havana em 2020 e 2021 alegando a necessidade do “isolamento social” recomendado arbitrariamente pela OMS controlada pelo Big Pharma, uma política suicida que debilitou tremendamente Cuba, levando a Ilha ao seu atual esgotamento econômico. Com essa caracterização que falsifica abertamente a realidade sobre o caráter do Governo Castrista, o PCO copia as posições das correntes stalinistas que apresentam o regime burocrático como propulsor da revolução proletária mundial, tanto que o Sr. Pimenta celebrou “nossa parceria com o governo cubano” em uma atividade com o Cônsul de Cuba em São Paulo, onde enalteceu os “feitos” do PC de Cuba, proclamando “pérolas” revisionistas como a frase escandalosa que reproduzimos no início desse artigo! 

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O PCO ao abandonar formalmente com o Trotskysmo adere de “malas e bagagens” diretamente as posições stalinistas ao apresentar Cuba como um Estado Socialista e o Castrismo como uma corrente política revolucionária que exporta a revolução proletária mundial! Com essa capitulação aberta ao Castrismo, o PCO não denuncia que o PC cubano caminha em direção a restauração capitalista no Estado Operário deformado, notadamente desde a gestão de Clinton quando Castro e Raul tiveram profundas ilusões no representante Democrata do imperialismo na Casa Branca e estabeleceram vários acordos que acabaram por fragilizar política e economicamente a ilha. Longe da farsa montada por Rui Pimenta, a burocracia castrista instalada na cabeça do Estado operário cubano optou por um caminho de sucessivas concessões políticas ao imperialismo ianque, ainda que mantendo as principais bases da economia socializada. Com a eleição da ala “democrata” do império em 1992 (Clinton), o próprio Fidel Castro alimentou enormes expectativas na melhoria do relacionamento político com os ianques, o que resultou em um retumbante fracasso, levando inclusive ao relaxamento de normas de segurança que facilitaram a prisão de militantes dos serviços de inteligência cubana em Miami, como atesta o recente livro do escritor “progressista” Fernando Morais (Os últimos soldados da Guerra Fria). 

Alimentando ilusões no governo do Partido Democrata de Bill Clinton, em 1998 Fidel Castro pediu que Gabriel Garcia Marquez se encontrasse com o presidente ianque para entregar-lhe um dossiê organizado pelo serviço de inteligência cubana que atuava secretamente nos EUA em que denunciava a ação de terroristas na Flórida. Longe de combater os agentes da reação interna, Clinton ordenou que a CIA e o FBI montassem uma operação de “guerra” contra Cuba, resultando na prisão dos chamados “5 Heróis cubanos”. Com a posse de Obama, o “fenômeno” da empatia dos stalinistas cubanos com os carrascos “democratas” se repetiu. Nunca é demais lembrar que Cuba chegou a demonstrar inicialmente simpatia com os “rebeldes” monárquicos da Líbia. Somente quando se delineou a intervenção militar da OTAN, Fidel percebeu que o “conto” da tal “revolução árabe” estava voltado a dar uma cobertura “humanitária” a mais uma invasão ianque, e o que é pior, o próximo alvo “democrático” do imperialismo poderia ser a própria Cuba! 

Os “ziguezagues” do castrismo diante da ofensiva mundial do imperialismo ianque colocam em risco a defesa das conquistas históricas da revolução cubana, que mesmo debilitadas por um bloqueio criminoso, permanecem socialmente vigentes para o proletariado da ilha operária. O movimento mais recente se repetiu com a aproximação entre os EUA e Cuba pelas mãos de Obama e a tentativa de reaproximação agora com Biden, que apesar dos “esforços” de Havana, manteve a “linha dura” de Trump. 

Podemos fazer essa delimitação pública com o Castrimo porque a LBI sempre defendeu incondicionalmente o Estado Operário Cubano contra o imperialismo, inclusive sendo acusada de “stalinofilia” pelo próprio PCO. Não esqueçamos que Rui Pimenta comemorou a queda do Muro de Berlim em 1989 e liquidação contrarrevolucionária da URSS em 1991 como “acontecimentos revolucionários” quando estava ligado ao Partido Obrero argentino então dirigido por Jorge Altamira. 

Como nos ensinou Trotsky no Programa de Transição da IV Internacional uma coisa é postar-se na defesa incondicional das conquistas da revolução e do Estado Operário burocratizado contra o imperialismo interna e externamente lutando nesta trincheira pela revolução política para construir uma autêntica direção revolucionária. Outra coisa, como nos legou nosso chefe Bolchevique, é estabelecer uma relação de “parceria” com o Regime Castrista como proclama vergonhosamente o PCO, não denunciando que o PC cubano vêm não só tomando medidas econômicas internas que levam a restauração capitalista na Ilha, como também historicamente tem atuado para sabotar novas revoluções em outros países, como ocorreu na Nicarágua ou mesmo no abandono de Che Guevara no completo isolamento político e material, o que  levou inclusive a sua morte trágica na Bolívia, quando estava de fato rompido com Fidel Castro justamente por questionar a linha de submissão de Cuba a URSS burocratizada em defesa da “coexistência pacífica” com o imperialismo ianque. 

