quinta-feira, 12 de março de 2020

BOLSA SP CAIU HOJE 15%: SURTO EPIDEMIOLÓGICO OU “SURTOU” O CAPITAL FINANCEIRO?


O mercado financeiro brasileiro encerrou esta quinta-feira (12/03) em forte queda após duas paradas temporárias (circuit break) em dia marcado pela tensão gerada pelo anúncio da pandemia mundial do coronavírus. O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) terminou o dia em queda de 14,78%, aos 72.582 pontos e com um volume negociado de R$ 30,307 bilhões. O índice bursátil fechou o dia com a maior queda percentual registrada desde setembro de 1998, período histórico marcado pela crise financeira da Rússia em pleno processo de restauração capitalista. A bolsa de valores não tinha suas operações suspensas desde 2008, mas esta foi a primeira vez na história do país em que as operações foram suspensas em três dias da mesma semana (hoje, segunda e quarta). No mercado cambial, a cotação do dólar comercial bateu seu recorde ao superar a marca de R$ 5 pela primeira vez na história logo no começo do dia. Ao final dos negócios, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,38%, a R$ 4,7857 na venda, porém no mercado do dólar turismo ou físico a cotação já se aproxima dos R$ 5,50. A tensão do mercado interno é reflexo direto do grave cenário internacional que pode ser sintetizado no anúncio do governo reacionário de Donald Trump, em proibir voos comerciais entre a Europa e os Estados Unidos, à exceção do Reino Unido. Os rentistas norte-americanos ainda tinham alguma esperança de que Trump fosse anunciar linhas de crédito e estimulo a produção, mas em vez disso, o presidente ianque adotou medidas que devem piorar o desempenho da economia. 


O movimentos de histeria do mercado financeiro, que praticamente surtou hoje, está sendo provocados em grande parte pelo reconhecimento da pandemia do coronavírus, porém o fator determinante é a retração da atividade econômica mundial que está em vias de entrar em recessão global.No plano  nacional o chamado “mercado” se ressente da completa instabilidade política do governo neofascista de Bolsonaro, que ao mesmo tempo em que acena com o ultra neoliberalismo do ministro Paulo Guedes, parece estar mais focado na “aventura” de recrudescimento geral do regime, coordenada pelo general Heleno. Os apelos insistentes da burguesia nacional (famiglia Marinho e seus acólitos como Rodrigo Maia) para que a dupla Bolso&Guedes abandone as “fanfarronices” e se concentre na “agenda das reformas”, parece não fazer muito efeito, mesmo nesta situação de colapso econômico capitalista. Bolsonaro quer entrar para história do país como o presidente da extrema direita que conduziu o golpe institucional de 2016 até às últimas consequências. A pandemia mundial do crash financeiro será com certeza responsável por milhares de mortes no planeta, levando a quebra de empresas, desemprego e fome para povos e nações, que ainda terão que conviver com as vítimas de um surto sanitário e epidemiológico o qual nenhum Estado capitalista está a altura da resolução minimamente digna para a humanidade. Mais do que nunca a revolução socialista se coloca como única alternativa civilizatória real frente a iminente barbárie.