“Vou acabar com todas estas bobagens e vamos fazer (o
Brexit) a tempo, em 31 de janeiro, sem ‘sim, sem ‘mas’, sem ‘talvez’”, afirmou o
ultra-direitista Boris Johnson eufórico nesta sexta-feira, 13, antes de um
encontro com a rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham para receber a
missão de formar o governo. O direitista Johnson apostou na convocação de
eleições antecipadas para esmagar o Trabalhismo no final de 2019 e impor a
saída da Inglaterra da UE como parte de uma plataforma da extrema-direita. O
Partido Conservador conseguiu a eleição de 363 deputados, 45 a mais que em
2017, em uma Câmara de 650 cadeiras. Esta é a maior vitória conservadora desde a
era Margaret Thatcher em 1987. Por sua vez, o Partido Trabalhista, liderado
por Jeremy Corbyn, perdeu 59 deputados e terão 203 cadeiras na nova
legislatura. O impotente Corbyn declarou que iniciará “uma reflexão interna” e
não vai liderar o partido nas próximas eleições. Agora, Johnson poderá
apresentar na próxima semana seu acordo de “Brexit” ao novo Parlamento, sob a
forma de um projeto de lei que o traduza para a legislação britânica. Como
afirmamos anteriormente, esse desfecho tem consequências diretas no processo de
reorganização do fascismo europeu, agora impulsionado em uma escala estatal em
países como EUA, Inglaterra e Brasil. É óbvio que muito além das questões
institucionais, está em jogo poderosos interesses de mercado do imperialismo
ianque, que apontavam para manter a subordinação comercial da Europa a
indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel econômico da Grã-Bretanha
(UK), um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum europeu. Os
Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do capital
financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não podemos
assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista avançar em grande
escala com o triunfo do “Bretxit” pelas mãos de Boris Johnson diante da
impotência da social-democracia de “esquerda”. Sabemos historicamente que o
nazismo necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar"
seus concorrentes imperialistas "democráticos", a Inglaterra pode
servir de escada para esta escalada mundial, ao contrário da Alemanha atual que
não possui contingente militar autônomo da OTAN. Uma prova contundente que a
vitória do “Brexit” abriu a senda para reorganização do imperialismo fascista
europeu foi a reação dos partidos de extrema-direita. Após o Reino Unido
decidir sair da União Europeia, líderes da extrema-direita nacionalista de França,
Holanda, Itália e outros países também afirmaram que iriam pedir referendos
para deixar o bloco. A recente vitória da ND na Grécia derrotando o Syriza em
mais um capítulo do que afirmamos. Por sua vez, o Partido Trabalhista em 2016
envidou todos seus esforços políticos e materiais pela vitória do
"SIM", com seu "renovado" líder de "esquerda",
Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas anti-recessivas" e
"mudanças políticas" na política conservadora da cúpula estatal
europeia. Depois, tentou capitalizar a crise do governo May mas foi a
extrema-direita que ganhou terreno.
Como podemos observar, continua ascendente a tendência
política de deslocamento à direita na Europa, com o avanço do nefascismo que
questiona pela direita a representatividade da democracia burguesa. Este
caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no nível de consciência das
massas, um giro à direita no terreno da política e um retrocesso no campo da
cultura que vem crescendo desde a queda contrarrevolucionária do Muro de Berlim
e a vitória da restauração capitalista na URSS. Nesse sentido, é preciso
alertar, preparar e organizar o proletariado e, particularmente, sua vanguarda
mais combativa para um período de fascistização dos regimes e de mais aventuras
militares neocolonialistas. Este processo reacionário está baseado em um
profundo retrocesso na consciência do proletariado (apesar do revisionismo do
trotskismo caracterizar que “revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e
somente pode ser barrado com a resistência operária e popular aos planos do
imperialismo, apontando a Ditadura do Proletariado como alternativa
revolucionária à crise do capital e seu regime político senil, o que para os
comunistas se materializa por erguer em alternativa ao fascismo ascendente a
palavra de ordem pela "União das Repúblicas Socialistas da Europa". A
materialização deste longo e paciente combate passa pela construção de um
partido internacionalista e revolucionário que lute por derrotar a União
Europeia imperialista, sob a qual a vida das massas converte-se em uma bárbara escravidão,
para edificar em seu lugar uma União das Repúblicas Socialistas da Europa,
forjando a única saída verdadeiramente progressista para o velho continente.