O mundo vivência uma grande crise financeira das bolsas da
Wall Street, da Europa, do Japão e de Shangai e analistas econômicos “oficiais”
atribuem a responsabilidade do prenúncio de um novo crash ao surto do
coronavirus. Na última semana de Fevereiro/2020, a pior semana desde
Outubro/2008, o Dow Jones baixou 12,4%, o S&P 500 baixou 11,5% e o Nasdaq
Composite baixou 10,5%. O mesmo cenário na Europa e na Ásia durante a última
semana de Fevereiro. Na bolsa de Londres, o FTSE-100 baixou 11,32%, em Paris o
CAC40 caiu 12%, em Francoforte o DAX perdeu12,44%, na bolsa de Tóquio o Nikkei
baixou 9,6%, as bolsas chinesas (Shangai, Shenzhen e Hong Kong) baixaram
igualmente. Na última segunda-feira 02 de Março, com as intervenções maciças
dos bancos centrais para sustentar as bolsas, os índices retomaram a alta salvo
na praça de Londres. Na terça-feira 3 de Março, o banco central dos Estados
Unidos, o Fed, entrou em pânico, baixou em 0,5% sua taxa directora, o que
constitui uma redução considerável. A nova taxa central do Fed situa-se
doravante num intervalo de 1 a 1,25%. É preciso saber que a taxa de inflação
nos Estados Unidos entre Fevereiro/2019 e Janeiro/2020 atingiu 2,5%, o que quer
dizer que a taxa de juro real do FED é negativa. A grande mídia corporativa
escreve que esta medida visa sustentar a economia americana ameaçada pela
epidemia. O diário francês Le Figaro estampa: "O coronavirus precipita uma
forte baixa da taxa do Fed"...A crise da economia ianque data de bem antes
dos primeiros casos de coronavirus na China e destes efeitos sobre a economia
mundial. Em resumo, o Fed e a grande imprensa não dizem a verdade quando
explicam que a medida é destinada a enfrentar o coronavirus. Apesar da decisão
do Fed, na terça-feira 3/Março o S&P 500 baixou novamente 2,81%, o Dow
Jones baixou 2,9%. Nos dias 3 e 4 de Março, várias bolsas asiáticas
experimentaram igualmente uma baixa.
Não se pode excluir um reaquecimento da bolsa de Nova York em 4 de Março para saudar o retorno de Joe Biden à corrida presidencial nos Estados Unidos nas primárias democratas, pois isto representa para eles um alívio frente ao Social Democrata Bernie Sanders. Joe Biden é claramente o candidato do establishment Democrata e dos bilionários que apoiam este partido imperialista. É importante observar que Donald Trump, num tweet da semana passada, ligou a sua sorte a da bolsa na Wall Street. Em 26 de Fevereiro ele conclamou seus colegas dos 1% mais ricos a não venderem suas acções e a sustentarem a bolsa. Trump além disso afirmou que se fosse reeleito à presidência dos Estados Unidos em Outubro/2020 a bolsa subiria enormemente mas que se perdesse ocorreria um crash bursátil de uma amplitude nunca vista. O que se vai passar precisamente nos mercados financeiros nos próximos dias e semanas é imprevisível mas é muito importante analisar as verdadeiras causa da crise capitalista em pleno curso.
Não se pode excluir um reaquecimento da bolsa de Nova York em 4 de Março para saudar o retorno de Joe Biden à corrida presidencial nos Estados Unidos nas primárias democratas, pois isto representa para eles um alívio frente ao Social Democrata Bernie Sanders. Joe Biden é claramente o candidato do establishment Democrata e dos bilionários que apoiam este partido imperialista. É importante observar que Donald Trump, num tweet da semana passada, ligou a sua sorte a da bolsa na Wall Street. Em 26 de Fevereiro ele conclamou seus colegas dos 1% mais ricos a não venderem suas acções e a sustentarem a bolsa. Trump além disso afirmou que se fosse reeleito à presidência dos Estados Unidos em Outubro/2020 a bolsa subiria enormemente mas que se perdesse ocorreria um crash bursátil de uma amplitude nunca vista. O que se vai passar precisamente nos mercados financeiros nos próximos dias e semanas é imprevisível mas é muito importante analisar as verdadeiras causa da crise capitalista em pleno curso.
A mídia “murdochiana” afirma de maneira simplista que esta
queda generalizada das bolsas de valores é provocada pelo coronavirus e esta
explicação é retomada amplamente nas redes sociais pelos incautos. Ora, não é o
coronavirus e sua expansão mundial que constituem a causa da crise, a epidemia
é apenas um elemento detonador. Todos os fatores de uma nova crise financeira
estão reunidos há vários anos, pelo menos desde 2017-2018. Quando a atmosfera
está saturada de matérias inflamáveis, a qualquer momento uma fagulha pode
provocar a explosão financeira. Era difícil prever de onde a fagulha iria
partir. A fagulha desempenha o papel de detonador mas não é ela que é a causa profunda
da crise. Não sabemos ainda se a forte queda das bolsas no fim de Fevereiro vai "degenerar"
numa enorme crise financeira. É uma possibilidade real. O fato de que a queda
bursátil coincide com os efeitos da epidemia do coronavirus sobre a economia
produtiva não é fortuito, mas dizer que o coronavirus é a causa da crise é uma
ilusão. É importante ver a crise de superprodução de mercadorias, que gerou o
acirramento da guerra comercial contra a China e não ser enganar pelas
explicações que lançam uma cortina de fumaça diante das causas reais do colapso
econômico.