Para os Marxistas Leninistas Cuba nunca foi após janeiro de 1959 ou é atualmente um “Estado Socialista” como apregoa o Sr. Pimenta. Para a Teoria Marxista, base elementar de análise que o PCO há tempos rompeu, há uma grande diferença conceitual entre “revolução social” e “revolução socialista”, uma questão que ultrapassa a gramática. Em 1959 na ilha de Cuba, a revolução foi encabeçada por uma organização política que não era comunista e nem sequer socialista, o Movimento 26 de julho era originalmente um agrupamento de jovens guerrilheiros que lutavam para derrubar uma ditadura corrupta e decadente e instaurar um regime democrático burguês. Entretanto a lógica de ferro da luta de classes imprimiu uma outra dinâmica que aqueles jovens combatentes do Movimento 26 de Julho não poderiam imaginar. A violenta queda de Fulgêncio Batista na festa de réveillon naquela histórica entrada do ano de 1959, deu lugar a um novo governo liderado por Fidel Castro e que contava com um amplo arco de forças políticas, a exceção do Partido Comunista de Cuba, fiel ao ditador Batista até o último minuto. Fidel e seus camaradas como Che, Raul, Camilo Cienfuegos etc, esperavam contar no primeiro momento com um apoio considerável do governo dos EUA, porém então o presidente Eisenhower tratou de frustrar rapidamente estas expectativas. A política econômica do governo castrista (especialmente a nacionalização de empresas estrangeiras) deixou tão alarmados os Estados Unidos que forçou o imperialismo ianque a romper relações diplomáticas com o país. Cuba, então, estabelece relações abertas com a União Soviética e só aí inicia o processo da "revolução social", ou seja, expropriações e planificação central de sua economia. Fidel Castro resgata o banido Partido Comunista e promove a integração do Movimento 26 de Julho a nova organização reabilitada. 

Cuba, ao contrário da velha Rússia, não atravessou uma revolução pelas mãos de um partido comunista ou mesmo anticapitalista, sua revolução nunca foi conscientemente socialista (dirigida por um partido revolucionário) e sim social, já que socializou os meios de produção findando assim com o “Deus Mercado" na Ilha caribenha e inaugurando a era do primeiro Estado Operário da América Latina.  

Por sua vez o Governo Castrista não é uma direção política socialista que defende a revolução proletária mundial como apregoa o PCO, que agora se diz agora “parceiro” do PC Cubano, ao contrário, o Castrismo vem historicamente sabotando revoluções em outros país e levando a ilha no caminho da restauração capitalista. Apesar da LBI defender incondicionalmente da ilha operária e de suas conquistas históricas rechaçando a ofensiva imperialista através do bloqueio econômico e da política de “reação democrática” levada acabo pela Casa Branca nunca deixamos de polemizamos com a orientação programática adotada pela burocracia castrista que ataca uma série de direitos históricos dos trabalhadores com o objetivo de avançar o processo de restauração capitalista. 

A LBI mantém a vigência programática da defesa da Revolução Política em Cuba como nos ensinou Trotsky e foi “esquecida” pelo corrupto Rui Pimenta, para que o proletariado e sua vanguarda consciente possa efetivamente ingressar na etapa histórica do genuíno socialismo.   A melhor forma de responder as investidas do imperialismo ianque que se incrementaram com Biden é chamando a classe operária em nível mundial e cubana a derrotar o imperialismo ianque e não apoiando a política de “coexistência pacífica” com a Casa Branca e a Igreja Católica como faz o governo castrista.

Como Bolcheviques nos orgulhamos em meio à ofensiva mundial do imperialismo contra Cuba que é alvo da sanha da Casa Branca de estarmos na linha de frente do combate internacionalista para derrotar as grandes potências capitalistas, inclusive em unidade de ação com o PC cubano diante dos ataques do pior inimigo dos povos, o imperialismo. Desde a trincheira de luta da defesa do Estado operário cubano, fazemos o combate programático e político pela construção na Ilha de uma autêntica direção revolucionária para o proletariado que supere o Castrismo e não que seja seu apêndice domesticado e parceiro como o PCO. 

Sabemos perfeitamente que Cuba atravessa um momento extremamente difícil em sua existência. Desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, quando a restauração capitalista varreu o Leste Europeu e a União Soviética, em uma profunda derrota do proletariado mundial, a economia cubana perdeu grande parte dos seus parceiros comerciais impondo-se ainda mais a ilha operária o isolamento político e econômico. Foram tomadas várias medidas de mercado para tentar revitalizar sua economia. Não nos opomos por princípio à adoção dessas medidas, pois até Lenin e o Partido Bolchevique as tomaram na URSS por meio da NEP. Porém compreendemos que a melhor forma de defender as conquistas da revolução neste momento difícil é reforçando o chamado a derrotar o imperialismo em nível mundial e não a estabelecer com a Casa Branca e a Igreja Católica uma política de “coexistência pacífica” com faz o PC cubano. 

