terça-feira, 10 de março de 2020

ALERTA “VERMELHO” NA ITÁLIA: SOB A QUARENTENA DO CORONAVÍRUS OU DA CRISE DO CAPITAL?


O governo italiano anunciou a extensão a todo o país da quarentena já em vigor na Lombardia e 14 outras províncias do norte (região mais rica e industrializada) para conter o contágio do novo coronavírus, cujos casos chegaram a 9.172 na última segunda-feira (09/03) com 463 mortes. “Estamos ficando sem tempo”, afirmou o reacionário primeiro-ministro Giuseppe Conte. “Fique em casa”, convocou aos cidadãos, diante da inação do Estado para conter sanitariamente o surto do vírus. A quarentena total entrou em aplicação a partir desta terça-feira (10/04). A repórteres, Conte explicou que as medidas introduzidas dois dias antes no norte do país já não eram suficientes e teriam de ser estendidas a todos os 60 milhões de italianos, estando o país praticamente com suas fronteiras fechadas. Em 24 horas, foram 1.797 novos casos e mais 97 óbitos, a maioria de “idosos, frágeis e que já tinham patologias”, como apontou a Proteção Civil em seu informe diário. As fortes medidas da Itália foram saudadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir de hoje a Itália é o segundo país mais afetado depois da China. As viagens estão proibidas em todo o território italiano, com os deslocamentos sendo permitidos apenas por motivos justificados de trabalho, saúde ou outra urgência. A suspensão das aulas nas escolas e universidades foi prorrogada até pelo menos 3 de abril próximo. Principal centro econômico do país, a conservadora região da Lombardia, que tem Milão como capital, contribui com mais de 20% do PIB italiano. A Itália tem a função de um grande “hub” turístico para toda Europa e também para o mundo, com a cultura “viajera” de seu povo. A Europa registrou 511 mortes desde o início da epidemia, das quais 21 na França, 16 na Espanha, 4 na Grã-Bretanha, 3 na Holanda, 2 na Suíça e 2 na Alemanha, e não tardará para tome posições restritivas aos produtos e ao próprio povo italiano. Em Fevereiro a Itália sofreu seu 17º declínio mensal consecutivo na atividade manufatureira e industrial, em função da profunda recessão no país, o governo italiano anunciou planos de injetar 3,6 bilhões de euros na economia. 


O índice percentual de administradores de compras da IHS Markit (instituto de pesquisas) para a indústria italiana caiu 0,2 pontos, para 48,7 no final de Fevereiro. Uma leitura abaixo de 50 pontos indica que a maioria das empresas pesquisadas está relatando uma forte contração da atividade e consequentemente dos lucros. Porém esta pesquisa foi concluída em 21 de Fevereiro, antes da intensificação do surto de coronavírus na Itália, os prognósticos daqui para frente são imensamente mais pessimistas. Com a produção industrial e comercial praticamente paralisadas, a Itália hoje está até mesmo ameaçada  de congelar suas atividades agrícolas, gerando uma crise de abastecimento alimentar para a população com menos recursos financeiros grandes filas já se formam nos supermercados que sobem os preços com a escassez de alimentos. O surto do vírus que em sua estrutura morfológica lembra uma coroa(corona), por ironia da história é apenas um corolário de uma fenômeno bem mais profundo, a crise do ciclo de reprodução do capital, com a superprodução de mercadorias e a queda da taxa de lucro.