quinta-feira, 29 de setembro de 2022

ATAQUE TERRORISTA DA OTAN/CIA AO GASODUTO NORD STREAM: UM DESASTRE AMBIENTAL E ECONÔMICO PARA O PROLETARIADO EUROPEU

A grande notícia que a mídia corporativa tupiniquim ignorou, é que o genocida Biden mandou explodir três dos quatro gasodutos que forneciam gás natural russo à Alemanha (Nord Stream). Biden fez exatamente o que prometeu e neste momento não há nenhuma razão para duvidar dos serviços terroristas da OTAN/CIA, uma vez que há provas diretas que apontam para a participação do serviço de “inteligência” dos Estados Unidos nesse ato criminoso: navios da US Navy a perambular pela zona marítima provavelmente colocando minas nas tubagens e partindo pouco antes das explosões. Temos obviamente somente que esperar a Casa Branca colocar a culpa na Rússia pelo desastre.

Entretanto é necessário entender algumas coisas importantes acerca do desaparecimento prematuro do Nord Stream. A “potência” imperialista europeia representada pela economia alemã desapareceu. Todo o “milagre capitalista” alemão estava baseado na disponibilidade de um fornecimento constante de gás natural de baixo custo entregue pela Rússia. Sem ele, a indústria alemã deve fechar, despedindo centenas de milhares de trabalhadores e implicando um nível de angústia e mal-estar público nunca visto desde os dias da República de Weimar. Uma vez que a economia alemã tem sido a locomotiva que arrastou grande parte do resto da União Europeia, o desaparecimento do Nord Stream é também uma notícia espetacularmente desastrosa para o resto da UE. A elite europeia terá agora a formidável tarefa de “reprogramar os cérebros” de uns e outros para fazê-los entender que os Estados Unidos não são um amigo e sim um inimigo.

O argumento econômico de que os EUA têm capacidade de assumir o papel de principal fornecedor de gás natural à Europa mediante remessas de gás natural liquefeito (GNL) produzido através de fracking é rigorosamente uma idiotice. O fracking nos Estados Unidos foi possível fundamentalmente pelo acesso a dinheiro a muito baixo custo, quase grátis, graças à política do Quantitative Easing. O fracking é extremamente intensivo em capital, uma vez que exige um investimento constante e maciço em equipamentos de perfuração, bombas, explosivos, água, areia, fluído de fracking e transporte. Ao contrário da exploração de poços de petróleo e gás convencionais, os poços de fraturação são extremamente efêmeros e a produção de um poço determinado diminui numa ordem de grandeza de dois dígitos por ano. Agora que a inflação nos EUA se aproxima dos dois algarismos e o dinheiro é cada vez mais caro ao invés de gratuito, o ritmo de fraturação hidráulica enfraqueceu. Em resumo, dentro em breve os EUA enfrentarão uma escassez, não um excedente, de gás natural e não estará em condições de sustentar e muito menos ampliar suas exportações de GNL.

Acrescente-se a isto o fato de que fracking está concentrado agora na bacia Pérmiana, onde ainda há poços produtivos a descobrir, uma vez que grande parte do resto do território de fracking já se esgotou. Portanto, não há razão para esperar que o fracking nos EUA volte a estar no auge, mesmo no caso do dinheiro voltar a ser “grátis” (juros negativos).

Acrescente-se ainda a constatação de que os EUA não têm a capacidade industrial nem a capacidade de transporte para fazê-lo. A ideia de que este ataque terrorista aos gasodutos russos faz parte de um esforço de competição desleal simplesmente não se sustenta.

Alguns analistas mais sinceros exprimiram a ideia de que tudo isto poderia fazer parte de um plano mestre para obrigar o capital e a indústria europeias a transferirem-se para os Estados Unidos, onde a energia continua a ser relativamente abundante. Há um pequeno punhado de problemas com este plano. Em primeiro lugar, o capital europeu está ao que agora está a converter-se em ativos encalhados: fábricas e equipamentos parados, muitos dos quais nunca se voltarão a por em andamento; casas sem calefação que sofrerão danos pelos congelamentos; cadeias logísticas estagnadas e gente cada vez mais angustiada e raivosa. Em segundo lugar, os sistemas financeiros dos EUA e da Europa estão muito unidos e a destruição de um não augura nada de bom para o outro. O mais provável é que contágio financeiro se estenda da Europa para os EUA que, sendo o mais endividado e o mais habitualmente deficitário tanto nas finanças nacionais com na balança de pagamentos, é o mais precário.

Este ponto é talvez o mais importante: este ataque terrorista da OTAN/CIA aos gasodutos não muda nada para a Rússia. O Nord Stream 1 já estava fechado devido às sanções ocidentais: as turbinas fabricadas pela Siemens que comprimiam o gás através dele já não podem receber manutenção. O Nord Stream 2 estava pronto para entrar em serviço quando se completasse, mas os Sociais-Democratas alemães, pressionados pelos Estados Unidos, negaram-se a dar sua aprovação. Desde então, a Rússia anunciou que já encontrou melhores utilizações para a metade do gás que estava previsto: vai estender o serviço de gasoduto a algumas das suas próprias regiões (Nóvgorod, Carélia) que atualmente estão desabastecidas, o que permitirá aos habitantes das suas pequenas cidades e povoados deixarem de aquecer-se com lenha e fazê-lo com gás.

Só há um sentido em que este covarde ataque imperialista tem realmente importância, sua função é dizimar ainda mais o proletariado europeu, com o fechamento de milhares de fábricas, e que também será condenado ao desemprego e a fome, similar ao período da Segunda Guerra Mundial.