O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, principal
aliado do PT no interior do PSB, é mais um alvo de lawfare do regime
bonapartista de exceção, através da expedição do mandado de prisão preventiva
da Operação Calvário, da Polícia Federal, que cumpriu nesta manhã (17/12) 54
mandados de busca e apreensão e 17 mandados de prisão preventiva. A
justificativa esfarrapada da Polícia Federal foi a de que o objetivo da operação seria combater uma
“organização criminosa” atuante em desvio de recursos públicos destinados aos
serviços de saúde no Estado da Paraíba. Ricardo Coutinho está fora do país e
não havia sido detido ainda, porém o teatro montado pela Polícia Federal chegou
a solicitar à Interpol a inclusão do
nome dele na lista de procurados, como se fosse um traficante internacional
foragido. Não temos a menor dúvida que a prisão do ex-governador da Paraíba
corresponde politicamente a um cerco jurídico e policial da burguesia ao PT e
ao próprio Lula, desta vez atingindo um importante aliado no seio da chamada
Frente Ampla, neste caso um destacado dirigente do PSB. Também não duvidamos
que de fato deve ter ocorrido corrupção no governo de Ricardo Coutinho, como no
sistema capitalista é comum a todos os governos em todas as esferas do Estado
Burguês, desde a época em que a família “real” portuguesa desembarcou no
Brasil. Passando por todos os governos republicanos da história do país, de
Deodoro até Sarney, de FHC até o neofascista Bolsonaro a corrupção é endêmica a
todas as gerências estatais que administram os negócios capitalistas, sem uma
única exceção! Porém debitar na conta da Frente Popular o “mar de lama que
emporcalha o Brasil”, como faz à farsa da Lava Jato, é potencializar o
instrumento da extrema direita contra a esquerda reformista e o conjunto das
garantias democráticas que o regime burguês formalmente ainda sustenta. Os
Marxistas Leninistas não pretendem liquidar o “câncer” da corrupção capitalista
pelas mãos da Polícia Federal e tampouco da justiça patronal, como
desgraçadamente almejam os revisionistas do PSTU e PSOL. Somente a revolução
socialista proletária (seus organismos de poder operário) será capaz de julgar e
punir a burguesia corrupta e os agentes políticos que se beneficiaram com a
fome do povo. Por isso não “engrossaremos o caldo” da repressão
neofascista em nome da “moralidade
pública”. Defendemos a liberdade de Ricardo Coutinho, sem depositar nenhum aval
político em sua trajetória de gestor estatal ou dirigente do PSB. Por outro
lado alertamos que o cretinismo parlamentar do PT, PSOL, PCdoB e PCO, seguindo
fielmente a estratégia de Lula de voltar “tranquilamente” ao Planalto pela via
das eleições de 2022, é uma senda que semeia grandes derrotas para os
trabalhadores, pavimentando o recrudescimento do regime bonapartista, inclusive
com a possibilidade concreta de um golpe militar para “desativar” o tão sonhado
calendário eleitoral. Enquanto o núcleo neofascista ganha cada vez mais
musculatura, através do governo Bolsonaro, bancado fortemente pelo imperialismo
ianque, os reformistas alardeiam passivamente o fracasso do capitão e sua
iminente derrota eleitoral. A história da luta de classes já provou fartamente
que a disseminação das “ilusões democráticas” em períodos de ascensão
nazifascista só conduziu a monumentais desastres para o proletariado. O
neofascismo deve ser combatido e derrotado pela ação direta e revolucionária da
classe operária e não pela trilha das eleições burguesas do sistema
capitalista.