40 ANOS DO MASSACRE DE SABRA E SHATILA: MANTER VIVO O HERÓICO COMBATE DO POVO PALESTINO AO ENCLAVE SIONISTA E GENOCIDA DE ISRAEL!
“Escute, eu sei que você está gravando, mas eu pessoalmente
gostaria de ver todos eles mortos... Eu gostaria de ver
todos
os palestinos mortos porque são uma doença em
qualquer lugar que vão.”
(Tenente do exército israelense
ao invadir o Líbano, 16 de setembro de 1982)
Durante três dias, entre 16 a 19 de setembro de 1982, foi
desferido o mais sangrento genocídio contra o povo palestino da história. Passados 40 anos, ainda está presente a ação covarde das Falanges
maronitas (aliadas de Israel) contra os campos de refugiados de Sabra e Shatila
no oeste de Beirute, Líbano, na macabra noite de 16 de setembro de 1982, em
meio à guerra civil deflagrada após o assassinato de um líder da extrema-direita
cristã. Neste contexto de guerra, Israel invade o Líbano em junho de 1982.
Poucos meses depois iria consumar um ato nitidamente inspirado nos métodos
nazistas de extermínio, um ataque a uma população completamente desarmada e
pega de surpresa, sem qualquer poder de se defender ou de reação.
Os campos de
refugiados palestinos foram invadidos pelas falanges da extrema direita cristã
explicitamente estimuladas pelo exército israelense que “garantia a
salvaguarda” dos palestinos. Mas ao invés disso, sob o comando do facínora
genocida Ariel Sharon, forneceu armamentos pesados, sinalizadores para iluminar
os caminhos da invasão, tanques etc. Tanques Merkeva, que partiram de Israel,
cercavam os dois campos de (concentração) refugiados palestinos, impediam que crianças,
mulheres grávidas, idosos e outros civis escapassem do massacre. Foram mais de
62 horas de um terror extremo, sem precedentes na história contra uma população
indefesa, cujo resultado foi o assassinato de aproximadamente 3.500 civis que
já viviam em uma situação de miséria e abandono. Uma típica política de
extermínio étnico, uma vez que se trataram de execuções sumárias com requintes
de crueldade: estupros, facadas (degola), tiros na nuca, esquartejamentos... O
pretexto para um crime desta magnitude foi o assassinato do líder falangista
Bachir Gemayel poucos dias antes supostamente – nunca comprovado – por um
palestino. O genocídio não poder ser encarado como um fato isolado: envolveu um
enorme operativo de guerra, um jogo “diplomático” articulado desde a Casa
Branca, o enclave militar de Israel e a conivência da OLP de Arafat.
O massacre ocorreu quando a minoria maronita, que expressava
os interesses da alta burguesia nacional libanesa aliada ao capital
imperialista, viu sua supremacia ameaçada pela ascensão política da maioria
muçulmana (sunitas e xiitas) e da esquerda nacionalista, que se apoiavam nas
lutas dos explorados libaneses e dos refugiados palestinos, explodiu a guerra
civil no país (1975-1989). Refugiados no sul do Líbano, espalhados em
acampamentos próximos às principais cidades, os palestinos estabelecem uma
importante aliança com a resistência dos trabalhadores libaneses em luta contra
o regime títere do imperialismo francês. Estava mais uma vez colocada a
possibilidade de uma revolução, desta vez com características nitidamente
proletárias, já que a divisão social estabelecida no Líbano, rotulada pela
imprensa mundial como sendo entre cristãos versus mulçumanos, refletia na
verdade diretamente a luta entre explorados e exploradores. Em função da ameaça
da perda do controle no Líbano, o imperialismo francês aciona seu enclave na
região, que sob o comando nazi-sionista Menahem Beguin desencadeia em junho de
82 uma operação militar de invasão do Líbano, chamada cinicamente de “paz na Galiléia”.
Agindo em conjunto com os milicianos falangistas, o exército sionista massacra
mais de três mil civis nos acampamentos palestinos de Sabra e Shatila.
Durante a guerra civil, a direita maronita, organizada na
Falange, aliou-se ao sionismo que financiou a criação das milícias falangistas,
armadas e treinadas pelo Exército israelense e o Mossad. Em 16 de setembro de
1982, foram essas milícias que, cumprindo ordens do Exército sionista comandada
pelo assassino Ariel Sharon, invadiram os campos de Sabra e Shatila e
chacinaram cruelmente mais de 3.000 refugiados palestinos, a maioria idosos,
mulheres e crianças indefesas. Esse massacre, realizado ao estilo dos pogroms
nazistas, foi apresentado pelos falangistas como uma vingança pela morte de
Bachir Gemayel, que havia sido eleito presidente e assassinado naquele mesmo
mês de setembro, antes de sua posse. Substituindo Bachir, seu irmão Amin
Gemayel assumiu a presidência da república libanesa.
Poucos meses antes do massacre, Ronald Reagan mediou um
acordo entre o enclave sionista de Israel e a OLP a fim de “encontrar uma
solução” para os refugiados palestinos no Líbano e a guerra civil, com vistas a
instalar um governo títere no Líbano. Pura enganação, haja vista que o
imperialismo tratava de fortificar seu domínio geopolítico na região, ao mesmo
tempo em que visava aniquilar qualquer possibilidade de organização política
palestina contra sua hegemonia, se valendo de seu cão de guarda israelense.
Após várias rodadas de negociações, a OLP aceitou sair do Líbano, consumando
uma traição sem comparativos na história da luta do povo palestino, deixando
para trás milhares de refugiados civis desprotegidos. As bases do “acordo”
foram que Israel e os EUA garantissem não atacar os palestinos. No entanto,
somente a OLP “cumpriu” sua parte... Enquanto isso, Sharon reunia-se
secretamente com partidários de Gemayel para “a necessidade de o partido
vingar-se do assassinato de Bachir” (Times, 21/2/1983) com plena aquiescência
do imperialismo ianque.
Hoje a situação dos campos de (concentração) refugiados
palestinos pouco mudou, a não ser o fato de ter aumentado o nível de penúria e
opressão, não há infraestrura de água potável, saúde, alimentação, imperando a
miséria extrema.
Com o passar de 40 anos, a OLP, convertida em Autoridade
Nacional Palestina (ANP) de Abbas, transformou-se em polícia repressora de seu
próprio povo após reconhecer a existência de Israel. Quando atravessamos
atualmente um período de ofensiva militar do imperialismo ianque no Oriente
Médio sobre a Síria e agora o Irã, os Marxistas Leninistas devem levantar a
bandeira de apoio incondicional aos combatentes palestinos que ao lado do
Hezbolah lutam pela destruição do Enclave sionista e genocida de Israel. Por
estas razões, mais do que nunca, para honrar os mortos de Sabra e Shatila e os
milhares de palestinos trucidados ao longo do combate contra o exército
israelense e o imperialismo ianque, é necessário defendermos todos os povos
ameaçados de invasão pelas grandes potências capitalistas. Os Marxistas Revolucionários
devem ter como eixo programático a formação de uma frente única militar, com
absoluta liberdade de ação, com todas as forças políticas que se enfrentam e
trabalham pela derrota da OTAN e a destruição do enclave de Israel no Oriente
Médio: na Palestina, Síria e Irã... Só há uma saída progressista para conter a
barbárie capitalista, a derrota do inimigo número um de todos os povos do
planeta, o imperialismo e a liquidação da máquina de guerra sionista.