LIZ TRUSS, NOVA PRIMEIRA-MINISTRA DO REINO UNIDO: “SENHORA
DA GUERRA” DEFENDE “OTAN GLOBAL” PARA ATACAR RÚSSIA E CHINA
Os 200.000 dirigentes "conservadores" que votaram para eleger o novo líder do Partido Conservador preferiram a ministro das Relações Exteriores ao outro candidato, Rishi Sunak, ex-chanceler do Tesouro. A até então ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, foi eleita a nova líder do Partido Conservador e a nova primeira-ministra do país, de acordo com os resultados da votação dentro do partido, anunciados na segunda-feira. Esta "senhora da Guerra" viajará nesta terça-feira com o até então primeiro-ministro, Boris Johnson, para a residência real de Balmoral, na Escócia, para atender a audiência necessária com a rainha Elizabeth II. Trata-se de mais um passo na subserviência do Reino Unido ao imperialismo ianque, tanto que ela defende uma "OTAN global" contra a Rússia e a China. Truss chamou países em órbita submissa à Casa Branca a entupirem a Ucrânia com mais armas e, de quebra, ainda ameaçou a China quanto a Taiwan. Sobre a Ucrânia, assunto que atualmente mais gera frenesi nas hostes imperiais, ela insistiu na conclamação por “mais armas pesadas, tanque e aviões” e até previu – depois de expulsar os russos “de toda a Ucrânia” – a reconstrução do país por um “novo plano Marshall”.
“A guerra na Ucrânia é a nossa guerra – é a guerra de todos porque a vitória da Ucrânia é um imperativo estratégico para todos nós”, asseverou a chefe da diplomacia da alquebrada Albion em surto de nostalgia do poderio imperial inglês.
Denunciando a “falsa escolha entre a segurança
euro-atlântica e a segurança indo-pacífica”, madame Truss asseverou que “no
mundo moderno, precisamos de ambos”.
“Precisamos de uma OTAN global”, ela se assanhou, sem disfarçar que, além de colocar a Rússia de alvo, por conta e risco estava acrescentando a China na sua lista negra. Açulando o separtatismo, asseverou que “devemos garantir que democracias como Taiwan sejam capazes de se defender.” E concluiu alardeando que “a geopolítica está de volta”.
Truss acrescetou que o sistema de segurança internacional criado no pós-guerra, do qual o Conselho de Segurança da ONU é a expressão máxima, não funciona mais e precisa ser substituído por uma “Rede da Liberdade”, naturalmente integrada pelas “nações livres e assertivas”, como o decadente reino de que é ministra.
Apontando para o esforço sem precedentes de Londres para embargar a Rússia, Truss insistiu que “o acesso econômico não é mais um dado adquirido. Tem que ser conquistado” e que os países que desejam ganhá-lo “devem seguir as regras. E isso inclui a China”.
Há controvérsias se as invectivas de madame Truss sobre os rumos do mundo estão no quadro dessa saudade dos tempos do império em que o sol jamais se punha – e que não voltam mais -, ou são um oferecimento de si própria para substituir Boris Johnson no papel de poodle de Washington, diante dos percalços das festinhas da Covid, ou ainda mera estupidez.
Quanto à persistente ignorância, o histórico de Truss é um prato cheio. Em entrevista à BBC confundiu o Mar Báltico com o Mar Cáspio e, ao se reunir com o chanceler russo Sergei Lavrov em Moscou em fevereiro, insistiu em dizer que Londres “jamais reconheceria a soberania da Rússia” sobre Rostov e Voronezh – regiões russas que ela confundiu com as repúblicas do Donbass.
Enquanto a inflação insuflada pelas sanções contra a Rússia bate recorde no Reino Unido, diferentes instâncias do governo inglês se revezam para executar provocações contra a Rússia. O subsecretário de Estado Parlamentar das Forças Armadas britânicas, James Heappey, declarou “completamente legítimo” que as forças ucranianas ataquem alvos em território russo para “interromper sua logística e cadeias de suprimentos” usando armas fornecidas pelos britânicos.
A Rússia respondeu prontamente. O Ministério da Defesa russo declarou que “a instigação direta por parte de Londres do regime de Kiev” para atacar alvos em território russo imediatamente significaria “uma resposta proporcional” de Moscou, se a Ucrânia tentar realizá-los. O que poderia incluir ataques de precisão de longo alcance “contra centros de tomada de decisão relevantes em Kiev”.
“A presença dos conselheiros de um dos países ocidentais nos centros de comando ucranianos em Kiev ‘não será necessariamente um problema’ para a Rússia ao tomar a decisão sobre ações recíprocas”, acrescentou.
Por sua vez o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, se gabou de que seu país já havia entregado à Ucrânia “mais de 5.000 mísseis antitanque, 5 sistemas de defesa aérea com mais de 100 mísseis, 1.360 munições anti-estrutura e 4,5 toneladas de explosivos plásticos”. Boa parte disso já foi destruída pelos ataques com mísseis e bombardeios russos a armazéns e arsenais na Ucrânia.