Tão logo ganhou manchetes que Karol Eller, a youtuber de extrema-direita amiga de Bolsonaro, foi supostamente atacada com sua namorada (uma policial civil) em uma briga de rua, a esquerda reformista como o PCdoB e grupos revisionistas do Trotskismo
(Resistência e PSTU) saíram imediatamente em sua defesa alegando que se tratava
de uma agressão homofóbica. Lançaram memes na internet e fizeram artigos tendo
como eixo que a “luta contra a LGBTfobia não tem ideologia” e prestando
solidariedade a bolsonarista Karol. Quanto ao PCdoB, que há poucos dias tinha
se solidarizado com a neofascista Joice Hasselman pelas mãos de Manuela D´ávila não
há nenhuma surpresa, mas grupos que se dizem Trotskistas atuarem da mesma forma
é digno de nota e... combate político e ideológico! No depoimento dado a polícia
pela youtuber, ela alega que sofreu as agressões por preconceito contra a sua
orientação sexual. O agressor, por sua vez, conta uma versão diferente, de que
ela estava armada e teria ficado com ciúmes porque ele conversou com sua
namorada. Não vamos entrar no mérito das versões apresentadas (apesar das
imagens filmadas desmontarem a farsa montada por ela) mas no que realmente
interessa para os Comunistas: a posição de setores da esquerda em apoiar
incondicionalmente uma Bolsonarista alegando que a solidariedade a uma LGBT
está “acima das ideologias”. Para os Marxistas Revolucionários a solidariedade
tem um caráter de classe e não está acima das opções políticas e ideológicas
das pessoas. Esse é o critério dos Trotskistas mas grupos como Resistência e
PSTU passam longe de adotarem um programa revolucionário marxista
principalmente quando se trata da chamada “opressão de gênero”. Assumem a
concepção “identitarista”, próprio das chamadas “novas vanguardas” que para
esses revisionistas são movimentos que estão acima da luta de classes. A
solidariedade a uma Bolsonarista é a expressão clara dessa adaptação
policlassista própria da social-democracia, da chamada “esquerda identitária”
que tem o PSOL como farol irradiador no Brasil. De nossa parte, Karol Eller não
terá nenhuma solidariedade, não é uma das nossas combatentes pelos direitos
LGBT, das mulheres, negros e da classe trabalhadora, ao contrário, é uma
inimiga de classe que inclusive fez campanha para Bolsonaro e ataca o movimento
LGBT, reproduzindo o discurso reacionário de que não existe LGBTfobia no país e
de que tudo não passa de “vitimismo”. Não por acaso ganhou da “famílicia”
Bolsonaro um cargo na EBC com um salário acima de R$ 10 mil para propagar sua
plataforma neonazista!
O mais grave é que além de defender essa militante
Bolsonarista grupos como Resistência e PSTU aproveitaram o episódio para atacar
a esquerda que não comunga com suas teses "pós-modernas", deformando as posições que questionam a linha revisionista dessas correntes. No site Esquerda On
Line ao mesmo tempo em que defende Karol alegando que “Solidariedade contra a
LGBTfobia não escolhe ideologia” (18.12) a Resistência vocifera “A esquerda que
aplaude isso não representa uma esquerda coerente com a luta frontal contra
Bolsonaro, suas políticas, suas declarações e seu conservadorismo. E a
tendência dessa esquerda é que apoie qualquer ato de agressão contra quem tiver
uma opinião diferente em um momento mais acirrado da luta de classes. Essa
lógica moral de que ‘os fins justificam os meios’ já foi vista por muitas vezes
na história e sempre esteve em consonância com regimes políticos autoritários”.
Como pode-se ler os militantes revolucionários não podem mais recorrer a
violência contra os fascistas, teriam que “respeitar” as provocações da
extrema-direita em nome de uma convivência “civilizada” com essa escória reacionária
que também reside entre os LGBT, como é o caso de Karol Eller. Já o PSTU pede
“Punição já ao ataque LGBTfóbico contra a youtuber Karol Eller” e declara “É
preciso repudiar esse ataque, exigindo a identificação imediata e punição
exemplar do agressor por essa tentativa de homicídio”. Não é papel da esquerda,
ainda mais correntes que se reivindicam trotskistas, ser grupo de pressão em
defesa de uma reacionária que defende a eliminação física dos nossos militantes
e o governo Bolsonaro! Muito menos defendemos que a PM e a Justiça burguesa
“punam exemplarmente” alguém que está envolvido na farsa montada por Karol. Os
revolucionários defendem consignas democráticas pela igualdade de direitos
entre os sexos, mas não mentem para as trabalhadoras dizendo que terão seus
sofrimentos derivados da opressão e da exploração de classe solucionados dentro
do capitalismo e menos ainda disseminam ilusões de que o aprimoramento do
aparato repressivo capitalista trará melhor sorte para elas.
Toda saída para o problema da opressão de gênero por dentro
da democracia burguesa, como defendem o reformismo e o revisionismo do
trotskismo, conduz à divisão do proletariado entre gêneros distintos, ao
recrudescimento e ampliação do aparato repressivo estatal contra os trabalhadores.
A “esquerda” revisionista como PSOL e PSTU e seus satélites como o MRT-LER,
além obviamente da própria frente popular (PT, PCdoB), sempre defende as
“mulheres” (independente do caráter de classe) em geral via rígida aplicação da
“Lei Maria da Penha” e as delegacias especializadas, tudo isso sem nenhum
critério de análise marxista. Quando uma mulher ou LGBT é assassinada ou
agredida, ainda que seja burguesa, bolsonarista ou faça parte de seu submundo
neonazista, esta esquerda sem os menores princípios de classe, reivindica que o
Estado capitalista intervenha como resolução policial para estes casos,
configurando um campo completamente distante da luta de classes e do Marxismo
Revolucionário. Devemos lutar pela superação do machismo que nasceu com a propriedade
privada, do feminismo policlassista e da mercantilização das relações pessoais,
que só será plenamente realizada com a abolição do modo de produção
capitalista, por meio da revolução socialista, destruindo qualquer forma de
opressão contra as mulheres trabalhadoras e a exploração de classe... Esse
programa é o oposto do que defendem a Resistência e o PSTU que não passam de
correntes que a passos largos vão abrindo mão do Marxismo e adotando o
“identitarismo” como móvel programático para intervir nos movimentos sociais.