Manolis Glezos, uma verdadeira lenda da resistência
socialista grega à ocupação nazista, nos deixou ontem, 30/03, perto de completar
os 98 anos. Com o fim da guerra, Glezos combateu as tropas britânicas na Guerra
Civil que se seguiu após a ocupação nazista. Foi um ícone político da luta
contra a ditadura dos coronéis pró-americanos nos anos 1960, mas não parou por
aí. Manolis se destacou na vigorosa denúncia à pilhagem da Troika/Berlim
realizada contra seu país nesta década. Foi um daqueles homens dos quais Bertold
Brecht disse serem “imprescindíveis”. Ele estava hospitalizado desde 18 de
março devido a uma gastroenterite e uma infecção urinária e não resistiu a uma
parada cardíaca, registrou a televisão estatal grega ERT. Já havia sido
internado em novembro passado por problemas respiratórios. Ao longo de sua
vida, foi condenado 28 vezes por sua militância revolucionária, inclusive três
vezes à morte. Da II Guerra Mundial à ditadura dos coronéis, passando pela
Guerra Civil Grega, passou 11 anos e 4 meses no cárcere e 4 anos e 6 meses no
exílio. Várias vezes deputado, foi jornalista e escritor, autor de dois
avantajados volumes sobre a resistência ao nazismo. Tinha apenas 18 anos
quando, junto com o amigo Apostolos Santas, arrancou da Acrópole a bandeira
nazista em 31 de maio de 1941 e hasteou a bandeira grega, um feito que serviu
de alento a todos os que resistiam à ocupação hitlerista na Europa inteira.
Aos 95 anos, apesar de um dia chuvoso de novembro de 2017, Glezos ainda se fazia presente à homenagem aos mortos da Revolta da Escola Politécnica, o levante de 1973 que abriu caminho para a derrocada da ditadura. Já nonagenário, se tornou um gigante na luta contra a feroz austeridade imposta à Grécia, pela União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e o FMI, a chamada Troika, para salvar bancos alemães e franceses que especularam com títulos da fraudulenta dívida grega. Em 2012, foi mais uma vez eleito deputado grego, agora pela Coalizão de Esquerda Radical (Syriza, na sigla em grego), então, Alex Tsipras líder do partido ainda não mostrara sua verdadeira face neoliberal de esquerda. “Peço desculpas ao povo grego por ter participado nesta ilusão”, afirmou Glezos assim que se completou a traição de Tsipras ao plebiscito do ‘Não’ e posterior deriva neoliberal do governo em 2015. Em um magistral discurso, quase em uma despedida antecipada, o gigante combatente declarou:“Por que eu continuo? Por que estou fazendo isso quando tenho 92 anos e dois meses? Afinal, eu poderia estar sentado em um sofá de chinelos com os pés para cima. Então, por que eu faço isso? Você acha que o homem sentado à sua frente é Manolis, mas está errado. Eu não sou ele. E eu não sou ele porque não esqueci que toda vez que alguém estava prestes a ser executado (durante a II Guerra Mundial), ele dizia: ‘Não me esqueça. Quando você disser bom dia, pense em mim. Quando você levantar um copo, diga meu nome. E é isso que estou fazendo conversando com você, ou fazendo algo disso. O homem que você vê diante de você é todas essas pessoas. E tudo isso é sobre não esquecê-los”. Nossa modesta homenagem a um titã da luta revolucionária: Manolis Glezos presente!
Aos 95 anos, apesar de um dia chuvoso de novembro de 2017, Glezos ainda se fazia presente à homenagem aos mortos da Revolta da Escola Politécnica, o levante de 1973 que abriu caminho para a derrocada da ditadura. Já nonagenário, se tornou um gigante na luta contra a feroz austeridade imposta à Grécia, pela União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e o FMI, a chamada Troika, para salvar bancos alemães e franceses que especularam com títulos da fraudulenta dívida grega. Em 2012, foi mais uma vez eleito deputado grego, agora pela Coalizão de Esquerda Radical (Syriza, na sigla em grego), então, Alex Tsipras líder do partido ainda não mostrara sua verdadeira face neoliberal de esquerda. “Peço desculpas ao povo grego por ter participado nesta ilusão”, afirmou Glezos assim que se completou a traição de Tsipras ao plebiscito do ‘Não’ e posterior deriva neoliberal do governo em 2015. Em um magistral discurso, quase em uma despedida antecipada, o gigante combatente declarou:“Por que eu continuo? Por que estou fazendo isso quando tenho 92 anos e dois meses? Afinal, eu poderia estar sentado em um sofá de chinelos com os pés para cima. Então, por que eu faço isso? Você acha que o homem sentado à sua frente é Manolis, mas está errado. Eu não sou ele. E eu não sou ele porque não esqueci que toda vez que alguém estava prestes a ser executado (durante a II Guerra Mundial), ele dizia: ‘Não me esqueça. Quando você disser bom dia, pense em mim. Quando você levantar um copo, diga meu nome. E é isso que estou fazendo conversando com você, ou fazendo algo disso. O homem que você vê diante de você é todas essas pessoas. E tudo isso é sobre não esquecê-los”. Nossa modesta homenagem a um titã da luta revolucionária: Manolis Glezos presente!