EDITORIAL DO JORNAL LUTA OPERÁRIA Nº 345: 2019... UM ANO DE PROFUNDAS DERROTAS PARA OS TRABALHADORES
Chegamos ao final de 2019 fazendo o balanço marxista que
este ano foi marcado por profundas derrotas para os trabalhadores no Brasil e
no mundo. Ainda que tenhamos mobilizações importantes em curso na América
Latina, como no Chile ou mesmo na Europa, com a greve geral francesa, a
ausência de uma direção política com peso de massas e autoridade política impediram
que essas lutas ganhassem um caráter revolucionário rumo a tomada do poder
pelos trabalhadores. As traições das direções políticas e sindicais dos
explorados, seja pelas mãos do nacionalismo burguês, do reformismo ou das
Frentes Populares têm levado os combates para o beco das derrotas ou, no máximo,
a limites que impedem a superação das ilusões na democracia burguesa. Foi isso
que vimos de janeiro a dezembro em várias ocasiões, as quais as mais marcantes
foram levante no Equador, o Golpe de Estado na Bolívia contra Evo Morales (MAS)
e as manifestações espontâneas do “Movimento Sardinhas” na Itália neste segundo
semestre. No Brasil, a aplicação do brutal ajuste neoliberal pelo governo
Bolsonaro, com a aprovação sem luta da contra(reforma) da previdência foi
facilitado enormemente pela paralisia imposta pela CUT e o PT. O fechamento da
Fábrica da Ford no ABC (berço do Lulismo) é um exemplo concreto do que
afirmamos. Nesse quadro de defensividade, o regime Bonapartista de exceção
avançou a passos largos em nosso país com a posse de Bolsonaro, tanto que o
pacote repressivo de Moro foi aprovado com os votos do PSOL, PT e PCdoB no
parlamento, o que demonstra a impotência da “esquerda” domesticada em enfrentar a ofensiva
reacionária em curso! O retorno da centro-esquerda burguesa a Casa Rosada na
Argentina, apresentado pelos reformistas como um “fôlego” na onda conservadora
que assola o continente mostrou-se já no seu início uma fraude. Alberto Fernández
e Cristina Kirchner começaram a aplicar ainda no apagar de 2019 um plano de
guerra contra os trabalhadores ao mesmo tempo que costuram um “Pacto Social”
coma burocracia sindical da CGT e CTA.
Por sua vez, a guerra comercial que o imperialismo ianque
desenvolve contra a China, Rússia e a UE revela que a Casa Branca tem o
controle hegemônico da economia mundial, tendo como retaguarda seu poderio
bélico e as reservas de ouro que protegem o coração do mostro imperialista das
investidas de seus adversários mais poderosos. Nesse marco, a chantagem contra
Trump via o impeachment aprovado há poucos dias na Câmara dos Deputados é
apenas um passo importante na demonstração de forças que os falcões Democratas
deram ao fanfarrão republicano. Reclamam que ele não avançou em nenhuma
agressão militar contra a Rússia, Coréia do Norte ou mesmo Venezuela. O cenário
norte-americano aponta cada vez mais para a fascistização do regime político,
ancorado em uma arena mundial onde a extrema-direita ganha força em todo mundo,
particularmente na Europa com a vitória de Boris Johnson e seu “Brexit” na
Inglaterra e o crescimento de grupos nazistas na Itália, França e na grande
maioria de países do velho mundo.
Desgraçadamente a chamada “esquerda” nos últimos 30 anos, particularmente
após a destruição contrarrevolucionária do Muro de Berlim e o fim da URSS em
1991, com a restauração capitalista no Leste Europeu, pavimentou esse caminho
de desmoralização política, ideológica e cultural entre a vanguarda classista.
Deixou de lutar pela Revolução Proletária. A defesa da destruição do Estado
burguês por uma insurreição de massas sob a direção de um Parido Comunista como
pregam Marx, Engels, Lênin, Trotsky e Rosa Luxemburgo foi substituída pela
reivindicação da “justiça social” no marco do regime político burguês e por
políticas compensatórias por um “capitalismo menos desigual”. Até mesmo as
direções guerrilheiras como as FARC, abriram mão da luta em armas contra a
burguesia na Colômbia e, em nome de um “estado de bem viver”, se integram a
farsesca democracia dos ricos.
Chegamos ao final de 2019 com uma perspectiva de um ano novo
muito duro para os explorados e oprimidos. A pressão golpista contra o governo
de Maduro na Venezuela, que acaba de enfrentar mais uma tentativa de levante
armado por tropas militares que se venderam ao Casa Branca revela que o cenário
de desestabilização do regime chavista tende a se aprofundar, o mesmo podemos
dizer da Nicarágua de Daniel Ortega (FSLN) que neste ano e em 2018 foi alvo de tentativas
de golpe via a chamada “guerra hibrida”, a mesma ofensiva pseudodemocrática que
Trump vem levando contra a China via as manifestações em Hong Kong,
desgraçadamente apoiadas pela esquerda em geral e os pseudo trotskistas em
particular (PTS, PO, Tendência de Altamira, LIT, UIT, CWI-CIT). Esta mesma
plêiade revisionista havia celebrado o fim da URSS, a queda do Muro e, mais
recentemente a farsesca “Revolução Árabe” que levou a barbárie na Líbia com o
assassinato de Kadaffi pelos “rebeldes” da OTAN.
Ocorreram neste ano rupturas em diversos grupos que se
reivindicam trotskistas (PO argentino, CWI-CIT de Peter Taaffe
ou mesmo na LIT). Foram rachas à direita que chegaram a abrir mão formalmente
do Programa de Transição e da concepção marxista da luta de classes entre
burguesia e proletariado como motor da história para aderirem ao
“identitarismo”, as teses reformistas da socialdemocracia de “esquerda” e a
estruturação de organizações horizontais avessas ao centralismo democrático e a
disciplina de combate. Essas rupturas são reflexo direto desse período de
retrocesso político e ideológico que vivemos, que em 2019 se aprofundou ainda
mais.
Dizer a verdade as massas por mais dura que ela seja, como
nos ensinou nosso mestre Leon Trotsky, faz-se necessário neste final de ano,
até para reforçar a necessidade da construção de um Partido Revolucionário
baseado no Programa de Transição e na concepção Leninista de organização
bolchevique que defenda a Ditadura do Proletariado. Mesmo molecularmente e com
nossas limitadas forças dedicamos esse ano a manter firme e viva a luta da LBI
em defesa do Marxismo Revolucionário em pleno século XXI. Um exemplo foi a
campanha que fizemos nos 50 anos da morte de Marighella, pela liberdade de Julian
Assange e Lula ou a ida da Brigada militante Leon Trotsky a Venezuela, além do
lançamento de vários livros para a militância intervir na luta de classes.
Debutamos celebrando os 60 anos da Revolução Cubana, defendo incondicionalmente
o Estado operário burocratizado pela direção castrista. Convocamos a vanguarda
classista a cerrar forças conosco na luta por enfrentar o governo do
neofascista Bolsonaro-Moro-Guedes e seu regime Bonapartista de exceção assim
como a política de colaboração de classes da Frente Popular comandada por Lula
e o PT para nessa trincheira bolchevique construir uma alternativa de direção
comunista para os trabalhadores no Brasil e no Mundo!