SACCO E VANZETTI EXECUTADOS EM 23 DE AGOSTO DE 1927: PERSEGUIÇÃO CAPITALISTA CONTRA OS LUTADORES E MILITANTES SEGUE NOS DIAS ATUAIS... SÓ A LUTA REVOLUCIONÁRIA PODE VIGAR SUA MORTE!
Em 23 de agosto de 1927 foram executados Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti nos EUA. Eram dois militantes anarquistas que foram alvos de um processo político armado para executa-los. Ao fim de um processo muito polêmico, os dois foram condenados à morte na cadeira elétrica. Os indícios contra eles eram muito frágeis e manipulados. Mesmo quando o verdadeiro autor dos crimes confessou, Sacco e Vanzetti não tiveram direito a revisão do processo e nem clemência. Desde então, eles se tornaram símbolos da luta contra a perseguição política capitalista.
A condenação de Sacco e Vanzetti ocorreu no contexto de uma duríssima campanha contra os trabalhadores organizados e ativistas políticos que o governo dos Estados Unidos desencadeou entre os anos de 1919 e 1921. Era uma resposta, vivida também em muitos outros países, ao ciclo de agitação social global ocorrido a partir de 1917 e em reação às repercussões da Revolução de Outubro Naqueles anos, mais de 100 sindicalistas da Industrial Workers of the World foram condenados por subversão a 20 anos de prisão.
Nicola Sacco era do sul da Itália, da região da Puglia, enquanto Bartolomeo Vanzetti era do norte, do Piemonte. Ambos tinham chegado nos Estados Unidos no mesmo período, um em 1908 e outro em 1909, com cerca de 20 anos, com a esperança de melhorar as próprias condições de vida, como outros 5 milhões de italianos entre o final do século XIX e a Primeira Guerra, foram “fazer a América”. A maioria deles empregou-se nas ascendentes indústrias norte-americanas. Mas, para muitos, os Estados Unidos mostraram-se uma terra distante dos sonhos de bem-estar e liberdade que tanto atraíam os imigrantes.
A radicalização da posição política de Sacco e Vanzetti ocorreu já em solo americano. Eles se conheceram em 1916 e juntos passaram a fazer parte de um grupo anarquista. Tinham fugido para o México para escapar da convocação para a Primeira Guerra Mundial. A oposição à guerra fizeram deles os alvos ideais da cruzada americana contra a esquerda.
Foi também a origem italiana que marcou o destino deles. A retomada da imigração para os Estados Unidos após o fim da guerra acentuou a xenofobia de uma parte da população que considerava alguns grupos imigrantes etnicamente inferiores e inassimiláveis. Os italianos, sobretudo os do sul da Itália, eram acusados de mal-educados, violentos e propensos ao crime. Naqueles anos, linchamentos racistas atingiam os afro-americanos, mas também vitimaram 30 italianos.
Durante todo o processo, sindicatos e grupos de esquerda iniciaram uma enorme campanha para obter apoio da opinião pública e arrecadação de fundos para a defesa de Sacco e Vanzetti. O drama dos dois trabalhadores provocou comoção e indignação entre os trabalhadores de todo o mundo, sendo um catalisador da identidade de classe. Protestos imponentes se multiplicaram em quase todas as capitais do mundo.
O impacto sobre o movimento operário mundial foi muito grande, configurando o mais significativo fenômeno de solidariedade internacional do período. Para além da solidariedade étnico-nacional de trabalhadores italianos, a condenação de Sacco e Vanzetti foi sentida como um processo contra a classe operária em todo o mundo, contribuindo para que os trabalhadores se reconhecessem como membros de uma classe transnacional e sujeitos políticos ao longos dos anos 20.
No Brasil, greves, manifestações e comícios de solidariedade ocorreram em vários estados e principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde foram os sindicatos a organizar comitês de Agitação pró Sacco e Vanzetti, com a colaboração de anarquistas e comunistas. Nos dias que antecederam a execução dos anarquistas, a polícia agiu com violência para reprimir a multidão de trabalhadores que tomaram as ruas em bairros operários da cidade de São Paulo, como o Brás e o Ipiranga. Comícios chegaram a ocorrer duas vezes por semana. O jornal anarquista A Plebe noticiou que no dia da execução houve um comício na praça do Patriarca do qual participou “toda a classe operária da capital”. Outros jornais registraram gritos de vivas à memória de Sacco e Vanzetti e à solidariedade operária.
Antes de morrer, Vanzetti escreveu “Defendi o direito de liberdade de pensamento, inalienável como o direito à vida”. Essa luta segue mais viva que nunca, um combate contra o capitalismo presente em cada greve e ação direta das massas contra a barbárie e em defesa da revolução proletária!