Os Estados Unidos acusam a China de realizar um vasto ataque cibernético contra sua infraestrutura militar. Nos últimos dois anos, o Pentágono denuncia que agentes chineses se infiltraram em vários setores, incluindo suas muitas bases militares ao redor do mundo. Isso foi admitido pela Agência de Segurança Nacional (NSA) e pelos centros de espionagem dos “Cinco Olhos” (Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia). Em uma declaração publicada em seu site, a Microsoft também relata a invasão, observando a presença de "atividades maliciosas furtivas e direcionadas" em "infraestruturas críticas de comunicação".
A ilha de Guam, no Oceano Pacífico, que abriga uma base militar dos Estados Unidos, foi um dos supostos alvos. Este território independente do arquipélago das Marianas abriga uma base naval, considerada um posto avançado estratégico para as forças norte-americanas. A ilha fica perto da península coreana, Vietnã e Taiwan. No caso de uma invasão chinesa de Taiwan, as tropas ianques em Guam provavelmente serão as primeiras a reagir.
Os Estados Unidos acusam a China de estar por trás da intrusão, embora a explicação seja bizarra. Segundo a NSA, a operação foi descoberta em fevereiro passado, quando um caça F-22 abateu um balão espião chinês na costa da Carolina do Sul. Os Estados Unidos conseguiram "recuperar restos significativos do local, incluindo todos os sensores prioritários identificados e componentes eletrônicos, bem como grandes partes da estrutura". Aparentemente, foi isso que facilitou a descoberta da atividade chinesa nos sistemas norte-americanos.
A Microsoft também acusa Pequim de orquestrar o ataque e aponta para "Volt Typhoon", uma equipe de especialistas em informática chineses especializada em espionagem e roubo de dados sensíveis que usa uma técnica conhecida como "Living-off-the-land".
Os hackers chineses usaram recursos já instalados nos computadores, como o sistema operacional, para abrir caminho. Este tipo de ataque é muito difícil de detectar. Nesse caso, os hackers passaram por um firewall instalado nos computadores. Em seguida, “Volt Typhoon” oculta suas atividades usando ferramentas como servidores proxy, VPNs ou equipamentos de rede sob seu controle.
O ataque, ainda em andamento, foi projetado para apreender dados confidenciais. De acordo com a Microsoft, o invasor "pretendia realizar espionagem e manter o acesso [ao computador] sem ser detectado pelo maior tempo possível".
Os hackers não visam apenas as bases militares dos EUA. Desde o início, "Volt Typhoon" atacou os setores de comunicações, manufatura, serviços públicos, transporte, construção, marítimo, governamental, tecnologia da informação e educação, de acordo com a Microsoft. Os estratagemas empregados na operação provavelmente serão reciclados para outros ataques, "em todo o mundo", observa a NSA.
A China negou as acusações de Washington. É uma “campanha coletiva de desinformação” contra ele. “Como todos sabem, a aliança Five Eyes é a maior organização de inteligência do mundo e a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) é a maior organização de hackers do mundo. O fato de eles terem se reunido para publicar tal relatório de desinformação é irônico por si só", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
