terça-feira, 30 de agosto de 2022

GORBACHEV MORTO RECEBE HOMENAGENS DESDE BIDEN ATÉ PUTIN: SOMENTE OS GENUÍNOS TROTSKYSTAS DEFENDERAM A URSS CONTRA A “RESTAURAÇÃO DEMOCRÁTICA”…

Internado em um hospital de Moscou, Mikhail Gorbachev morreu nesta terça-feira (30/08) após uma longa enfermidade reumática. Foi o Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da URSS de 1985 a 1989, época em que presidiu o país na transição restauracionista de 1990 até 1991. Gorbachev foi o parteiro das reformas pró-capitalistas no Estado Operário Soviético, que as chamou de “Perestroika” e “Glasnost”.

Antes de Mikhail Gorbachev, o cargo de Secretário-Geral da URSS foi ocupado, por um breve período, por Konstantine Chernenko, que havia sucedido Leonid Brezhnev, considerado um stalinista de linha dura e que estava no cargo desde 1964. Gorbachev aparentemente assumiu o controle estatal pretendendo retomar o legado de Kruschev, banido do comando do PCUS por “questionar” (sempre com um viés da direita Social Democrata) a chamada “Era stalinista.

Em 1985, Gorbachev tentou fazer tênues reformas pró-capitalistas em alguns aspectos do regime central de planejamento econômico, flexibilizando aspectos do monopólio estatal. Mas em 1987 ficou claro que as medidas não deram resultado: a taxa de crescimento continuou a cair e a escassez de produtos aumentou.

Foi em julho daquele ano que anunciou um novo programa econômico conhecido como perestroika (reestruturação, já votada pelo XXVII Congresso do Partido em 1986), com o qual aprofundou a introdução do mecanismo de mercado, ou seja, a transição do regime soviético da economia para o capitalismo. Foi lançada a lei das empresas estatais, pela qual as empresas públicas podiam determinar os níveis de produção de acordo com a demanda dos consumidores e de outras empresas, podendo negociar o preço de seus insumos com seus fornecedores. Ao mesmo tempo, tinham que se financiar cobrindo salários, impostos, suprimentos e eventuais dívidas. O governo burocrático deixaria de resgatar empresas não lucrativas, que teriam que enfrentar a falência e a conseqüente perda de empregos.

O planejamento nacional (gosplan) funcionaria apenas para critérios gerais de investimento nacional. Nesse mesmo ano, foi aprovada a lei das cooperativas, restabelecendo a propriedade privada de empresas de serviços, alguns fabricantes e setores ligados ao comércio exterior. O monopólio do Ministério do Comércio Exterior foi quase eliminado e ministérios de diferentes ramos industriais e agrícolas foram autorizados a realizar suas próprias operações sem a intervenção da burocracia central.

O outro aspecto da reforma burguesa dos burocratas pró-ocidente foi introduzido em 1988. A Glasnost (transparência, abertura) era funcional para a aplicação da perestroika. Conceder certa liberdade de expressão para a direita ligada ao imperialismo (especialmente aos elementos mais restauracionistas da burocracia para pressionar os conservadores) e também liberdade de religião (fortalecendo especialmente o cristianismo ortodoxo retrógrado). Este fator da contra-revolução vai explicar o enorme crescimento político de personalidades como as de Boris Yeltsin, e do próprio Putin.

Em 1991 Gorbachev declarou que a "construção do socialismo" não era mais possível, que uma rápida transição para o mercado, a entrada no FMI e um modelo de "economia aberta" eram necessários. Em dezembro daquele ano, após o fracasso em agosto de um golpe de Estado muito mal organizado pelo “Bando dos Oito“ generais linha dura, foi declarada a dissolução  final da URSS.

Os Genuínos Trotskistas souberam apoiar criticamente a tentativa do Golpe de Agosto contra Gorbachev como uma última chance para dar uma sobrevida ao Estado Operário, enquanto o proletariado poderia ganhar um pouco de tempo para impulsionar a revolução política diante da catástrofe restauracionista que se vislumbrava no horizonte da antiga URSS. Entretanto já era muito tarde para derrotar a ofensiva imperialista, embalada em Moscou como “revolução democrática”. Gorbachev foi destituído não pelo Golpe de Estado dos generais stalinistas, mas sim pela contra-revolução triunfante liderada pelo falastrão Yeltsin. Se hoje choram a morte do senil Gorbachev, desde Biden até Putin, é porque o mercado global capitalista foi o grande beneficiado com o amálgama da Glasnost e Perestroika.