“BLACK MIRROR” NO MUNDO REAL (PARTE 2): BIG TECHS COMEÇAM OS IMPLANTES CEREBRAIS DE CHIPS EM SERES HUMANOS
A startup de neurotecnologia chamada Synchron, empresa patrocinada por Bezos e Gates, saiu na frente
da concorrente Neuralink, fundada por Elon Musk, e recebeu aprovação
regulatória da FDA (Food and Drug Administration, órgão dos EUA similar à
Anvisa) para começar os testes de implantes cerebrais em seres humanos. Os
estudos preliminares com um dispositivo chamado Stentrode devem começar agora em maio, segundo a empresa sediada em Nova York, nos EUA. O aparelho é um
implante neural das Big Tech que chega ao cérebro por meio da artéria jugular usando uma
interface cérebro-máquina (ICM). “A aprovação deste dispositivo experimental reflete anos
de testes de segurança realizados em conjunto com a FDA. Trabalhamos juntos
para abrir caminho rumo à primeira aprovação comercial de uma ICM implantada
permanentemente para o tratamento da paralisia”, comemora o CEO da Synchron,
Thomas Oxley, em mais um passo de controle das Big Techs do cérebro como parte do controle e manipulação da humanidade em benefício dos interresses da Governança Global do Capital Financeiro.
O Stentrode é um dispositivo eletrônico que permite que pessoas com paralisia controlem máquinas, equipamentos de comunicação, membros robóticos e exoesqueletos por meio de comandos emitidos pelo cérebro a um computador projetado para decodificar os sinais e transformá-los em movimentos ou ações coordenadas.
Ao contrário do implante da Neuralink, que perfura o crânio para colocar eletrodos e agulhas diretamente no tecido cerebral, o Stentrode chega ao cérebro por meio dos vasos sanguíneos em um procedimento minimamente invasivo de cerca de duas horas, semelhante à inserção de stents no coração. O implante é totalmente interno, sem fios saindo da cabeça ou do corpo.
“Os vasos sanguíneos fornecem acesso sem cirurgia a todas as
regiões do cérebro e em grande escala de investigação. Nosso primeiro alvo é o
córtex motor para o tratamento da paralisia, problema que representa uma grande
necessidade não atendida para milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescenta
Oxley.
Com um procedimento menos invasivo, os pacientes podem
começar a usar o equipamento em casa logo após o implante para controlar
dispositivos externos sem fio, apenas “pensando” em mover seus membros,
enquanto um computador central faz todo o trabalho para transformar impulsos
elétricos em movimentos.
O sistema foi projetado para facilitar a comunicação e a
independência funcional para os pacientes, permitindo a realização de tarefas
diárias como mandar mensagens de texto, enviar e-mails, aumentar o volume da TV
ou ter acesso imediato a dispositivos de telemedicina sem a ajuda de outras pessoas,
como enfermeiros e cuidadores.
Na Austrália, quatro voluntários já utilizam essa
neuroprótese na transferência de dados do córtex motor para controlar
dispositivos eletrônicos. Estudos preliminares mostram que, após um curto
período de treinamento assistido por aprendizagem de máquina, eles já conseguem
usar o sistema sem supervisão para fazer compras online e gerenciar as próprias
finanças.
“O que está por trás da paralisia é a intenção de mover
algo. Então, nós estamos digitalizando essa intenção. Se esses sinais forem
realmente rápidos, esses pacientes poderão controlar tecnologias com um nível
de superioridade muito maior do que encontramos em um cérebro humano normal”,
completa Oxley.
Por sua vez o empresário sul-africano Elon Musk disse que um
dispositivo sem fio desenvolvido por sua empresa de chips cerebrais Neuralink
deve começar testes clínicos em humanos em maio deste ano, e uma de suas primeiras
aplicações direcionadas é restaurar a visão.
A empresa está desenvolvendo interfaces de chip cerebral
que, segundo ela, podem permitir que pacientes com deficiência se movam e se
comuniquem novamente. Sediada na área da baía de São Francisco e em Austin,
Texas, a Neuralink tem realizado testes em animais nos últimos anos enquanto
busca a aprovação regulatória dos EUA para iniciar testes clínicos em pessoas.
"Queremos ser extremamente cuidadosos e ter certeza de
que funcionará bem antes de colocar um dispositivo em um ser humano, mas acho
que submetemos a maior parte de nossa papelada ao FDA e achamos que
provavelmente em cerca de seis meses poderemos ter nosso primeiro Neuralink em
um ser humano", disse Musk durante uma atualização pública muito aguardada
no dispositivo.
As duas primeiras aplicações humanas visadas pelo
dispositivo Neuralink serão restaurar a visão e permitir o movimento dos
músculos em pessoas que não podem fazê-lo, disse Musk. "Mesmo que alguém
nunca tenha tido visão, nunca, como se tivesse nascido cego, acreditamos que
ainda podemos restaurar a visão", disse ele. A última apresentação pública
da Neuralink, há mais de um ano, envolveu um macaco com um chip cerebral que
jogava um jogo de computador pensando sozinho.
As ambições de Musk para a Neuralink, lançada em 2016, são enormes. Ele quer desenvolver um chip que permita ao
cérebro controlar dispositivos eletrônicos complexos e, eventualmente, permitir
que pessoas com paralisia recuperem a função motora e tratem doenças cerebrais
como Parkinson, demência e Alzheimer. Ele também fala em fundir o cérebro com a
inteligência artificial.
Os Estados Unidos rejeitaram o pedido da Neuralink, empresa
de implantes cerebrais de Elon Musk, para realizar testes com seres humanos. No
final do ano passado, Musk garantiu que os testes do Neuralink com humanos
poderiam ocorrer em maio deste ano. Por sua vez, a empresa concorrente da
Neuralink, a Synchron, já recebeu luz verde no ano passado para iniciar esses
testes com seres humanos. Inserir um dispositivo movido a bateria no cérebro
para estimular certas áreas é muito invasivo. O dano potencial aos
participantes do teste pode ser irreversível.
Este é um revés para Neuralink. A empresa de Musk visa criar
implantes cerebrais para tratar doenças e integrar programas de computador ao
cérebro humano. Além de ser capaz de tratar doenças cerebrais como epilepsia e
Parkinson, o dispositivo craniano também funcionaria como uma espécie de
“camada digital” que fundiria a massa cinzenta humana com ferramentas
tecnológicas avançadas.
Seus protótipos já estão sendo testados em animais (macacos e porcos) e houve vários relatos de alto número de mortes de animais, mas Musk diz que os implantes cerebrais são seguros o suficiente para serem inseridos no cérebro dele e das crianças.
O pedido da Neuralink foi submetido ao FDA (Food and Drug
Administration) no início do ano passado. A rejeição veio porque o FDA
identificou dezenas de problemas que precisavam ser resolvidos primeiro, bem
como preocupações de segurança sobre os planos de Musk de implantar baterias de
lítio dentro do corpo humano.
Musk nunca mencionou essa rejeição em suas inúmeras
declarações sobre a iminência de ensaios clínicos. Menos de um ano após a
recusa, Musk renovou sua promessa de que os testes em humanos seriam uma
questão de meses.
A Neuralink está sob investigação por possíveis violações da Lei de Bem-Estar Animal dos EUA. Os testes em animais são feitos muito rapidamente, fazendo com que os animais sofram desnecessariamente e morram. Neuralink supostamente matou 1.500 animais em quatro anos e foi processado por crueldade animal.
Em fevereiro, outro relatório afirmou que a Neuralink pode
ter movido patógenos perigosos ilegalmente, violando a legislação.