O Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) realizou
eleições nos dias 27 e 28 de novembro para a renovação de sua diretoria. Duas
chapas concorreram, a chapa 1 representando o setor “independente” da atual
direção, e a chapa 2 agrupando o grupo da esquerda revisionista MRT (antiga
LER), vinculado a tendência internacional encabeçada pelo PTS argentino. Vale
lembrar que o MRT compunha há vários anos a gestão do SINTUSP com o mesmo setor
“independente” que organizou a chapa 1, liderado por Magno Carvalho, um antigo
militante do PRC nos anos 80 e que há muito tempo não tem filiação orgânica com
nenhuma corrente da esquerda socialista. O resultado das eleições foi
particularmente desastroso para o MRT, que obteve pouco mais de 30% dos votos,
contra cerca de 70% da fração que se diz “independente”, embora este setor atue
no último período como uma espécie de apêndice autônomo do PSTU no movimento
sindical, mais particularmente no interior da CONLUTAS a qual o SINTUSP ainda
faz parte. A história do MRT está indissoluvelmente ligado à USP, surgiram como
um pequeno grupo de estudantes em meados dos anos 90, e passado quase três
décadas só conseguiram assento sindical até hoje na própria diretoria do
SINTUSP, onde acabam de ser “desalojados”. Mesmo nunca sendo hegemônicos na
direção do SINTUSP, o MRT veiculou por mais de uma década sua política
revisionista como a “marca” do sindicato nos movimentos sociais, muito mais em
função da inconsistência programática do setor que se reivindica
“independente”. Em quase todas as manifestações e atos do movimento de massas o
MRT conseguia aprovar o seu “texto” como sendo a posição oficial do SINTUSP,
porém isso agora acabou e o grupo revisionista não tem nenhuma outra direção
sindical para assinar suas “declarações políticas”, revelando assim sua
completa falta de inserção no seio da classe trabalhadora. A campanha eleitoral
do MRT no SINTUSP expressou de maneira sindical toda a essência oportunista do
grupo, que em todo processo afirmou que não tinha “grandes divergências políticas”
com o setor de Magno e que não entendia a razão de sua exclusão da chapa dos
“independentes” que contava inclusive com ex-militantes da LER. Sem nenhuma
delimitação programática e política com a chapa 1, e apelando a todo momento de
forma humilhante pela “unidade final”, a categoria acabou optando pelo setor
mais identificado com a luta concreta dos trabalhadores e não com o “grupo de
“estudantes&funcionários” que frequentam mais a “Vila Madalena” do que os
próprios campi da USP. A diluição no
sindicalismo economicista de um lado e a tentativa de “aparelhamento” político
artificial por outro, foram os dois motivos principais que levaram a dura
derrota da chapa do MRT no SINTUSP. Por sinal o “partido mãe”, o PTS, vem em um
curso ascendente de desintegração ideológica do Marxismo Leninismo, aderindo as
teses pós-gramicianas de conquista do
poder político proletário pela via interna (institucional) do próprio Estado
Burguês, ou seja uma adesão programática ao cretinismo parlamentar já muito
conhecido no Brasil pela trajetória do PT. Mas assim como na Argentina onde
adoção desta estratégia revisionista do Programa de Transição resultou em um
retumbante fiasco eleitoral da FIT (PTS), na USP a tentativa de dissolução do
MRT no setor “independente” liderado por Magno, em função de tentar manter a
qualquer preço seus cargos na direção sindical, redundou em um fracasso total
da chapa 2. Seguindo a orientação “pós-moderna” do PTS, o MRT se converteu no
Brasil em uma insignificante tendência externa do PSOL, com a mesma plataforma
de capitulação à Frente Popular de colaboração de classes. Com o discurso de
apologia da democracia como valor universal, o MRT vai do apoio às
manifestações pró- imperialistas em Hong Kong, passando pelo suporte que deram
a OTAN contra a Síria, até a inútil exigência que a justiça golpista do Estado
Burguês puna os responsáveis pelo assassinato de Marielle Franco... Tudo em
nome é claro da defesa da democracia e suas instituições apodrecidas.