GORBACHEV MORTO RECEBE HOMENAGENS DESDE BIDEN ATÉ PUTIN:
SOMENTE OS GENUÍNOS TROTSKYSTAS DEFENDERAM A URSS CONTRA A “RESTAURAÇÃO
DEMOCRÁTICA”…
Internado em um hospital de Moscou, Mikhail Gorbachev morreu nesta terça-feira (30/08) após uma longa enfermidade reumática. Foi o Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da URSS de 1985 a 1989, época em que presidiu o país na transição restauracionista de 1990 até 1991. Gorbachev foi o parteiro das reformas pró-capitalistas no Estado Operário Soviético, que as chamou de “Perestroika” e “Glasnost”.
Antes de Mikhail Gorbachev, o cargo de Secretário-Geral da
URSS foi ocupado, por um breve período, por Konstantine Chernenko, que havia
sucedido Leonid Brezhnev, considerado um stalinista de linha dura e que estava
no cargo desde 1964. Gorbachev aparentemente assumiu o controle estatal
pretendendo retomar o legado de Kruschev, banido do comando do PCUS por
“questionar” (sempre com um viés da direita Social Democrata) a chamada “Era
stalinista.
Em 1985, Gorbachev tentou fazer tênues reformas
pró-capitalistas em alguns aspectos do regime central de planejamento
econômico, flexibilizando aspectos do monopólio estatal. Mas em 1987 ficou
claro que as medidas não deram resultado: a taxa de crescimento continuou a
cair e a escassez de produtos aumentou.
Foi em julho daquele ano que anunciou um novo programa
econômico conhecido como perestroika (reestruturação, já votada pelo XXVII
Congresso do Partido em 1986), com o qual aprofundou a introdução do mecanismo
de mercado, ou seja, a transição do regime soviético da economia para o
capitalismo. Foi lançada a lei das empresas estatais, pela qual as empresas públicas
podiam determinar os níveis de produção de acordo com a demanda dos
consumidores e de outras empresas, podendo negociar o preço de seus insumos com
seus fornecedores. Ao mesmo tempo, tinham que se financiar cobrindo salários,
impostos, suprimentos e eventuais dívidas. O governo burocrático deixaria de
resgatar empresas não lucrativas, que teriam que enfrentar a falência e a
conseqüente perda de empregos.
O planejamento nacional (gosplan) funcionaria apenas para
critérios gerais de investimento nacional. Nesse mesmo ano, foi aprovada a lei
das cooperativas, restabelecendo a propriedade privada de empresas de serviços,
alguns fabricantes e setores ligados ao comércio exterior. O monopólio do
Ministério do Comércio Exterior foi quase eliminado e ministérios de diferentes
ramos industriais e agrícolas foram autorizados a realizar suas próprias
operações sem a intervenção da burocracia central.
O outro aspecto da reforma burguesa dos burocratas
pró-ocidente foi introduzido em 1988. A Glasnost (transparência, abertura) era
funcional para a aplicação da perestroika. Conceder certa liberdade de
expressão para a direita ligada ao imperialismo (especialmente aos elementos
mais restauracionistas da burocracia para pressionar os conservadores) e também
liberdade de religião (fortalecendo especialmente o cristianismo ortodoxo
retrógrado). Este fator da contra-revolução vai explicar o enorme crescimento
político de personalidades como as de Boris Yeltsin, e do próprio Putin.
Em 1991 Gorbachev declarou que a "construção do
socialismo" não era mais possível, que uma rápida transição para o
mercado, a entrada no FMI e um modelo de "economia aberta" eram
necessários. Em dezembro daquele ano, após o fracasso em agosto de um golpe de
Estado muito mal organizado pelo “Bando dos Oito“ generais linha dura, foi
declarada a dissolução final da URSS.
Os Genuínos Trotskistas souberam apoiar criticamente a
tentativa do Golpe de Agosto contra Gorbachev como uma última chance para dar
uma sobrevida ao Estado Operário, enquanto o proletariado poderia ganhar um
pouco de tempo para impulsionar a revolução política diante da catástrofe
restauracionista que se vislumbrava no horizonte da antiga URSS. Entretanto já
era muito tarde para derrotar a ofensiva imperialista, embalada em Moscou como
“revolução democrática”. Gorbachev foi destituído não pelo Golpe de Estado dos
generais stalinistas, mas sim pela contra-revolução triunfante liderada pelo
falastrão Yeltsin. Se hoje choram a morte do senil Gorbachev, desde Biden até
Putin, é porque o mercado global capitalista foi o grande beneficiado com o
amálgama da Glasnost e Perestroika.