O fenômeno Social Democrata de esquerda, que empolgou os
reformistas do mundo inteiro, mais conhecido na Inglaterra como “Corbynismo”,
não resistiu a uma derrota eleitoral histórica do Partido Trabalhista. A cúpula
trabalhista britânica confirmou neste último final de semana, o início do
processo político para substituir o líder da sigla, Jeremy Corbyn. Diante da
derrota histórica sofrida para o Partido Conservador nas recentes eleições
parlamentares, Corbyn pediu que seu sucessor seja eleito até o final de março.
Segundo o jornal “The Guardian”, a secretária-geral dos trabalhistas, Jennie
Formby, escreveu ao Comitê Executivo do partido para tratar de um cronograma da
sucessão, com a recomendação de que o processo se inicie em 7 de janeiro de
2020. A deputada neoliberal Rebecca Long-Bailey é a favorita na corrida
sucessória no interior do partido, embora não tenha declarado oficialmente sua
candidatura. A eleição geral da última quinta-feira (12/12) que girou em torno
da saída do Reino Unido da União Europeia(Brexit), assistiu o Partido
Trabalhista sofrer seu pior resultado desde 1935. Muitos dos apoiadores de base
do Trabalhismo que querem o desligamento do bloco europeu votaram com os
conservadores de Boris Johnson. Os trabalhistas perderam 59 assentos, fazendo
desmoronar o chamado “muro de tijolos vermelhos”, o cinturão de cidades
industriais do centro-norte inglês que costumavam eleger trabalhistas nas
últimas muitas décadas. Corbyn se disse “muito triste”, mas não pediu desculpas
ou mencionou qualquer autocrítica pela humilhante derrota. Com o triunfo do
resultado, o primeiro-ministro neofascista Boris Johnson continuará à frente do
governo e deve aprovar com facilidade o brexit até 31 de janeiro, conforme
prometeu. Boris deve realizar a votação do acordo de saída no Parlamento
britânico ainda antes do Natal, para em seguida começar a negociar um acordo
comercial com o bloco europeu que esteja finalizado até dezembro de 2020. Com
este final político desastroso para os trabalhadores britânicos, sob a condução
de um governo imperialista da extrema direita, também chegou ao fim a curta
trajetória supostamente “radical” de Corbyn. Porém, a história de sua
“intransigência esquerdista” é um verdadeiro “conto de fadas socialista” para
os tolos e reformistas. Para conquistar a liderança do Trabalhismo, Corbyn foi
induzido a desistir de muitas das posições que mais ameaçavam os negócios do
Estado imperial britânico, entre elas, estava a oposição constante à
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mísseis balísticos
intercontinentais (Trident) e a própria adesão à UE. Os seguidores de esquerda de Corbyn sofreram
aqui uma tremenda decepção, ao saber que ele entregará passivamente o comando
do partido para uma ala abertamente neoliberal e conservadora, o “Blue Labor”.
A derrota e capitulação de Corbyn é a reprodução política em menor escala da
conduta do MAS boliviano frente ao golpe de Estado, reflete a impotência
histórica da Social Democracia, seja em países imperialistas ou imperializados.
Os revisionistas de todos os calibres, do PTS argentino, passando pelo PSOL até
chegar no PSTU, que apostaram todas as fichas na imaginária radicalização do
Corbynismo, devem estar envergonhados pela postura covarde de seu “líder” em
rota de fuga para não enfrentar o neofascismo com os métodos do proletariado no
terreno da luta de classes.