segunda-feira, 22 de maio de 2023

O CASO VINICIUS JÚNIOR E A GENUÍNA LUTA CONTRA O RACISMO: NENHUMA ILUSÃO NO “IDENTITARISMO” QUE NÃO “JOGA NO CAMPO” DA ABOLIÇÃO DO CAPITALISMO DENTRO E FORA DOS ESTÁDIOS

Os recorrentes atos racistas contra o jogador Vinicius Júnior em partidas de futebol no campeonato espanhol desencadearam uma cínica e demagógica campanha que envolve a mídia corporativa, entidades mafiosas como a CBF e “celebridades” da TV que condenaram de boca os xingamentos de “macaco” lançados por torcedores ao jogador negro que integrou Seleção brasileira na Copa do Mundo durante a partida entre Real Madrid e Valência. O cinismo da elite burguesa neste caso se compara a uma expressão “atualizada” da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, que formalmente aboliu a escravidão no Brasil. Assim como os atos racistas no caso Vinicius Júnior foram reprovados amplamente pela elite dominante e sua mídia, denunciamos que esse repúdio não passa de hipocrisia da burguesia que sustenta o modo de produção capitalista sobre sangue e suor dos explorados (particularmente dos trabalhadores negros).

O fato do jogador do Real Madri e da Seleção Brasileira está plenamente apoiado pelos governos burgueses da Espanha e do Brasil assim como a mídia corporativa visa tirar o conteúdo de classe da denúncia do racismo patrocinado pela classe dominante, que tem como alvo o proletariado negro e não apenas de forma residual figuras como Vini Jr., hoje uma celebridade negra do futebol-mercadoria plenamente integrado ao deslumbre desse jogo cínico patrocinado pelas grandes corporações capitalistas. 

Não por acaso, a mesma acumulação originária do capitalismo que aprisionou o negro na África e o escravizou no Brasil, joga-o nas favelas e cortiços das cidades, explorando-o nas indústrias, utilizando-o como exército de reserva para pagar menores salários. 

Hoje, como ontem, os trabalhadores negros continuam lutando ao lado de seus irmãos de classe pela verdadeira abolição da escravidão, que só pode vir pela liquidação do modo de produção capitalista e não pela via de sórdidas campanhas hipócritas patrocinadas pela classe dominante e suas abjetas celebridades.

Poucos são os negros que conseguiram acumular capital no país e no mundo. Estes se “aculturaram” e adotam a ideologia da classe dominante, inclusive, com preconceitos contra sua própria raça. Figuras populares (antes pobre e negras) como Pelé, o próprio Vinícius Junior e tantos outros servem vergonhosamente a este fim. Não por acaso o “rei do futebol” disse em 2014 ser normal operários morrerem na construção de estádios para a Copa do Mundo. Apesar disso, as atuais direções do movimento negro, considerando a questão étnica como principal fator de discriminação dos negros, pregam a unidade de todos os negros (inclusive os burgueses) contra o racismo. No sistema capitalista, não podemos alcançar o pleno emprego e a socialização dos meios de produção, que são as bases da diferença de classe que em muito fortalecem o racismo.

Atualmente não se pode falar de libertação dos negros sem vinculá-la à luta de classes e à necessidade de emancipação do proletariado. A consciência meramente étnica é uma falsa consciência. Para proporcionar a real libertação dos negros de sua secular exploração e de todo tipo de preconceito é necessária a destruição do sistema que o escraviza, humilha-o e explora-o até hoje: o capitalismo. 

Definitivamente, essa luta não é apenas dos negros. O objetivo não é somente a libertação de uma raça, mas de todo o proletariado!

Não resta dúvida que a tática do imperialismo é sufocar a luta antirracista nos limites do “identitarismo” e do policlassismo, bloqueando a combate pela revolução socialista.

Da mesma forma que reivindicam mais delegacias de mulheres, como medida para combater os problemas imediatos da opressão de gênero, está a defesa de reserva de cotas para negros nas universidades, nas empresas, nos cargos públicos etc. que segue a lógica das políticas compensatórias ou “ações afirmativas”, criadas nos Estados Unidos, em 1965, pelo presidente Lyndon Johnson para frear a luta do movimento negro. 

A tal “ação afirmativa” é, na verdade, uma artimanha reacionária para dividir a luta anti-racista, promovendo uma aparente integração do negro, com a concessão de pequenas migalhas a poucos “beneficiados”, preservando o essencial do racismo, a superexploração da força de trabalho negra e parda. 

A esquerda reformista compra a enganação capitalista e passa a defender a inclusão cidadã do negro no mercado consumidor capitalista.

Os Marxistas Revolucionários compreendem que a questão racial não pode ser nem sequer seriamente colocada diante do agravamento sem precedentes da barbárie imperialista racista sem uma luta implacável dos trabalhadores, com seus próprios meios e organismos, contra a influência política e ideológica da burguesia democratizante e sua demagogia “cidadã” sobre as massas.