domingo, 29 de dezembro de 2019

PCdoB... ABANDONOU O STALINISMO PELA DIREITA, ROMPEU COM O MAOÍSMO E AGORA ESTÁ ÀS VÉSPERAS DE DEIXAR FORMALMENTE DE SER COMUNISTA


Depois que a imprensa anunciou amplamente que o PCdoB havia decidido não ter mais a foice e o martelo como símbolos do Partido em nome de impulsionar o “Movimento 65” onde a cor vermelha seria substituída pelo verde-amerelo, a direção da legenda ex-stalinista logo resolveu explicar que não era bem assim. Recorrendo ao malabarismo político próprio de uma sigla que tem aliados partidos burgueses de direita como o DEM em vários estados, onde seu governador Flávio Dino tem como vice um empresário do PRB, representante da base evangélica do neofascista Bolsonaro, veio a “explicação”: “As escassez de notícias políticas entre o Natal e o Ano Novo fez brotar neste sábado (28) a fantasiosa informação de que o PCdoB estaria de mudança para outra identidade, abrindo mão de sua trajetória centenária e até deixando de se chamar Partido Comunista. Tudo porque o partido lançou na reunião de sua direção nacional, realizada no início de dezembro, o Movimento 65, que se direciona a acolher filiações democráticas de lideranças de feições políticas e ideológicas amplas e comprometidas com uma plataforma patriótica, democrática e progressista para as cidades e o país”. Na verdade o PCdoB há muito tempo abriu mão de qualquer luta pelo Comunismo e a Revolução Proletária, desde que aderiu ao Stalinismo, o abandonou pela direita e depois alinhou-se ao Maoísmo, rompendo mais uma vez em uma guinada social-democrata. A guinada socialdemocrata do PCdoB, ocorrida no início dos anos 90, o fez abandonar os pressupostos do Marxismo-Leninismo, formatando um partido de filiados sem o menor comprometimento ideológico e militante. Nesta inflexão de classe, o partido de João Amazonas passou a acolher personalidades políticas burguesas, com potencial eleitoral para “ajudar” os ex-estalinistas a ocuparem vagas no parlamento. Logo depois da queda do Muro de Berlim e da dissolução do Estado operário albanês no começo da década de 90, os stalinistas do PCdoB perderam completamente sua linha programática, elaborada pelo ex-maoista Enver Hoxha secretário geral do PTA. Para sobreviver em meio à crise da esquerda stalinista mundial, João Amazonas conduziu uma conversão ideológica do partido em direção à social democracia, passando o PCdoB a defender pontos que antes combatia ferozmente, como a aliança política com o PT e a entrada na CUT. Também na arena internacional houve profundas mudanças, como a defesa que o PCdoB estabeleceu em seu congresso acerca do Estado operário cubano, no sentido da apologia das “reformas de mercado”, anteriormente criticada como um prolongamento da “Glasnost” e “Perestroika” soviética. Não esqueçamos que o PCdoB foi no passado uma vertente do chamado “maoísmo de esquerda” que chegou a denunciar a URSS como “socialimperialista” e caracterizar Fidel Castro de contrarrevolucionário, para atualmente sem nenhum critério Marxista, apresentar Cuba como o novo “farol do socialismo”. Nos últimos trinta anos o PCdoB seguiu nacionalmente a reboque da política PT, inclusive abraçando as teses da Social Democracia, desde a queda do Estado Operário da Albânia. Com a morte de João Amazonas no início de 2002, o PCdoB voltou a se alinhar com a China, antes caracterizada como centro revisionista do Social Imperialismo e agora em plena fase de restauração capitalista seu regime econômico é considerado como “um autêntico socialismo”, o que deve ter causado “tremores no túmulo” do velho dirigente. O descarte do símbolo é apenas um “detalhe” e questão de tempo, expressão de uma enorme concessão política em tempos de ofensiva neofascista. 