O legado teórico de Trotsky renegado por Rui Pimenta nos ensinou que era preciso defender incondicionalmente a URSS, apesar dos erros e traições de Stalin sem nunca deixar de denunciá-los abertamente. Hoje, com Cuba fazemos o mesmo. Ainda que tenhamos críticas à direção do PCC, jamais nos somamos ao imperialismo e sua corja arquirreacionária nos ataques ao Estado operário. Pelo contrário! Sempre estivemos na linha de frente da sua defesa, não apenas como “amigos de Cuba” como os stalinistas do PCML, PCB e PCdoB, mas acima de tudo como internacionalistas proletários e defensores do socialismo científico como alternativa à barbárie capitalista que ameaça a existência da própria humanidade. 

Acreditamos que somente a mobilização internacionalista da classe operária poderá fazer frente aos planos do império para aniquilar totalmente a enorme referência mundial da revolução cubana. Por isso não devemos depositar nenhuma confiança nos “acordos” amistosos com os chefes “democratas” dos estados terroristas como os EUA e a França como Fidel fez com Obama e Canel tentou com Biden, que o carniceiro Democrata acabou apesar de todos esforços de Havana por manter a política “linha dura” de Trump. 

Como Trotskyistas não podemos rejeitar possíveis manobras diplomáticas de um Estado Operário no contexto de um mundo hegemonizado pelo capital financeiro, reconhecemos o direito de Cuba exigir o fim do criminoso bloqueio comercial, porém não somos “ingênuos” ao ponto de desconsiderar os objetivos estratégicos do imperialismo ianque. Como nos ensinou Lenin que pessoalmente em sua época celebrou vários acordos comerciais com o imperialismo europeu, é necessário aproveitar as fissuras da crise imperialista sem “baixar a guarda” de uma política que convoque permanentemente a mobilização do proletariado mundial contra a atual ofensiva neoliberal contra os povos. Nesta perspectiva revolucionária não podemos confiar na burocracia Castrista, que busca conservar o atual regime estatal cada vez mais sob as bases de concessões econômicas e políticas. 

Frente a esta disjuntiva histórica, está colocado a construção do genuíno Partido Operário Revolucionário na Ilha com o objetivo de avançar nas conquistas sociais e do chamado a expropriação da burguesia mundial, se opondo a política de colaboração de classes das direções reformistas na arena nacional (como Lula), rompendo desta forma o isolamento de Cuba por meio da vitória da revolução proletária em outros recantos do planeta! 

Justamente por defendermos incondicionalmente Cuba e as conquistas históricas da revolução, apontamos que para garantir a manutenção do Estado Operário os trabalhadores cubanos devem lutar pela imediata expulsão dos agentes da CIA, combater a nefasta influência ideológica da Igreja Católica e derrotar todas as organizações anticomunistas camufladas de democráticas. Ao mesmo tempo, como aponta o Programa de Transição elaborado por Trotsky em 1938, não defendemos a volta à democracia burguesa e a legalização de todos os partidos de uma maneira geral em Cuba, mas a revolução política para que os conselhos populares decidam verdadeiramente como melhor levar a luta contra os privilégios, a desigualdade social e o reforço da economia planificada segundo os interesses dos próprios trabalhadores. Lutamos decididamente contra a destruição do Estado Operário cubano, já que isso representaria uma enorme derrota para o proletariado latino-americano e mundial, abrindo um período sem precedentes de avanço imperialista sem capitular a burocracia castrista. 

Por fim, é preciso pontuar que Rui Pimenta com sua capitulação ao Castrismo rompe inclusive com as posições que dividem atualmente o arco político da “família revisionista” que deformou o Programa de Transição da IV Internacional. Toda uma ala do pseudotrotskismo (como a LIT) caracteriza Cuba como um Estado Capitalista e o regime castrista como uma ditadura autoritária, emblocando-se com a Casa Branca e apoiando as manifestações pró-imperialistas falsamente democráticas contra o regime. Desta forma se negam vergonhosamente a defender Cuba contra as investidas de Biden, sendo agentes diretos da restauração capitalista patrocinada pela Casa Branca. Outra ala, como a CMI de Alan Woods (Esquerda Marxista no Brasil) ainda caracterizam Cuba com um Estado Operário degenerado e se limitam a ser “conselheiros” da burocracia castrista, alimentando ilusões em um “giro a esquerda” do regime controlado pelo PC cubano. Como expomos nesse artigo a posição principista da LBI é oposta pelo vértice ao que apregoa o corrompido PCO e todo arco revisionista!

No ritmo degenerado que vai o Sr. Pimenta em breve apresentará o PC cubano como simpatizante da IV Internacional assim como apresenta a atual gerência burguesa da Frente Ampla sob o comando de Lula (uma versão mais estendida da Frente Popular) como um verdadeiro “Governo dos Trabalhadores”, abandonando formalmente o Trotskysmo tem todos os terrenos da luta de classes!