terça-feira, 23 de maio de 2023

“BLACK MIRROR” NO MUNDO REAL (PARTE 2): BIG TECHS COMEÇAM OS IMPLANTES CEREBRAIS DE CHIPS EM SERES HUMANOS

A startup de neurotecnologia chamada Synchron, empresa patrocinada por Bezos e Gates, saiu na frente da concorrente Neuralink, fundada por Elon Musk, e recebeu aprovação regulatória da FDA (Food and Drug Administration, órgão dos EUA similar à Anvisa) para começar os testes de implantes cerebrais em seres humanos. Os estudos preliminares com um dispositivo chamado Stentrode devem começar agora em maio, segundo a empresa sediada em Nova York, nos EUA. O aparelho é um implante neural das Big Tech que chega ao cérebro por meio da artéria jugular usando uma interface cérebro-máquina (ICM). “A aprovação deste dispositivo experimental reflete anos de testes de segurança realizados em conjunto com a FDA. Trabalhamos juntos para abrir caminho rumo à primeira aprovação comercial de uma ICM implantada permanentemente para o tratamento da paralisia”, comemora o CEO da Synchron, Thomas Oxley, em mais um passo de controle das Big Techs do cérebro como parte do controle e manipulação da humanidade em benefício dos interresses da Governança Global do Capital Financeiro.

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O Stentrode é um dispositivo eletrônico que permite que pessoas com paralisia controlem máquinas, equipamentos de comunicação, membros robóticos e exoesqueletos por meio de comandos emitidos pelo cérebro a um computador projetado para decodificar os sinais e transformá-los em movimentos ou ações coordenadas. 

Ao contrário do implante da Neuralink, que perfura o crânio para colocar eletrodos e agulhas diretamente no tecido cerebral, o Stentrode chega ao cérebro por meio dos vasos sanguíneos em um procedimento minimamente invasivo de cerca de duas horas, semelhante à inserção de stents no coração. O implante é totalmente interno, sem fios saindo da cabeça ou do corpo.

“Os vasos sanguíneos fornecem acesso sem cirurgia a todas as regiões do cérebro e em grande escala de investigação. Nosso primeiro alvo é o córtex motor para o tratamento da paralisia, problema que representa uma grande necessidade não atendida para milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescenta Oxley.

Com um procedimento menos invasivo, os pacientes podem começar a usar o equipamento em casa logo após o implante para controlar dispositivos externos sem fio, apenas “pensando” em mover seus membros, enquanto um computador central faz todo o trabalho para transformar impulsos elétricos em movimentos.

O sistema foi projetado para facilitar a comunicação e a independência funcional para os pacientes, permitindo a realização de tarefas diárias como mandar mensagens de texto, enviar e-mails, aumentar o volume da TV ou ter acesso imediato a dispositivos de telemedicina sem a ajuda de outras pessoas, como enfermeiros e cuidadores.

Na Austrália, quatro voluntários já utilizam essa neuroprótese na transferência de dados do córtex motor para controlar dispositivos eletrônicos. Estudos preliminares mostram que, após um curto período de treinamento assistido por aprendizagem de máquina, eles já conseguem usar o sistema sem supervisão para fazer compras online e gerenciar as próprias finanças.

“O que está por trás da paralisia é a intenção de mover algo. Então, nós estamos digitalizando essa intenção. Se esses sinais forem realmente rápidos, esses pacientes poderão controlar tecnologias com um nível de superioridade muito maior do que encontramos em um cérebro humano normal”, completa Oxley.

Por sua vez o empresário sul-africano Elon Musk disse que um dispositivo sem fio desenvolvido por sua empresa de chips cerebrais Neuralink deve começar testes clínicos em humanos em  maio deste ano, e uma de suas primeiras aplicações direcionadas é restaurar a visão.

A empresa está desenvolvendo interfaces de chip cerebral que, segundo ela, podem permitir que pacientes com deficiência se movam e se comuniquem novamente. Sediada na área da baía de São Francisco e em Austin, Texas, a Neuralink tem realizado testes em animais nos últimos anos enquanto busca a aprovação regulatória dos EUA para iniciar testes clínicos em pessoas.

"Queremos ser extremamente cuidadosos e ter certeza de que funcionará bem antes de colocar um dispositivo em um ser humano, mas acho que submetemos a maior parte de nossa papelada ao FDA e achamos que provavelmente em cerca de seis meses poderemos ter nosso primeiro Neuralink em um ser humano", disse Musk durante uma atualização pública muito aguardada no dispositivo.

As duas primeiras aplicações humanas visadas pelo dispositivo Neuralink serão restaurar a visão e permitir o movimento dos músculos em pessoas que não podem fazê-lo, disse Musk. "Mesmo que alguém nunca tenha tido visão, nunca, como se tivesse nascido cego, acreditamos que ainda podemos restaurar a visão", disse ele. A última apresentação pública da Neuralink, há mais de um ano, envolveu um macaco com um chip cerebral que jogava um jogo de computador pensando sozinho.

As ambições de Musk para a Neuralink, lançada em 2016, são enormes. Ele quer desenvolver um chip que permita ao cérebro controlar dispositivos eletrônicos complexos e, eventualmente, permitir que pessoas com paralisia recuperem a função motora e tratem doenças cerebrais como Parkinson, demência e Alzheimer. Ele também fala em fundir o cérebro com a inteligência artificial.

Os Estados Unidos rejeitaram o pedido da Neuralink, empresa de implantes cerebrais de Elon Musk, para realizar testes com seres humanos. No final do ano passado, Musk garantiu que os testes do Neuralink com humanos poderiam ocorrer em maio deste ano. Por sua vez, a empresa concorrente da Neuralink, a Synchron, já recebeu luz verde no ano passado para iniciar esses testes com seres humanos. Inserir um dispositivo movido a bateria no cérebro para estimular certas áreas é muito invasivo. O dano potencial aos participantes do teste pode ser irreversível.

Este é um revés para Neuralink. A empresa de Musk visa criar implantes cerebrais para tratar doenças e integrar programas de computador ao cérebro humano. Além de ser capaz de tratar doenças cerebrais como epilepsia e Parkinson, o dispositivo craniano também funcionaria como uma espécie de “camada digital” que fundiria a massa cinzenta humana com ferramentas tecnológicas avançadas.

Seus protótipos já estão sendo testados em animais (macacos e porcos) e houve vários relatos de alto número de mortes de animais, mas Musk diz que os implantes cerebrais são seguros o suficiente para serem inseridos no cérebro dele e das crianças.

O pedido da Neuralink foi submetido ao FDA (Food and Drug Administration) no início do ano passado. A rejeição veio porque o FDA identificou dezenas de problemas que precisavam ser resolvidos primeiro, bem como preocupações de segurança sobre os planos de Musk de implantar baterias de lítio dentro do corpo humano.

Musk nunca mencionou essa rejeição em suas inúmeras declarações sobre a iminência de ensaios clínicos. Menos de um ano após a recusa, Musk renovou sua promessa de que os testes em humanos seriam uma questão de meses.

A Neuralink está sob investigação por possíveis violações da Lei de Bem-Estar Animal dos EUA. Os testes em animais são feitos muito rapidamente, fazendo com que os animais sofram desnecessariamente e morram. Neuralink supostamente matou 1.500 animais em quatro anos e foi processado por crueldade animal.

Em fevereiro, outro relatório afirmou que a Neuralink pode ter movido patógenos perigosos ilegalmente, violando a legislação.