sábado, 12 de outubro de 2019

NÃO AOS BOMBARDEIOS DA TURQUIA CONTRA OS CURDOS! PELA UNIDADE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES TURCOS, SÍRIOS, IRAQUIANOS E CURDOS CONTRA O IMPERIALISMO IANQUE E ISRAEL!


O chamado “Curdistão” sírio foi alvo de ataque da Turquia após serem “abandonados” pelas forças militares do imperialismo ianque. Pelo menos oito pessoas morreram e outras 35 ficaram feridas nesta sexta-feira (11) na cidade de Nusaybin após um ataque com morteiros disparados na região do Curdistão que faz parte do território da vizinha Síria. O exército turco iniciou uma ofensiva aérea e terrestre no nordeste da Síria contra a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG). Os mais recentes ataques aumentaram para 17 o número total de mortes em três dias de combates. Com a incursão militar por terra e ar na Síria, a Turquia tenta assumir o controle de uma faixa de 30 quilômetros de extensão do território sírio adjacente à fronteira. Erdogan manifestou a determinação do governo de prosseguir com a operação militar. Seu objetivo é expulsar dessa faixa territorial as YPG devido aos vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda ativa na Turquia. Os YPG foram abandonas por Trump após o fracasso da ação ianque na Síria. Enquanto serviam como base para atacar o regime Assad os EUA mantiveram os curdos como aliados, mas agora eles não tem serventia. Trump ordenou no último domingo a retirada das tropas ianque da região do mecanismo de segurança, abrindo caminho para a ofensiva da Turquia contra os curdos, até então um dos principais aliados da Casa Branca no combate os integrantes do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na região. Como Marxistas Revolucionários rechaçamos os bombardeios as milícias curdas na Síria assim como a perseguição a militantes de esquerda no interior da Turquia. Defendemos a unidade revolucionária dos trabalhadores turcos com a minoria curda para derrotar o imperialismo ianque, Erdogan com o estabelecimento de uma frente única com Assad!



A ofensiva militar feita pela Turquia contra a minoria curda no nordeste da Síria segue crescendo e já fez ao menos 100 mil pessoas abandonarem suas casas. Os ataques turcos estão concentrados no lado sírio da fronteira entre os dois países e se estendem por 400 km, de Ain-Diwar, na divisa com o Iraque no leste, até Kobani, a mais de 400 km a oeste. É importante ressaltar que nesta região encontra-se Kobani, cidade fronteiriça no norte da Síria com a Turquia, onde se concentram os curdos. O EI chegou a dar por conquistada a região em 2014 mas os curdos os expulsaram em 2015, após meses de intensos. Durante muito tempo, os curdos ficaram sozinhos defendendo Kobani, já que o governo da Turquia se recusava deixar ingressar curdos turcos e iraquianos (peshmerga) pela sua fronteira. Entretanto, a principal milícia síria curda (YPG-YPJ) conseguiu expulsar o EI com o apoio das bombas da coligação imperialista liderada pelos Estados Unidos. Tratou-se da mesma política utilizada pelo imperialismo ianque no Iraque com relação aos curdos, ou seja, a tentativa de um acordo para dar relativa autonomia para a região desde que suas direções se aliem as iniciativas militares do Pentágono. Essa região inclusive foi caracterizada acriticamente pelos revisionistas do trotskismo como a CS argentina e MRS no Brasil (que combatem Assad ao lado dos “rebeldes") como a “Kobani Vermelha” pela influência do PKK e de supostos anarquistas na cidade.

Nesse contexto, os curdos na Síria incrementaram os contatos com o Curdistão iraquiano e com o PKK, brutalmente reprimido pelo governo turco de Erdogan. O PKK estava organizando bases militantes no norte da Síria. O centro da preocupação turca é que os curdos se fortaleçam ainda mais na região, porque o estabelecimento do governo autônomo curdo no norte do Iraque e a posse de cidades iraquianas de Mosul e Kirkut, após a ocupação, importantes centros de reserva e extração petrolífera, deu grande impulso a um sentimento popular que exige a constituição de um Estado independente. O ascenso do movimento nacionalista curdo também desestabiliza internamente a própria Turquia, já que em seu território existem mais de 12 milhões de curdos vivendo sob um férreo regime de opressão nacional, cuja expressão mais conhecida é a prisão do líder curdo nacionalista do PKK, Abdullah Ocalan. A consequente defesa do direito à autodeterminação curda através de um programa marxista revolucionário passa, neste momento, pelo chamado à unidade revolucionária dos trabalhadores turcos, iraquianos, iranianos, sírios e curdos, conformando milícias multiétnicas para derrotar o imperialismo ianque e seu agente Erdogan. Não somos partidários da existência de uma imaginária “Kobani Vermelha” como fazem os revisionistas do trotskismo partidários da “revolução árabe”, que saudaram o apoio que as milícias curdas receberam dos EUA para enfrentar o EI, via os bombardeios e armas, como proclamam a LIT, UIT e a CS-MRS, mas que agora foram abandonadas por Trump. Os fatos atuais nos deram razão, demonstrando a inutilidade estratégica de uma aliança com os EUA. Chamamos os combatentes do YPG a lutar pela sua independência nacional unindo os curdos do Iraque, Turquia e Síria em frente única com o governo Assad, contra o imperialismo ianque e Erdogan, dando assim um caráter extremamente progressista a sua justa aspiração nacional.