DISPUTA ELEITORAL NA TURQUIA: VENCEU ERDOGAN O CANDIDATO DA OTAN CONTRA KEMAL O “PROGRESSISTA” PRÓ-OTAN
Com 100% das urnas apuradas, o atual presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, do Partido de Justiça e Desenvolvimento (AKP), foi reeleito neste último domingo (28/05)à presidência do estratégico país do Oriente Médio e membro da OTAN, para os próximos cinco anos. No comando da gerência estatal desde agosto de 2014, Erdogan conquistou 52,08% dos votos (27.487.231),contra 47,93% (25.263.683) do oposicionista e “progressista” pró- OTAN Kemal Kilicdaroglu, do Partido Popular Republicano (CHP).
Erdogan vem defendendo a manutenção de relações diplomáticas
com a Rússia, e tem seguido a linha “sino-brasileira” de Jinping e Lula,
buscado uma solução de pacificação negociada para a guerra na Ucrânia, porém
dentro do marco da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que nem de longe
cogitou em romper. O “bonaparte” turco foi peça fundamental do imperialismo
ianque no criminoso assalto a Líbia e posteriormente na ofensiva militar
derrotada contra o regime burguês nacionalista de Bashar Assad na Síria.
Enquanto isso, na cartilha eleitoral do “progressista”
Kilicdaroglu estava uma maior aproximação com a União Europeia, e a
recomposição mais submissa ainda das relações com a OTAN. A candidatura da
oposição otanista de Kilicdaroglu foi apoiada entusiasticamente pela esquerda
revisionista do Trokysmo, além dos velhos reformistas saudosos de Stalin.
A vitória de Erdogan ocorre em meio a uma grave crise
inflacionária, que vem acompanhada de atividade econômica negativa do
capitalismo periférico turco. As reservas monetárias do Banco Central estão no
vermelho, segundo o que o periódico “The Economist” define como a tentativa de
impedir uma corrida especulativa contra a lira turca, terminando em uma fuga
extraordinária de divisas. Os bancos e o mercado financeiro de ações estão
todos associados à oposição otanista e “baixaram o polegar“ para a reeleição de
Erdogan.
Erdogan está tentando jogar um papel “centrista” no cenário
político internacional, onde procura se “equilibrar” com suas opções na guerra
da OTAN contra a Rússia, forneceu drones para a Ucrânia e comprou mísseis
antiaéreos da Rússia, além de arbitrar a venda de grãos ucranianos através do
conturbado Mar Negro, explorando as oportunidades econômicas deste negócio,
para evitar que a intensa crise econômica capitalista o coloque para fora da
gerência estatal.
Os Marxistas Leninistas não podem depositar nenhum apoio ao
“sultão” Erdogan, cujo governo serviu literalmente de base militar aérea do
imperialismo para saquear a Líbia e defenestrar o regime nacionalista do coronel
Kadafi. Se Erdogan busca “limpar seu nome” com a resistência árabe,
aproximando-se circunstancialmente do Kremlin é porque sofreu uma estrepitosa
derrota política em sua ofensiva militar contra a Síria. A oposição otanista,
com sua agenda “progressista” da Nova Ordem Mundial, também sofreu um duro
golpe nestas eleições onde esperava ser guindada ao poder pelas mãos do
imperialismo europeu. A resistência anti-imperialista árabe, turca e palestina,
deve cerrar fileiras no apoio a vitória da Rússia contra a OTAN/Zelensky, como
o início da derrota militar do Pentágono em toda a imensa região, entretanto
não depositando ilusões em nenhuma alternativa
burguesa e fundamentalmente não abrindo mão da tarefa estratégica de
construção do Partido Revolucionário Internacionalista.