O Grande Capital e seus gerentes estatais têm todo o
interesse de colocar nas costas de um vírus o desenvolvimento de uma grande
crise financeira e económica, pois isto lhes permite “lavar as mãos”. A queda
das cotações das ações estava prevista bem antes que o coronavirus fizesse a
sua aparição. As cotações das ações e o preço dos títulos de dívida aumentaram
de um modo totalmente exagerado em relação à evolução da produção industrial no
decorrer dos últimos dez anos, com uma aceleração no decorrer dois últimos dois
ou três anos.
É preciso sublinhar que o momento em que a queda das
cotações acionárias ocorre como resultado de uma escolha de uma parte dos
“muito ricos” que decidiram começar a vender os títulos que adquiriram pois
consideram que toda “festa financeira” tem um fim e, ao invés de perder eles
preferem tomar a dianteira no cassino das apostas. Estes grandes acionistas
preferem ser os primeiros a vender a fim de obterem os melhores preços
possíveis antes de a cotação das ações baixar muito fortemente. Grandes
sociedades de investimentos, grandes bancos, grandes empresas industriais e
miliardários dão a ordem aos traders para venderem uma parte das ações ou do
títulos de dívidas privadas (ou seja, obrigações) que possuíam a fim de
embolsar os 15% ou 20% de alta dos últimos anos. Eles dizem que é o momento de
fazê-lo, chamam a isto tomar os "seus ganhos". Segundo eles, tanto
pior se isto implica um efeito de venda em manada. O importante ao seu ver é
vender antes dos outros. Isto pode provocar um efeito dominó e degenerar numa
crise financeira generalizada. Os rentistas sabem e dizem para si próprios que
acabarão por se safar sem demasiado prejuízo como aconteceu em grande parte em
nos anos 2007-2009. É o caso nomeadamente nos Estados Unidos dos dois
principais fundos de investimento e de gestão de ativos Black Rock e Vanguard
que se saíram bem, assim como do Goldman Sachs, Bank of America, Citigroup ou a
Googloe, Apple, Amazon, Facebook, etc.
Outro elemento importante a ressaltar, a elite da oligarquia
financeira vende ações de empresas privadas, o que provoca uma queda das suas
cotações e arrasta a queda das bolsas. Ou ao mesmo tempo eles compram títulos
da dívida pública dos Estados nacionais considerados como valores seguros.
Estamos falando nomeadamente do caso nos Estados Unidos onde o preço dos
títulos do tesouro norte-americano aumentou na sequência de uma procura muito
forte. Nota-se que um aumento do preço dos títulos do tesouro que se vendem no
mercado secundário tem como consequência baixar o rendimento destes títulos. Os
ricos que compram estes títulos do Tesouro estão dispostos a um rendimento
fraco, pois o que procuram é a segurança num momento em que a cotação das ações
das empresas está em baixa. Em consequência, há que sublinhar que mais uma vez
são exactamente os títulos dos Estados estáveis que são considerados pelos mais
ricos como os mais seguros. Não tardará para que em breve se retorne o refrão
bem conhecido da crise das dívidas dos países periféricos “quebrados” e dos
temores dos mercados em relação a títulos públicos.
Portanto, este fenômeno não data da véspera da crise de
2008-2009, ele é recorrente no quadro da financiarização da economia
capitalista. E antes disso o sistema capitalista também havia experimentado
fases importantes de financiarização, tanto no século XIX como nos anos 1920, o
que conduziu à grande crise financeira de 1929 e ao período prolongado de
recessão dos anos 1930. Assim, o fenômeno da financeirização e
“desregulamentação” foi parcialmente abafado durante 40 anos após a grande
depressão dos anos 1930, a Segunda Guerra Mundial e a radicalização da luta de
classes. Até o fim dos anos 1970, não houve mais grandes crises bancárias, que
deram lugar a “crise do petróleo”. As crises bancárias ressurgiram quando os
governos deram todas as liberdades ao Grande Capital para fazer o que quisesse
no setor financeiro. O Grande Capital, o qual considera que a taxa de
rentabilidade que ele extrai da produção não é suficiente, desenvolve as
atividades financeiras não diretamente ligadas à produção. Isto não quer dizer
que abandone a produção, mas que desenvolve proporcionalmente mais as suas
aplicações na esfera financeira do que os seus investimentos na esfera
produtiva. É o que se chama de mundialização financeira. O capital "faz
lucro" a partir do capital fictício por atividades especulativas no
mercado bursátil. Este super desenvolvimento da esfera financeira aumenta o
recurso ao endividamento maciço das grandes empresas, fazendo aumentar os
custos de produção e circulação de mercadorias, que começam a abarrotar nas
praças do consumo final, diante de um contigente populacional cada vez maior e
com menos recursos monetários para exercer a “compra”. Como assinalou
historicamente Marx , é o “vírus” inexorável do movimento econômico capitalista
do qual não há “vacina alguma para curar esta enfermidade”, existe somente uma
única alternativa: Enterrar o defunto em decomposição com a revolução
socialista!