Na vanguarda desse “movimento” de auto-diluição encontra-se Manoela D´avila e Luciana Santos que inclusive lançaram o “Comuns”, uma “plataforma não-partidária” horizontal antileninista que copia o social-democrata “Podemos” espanhol. Lembremos que ameaçado de perder a milionária verba estatal do Fundo Partidário, que para ser justo não é só uma “prioridade máxima” dos ex-stalinistas mas também de toda a esquerda reformista integrada ao regime como o PSOL, PCO e até mesmo o PSTU, o PCdoB foi em busca de “alternativas” para escapar da “falência comercial”. Logo surgiu a fusão com o PPL. O PCdoB que tem em comum com PPL o abandono da teoria Leninista, apesar de ainda manter formalmente o símbolo comunista da “foice e martelo”, trilhou a vereda da Frente Popular de colaboração de classes desde que assumiu a defesa da candidatura de Lula em 1989. Porém para os objetivos “comerciais” da fusão, pouco importou se o PCdoB estava agitando o “Lula Livre!”, e o PPL fazendo a grotesca apologia do “Lula é ladrão, que apodreça na prisão!”. Agora com o “Movimento 65” o PCdoB dá um passo a mais em sua completa diluição política para ser mais uma legenda burguesa de aluguel.

Não é a primeira vez que a direção do PCdoB abre as portas do partido para figuras corruptas e criminosas da política burguesa, como foi o caso em 2007 da filiação do senador Leomar Quintanilha, grande latifundiário do estado de Tocantins e ex-membro da UDR. Mais recentemente, em 2014, o PCdoB ofereceu a vaga de vice-governador para o tucano Carlos Bradão (PSDB) na chapa do ex-deputado Flávio Dino no Maranhão, que foi eleito governador, em uma reunião que teve a presença como “padrinho” do acordo nada menos do que a figura do então presidenciável Aécio Neves, representante maior da escória burguesa em nosso país. Recordemos recentemente o escandaloso caso do prefeito filiado ao PCdoB, José Hilson de Paiva, médico da cidade de Uruburetama no interior do Ceará que estuprava e abusava sexualmente de mulheres atendidas em seu consultório. Esse fato é uma expressão bizarra e simbólica da completa degeneração de uma organização ex-stalinista que ao longo dos anos se converteu em uma legenda que abriga oligarcas reacionários e até mesmo políticos burgueses estupradores, processo que agora vai se ampliar com força.  

O ocaso do PCdoB é, sem dúvida, produto da imensa ofensiva ideológica do imperialismo pós-queda do Muro de Berlim e destruição da URSS. Sem qualquer referência política no comunismo, sua atual direção integrou-se de mala e cuia à “democracia” capitalista, deixando de ser um partido estalinista para transformar-se numa legenda de aluguel disponível a qualquer burguês que se interessar em comprá-la. Nem mesmo o nome “comunismo” espanta a classe dominante, porque não há a menor relação ideológica entre este partido e um programa revolucionário. Os “comunistas” do PCdoB, não é de hoje, sempre estiveram a serviço da burguesia e das oligarquias regionais mais reacionárias, tanto que apoiaram Sarney, Tasso Jereissati, Collor, Jader Barbalho e Renan Calheiros já época da mal-chamada “Nova República”, o que se repete hoje sendo serviçais da Oligarquia Gomes. A política do PCdoB de aliar-se com as mais diversas frações da burguesia e a defesa das instituições do Estado capitalista não são nenhuma novidade e desnudam a total decomposição moral e política de um partido corrompido ideologicamente, plenamente adaptado ao projeto de colaboração de classes da Frente Popular. Como se vê, a legenda do PCdoB está pagando um alto preço por ser uma verdadeira “prostituta política” da burguesia. Os “Ziguezagues” programáticos do PCdoB ao longo de sua história o descredenciaram totalmente perante a vanguarda revolucionária, o respeito e admiração adquiridos com a morte heroica de seus militantes durante a Guerrilha do Araguaia e nos anos de “chumbo” da ditadura viraram pó quando o partido deliberou estabelecer as alianças conservadoras, abrigar neoliberais e filiar até mesmo oligarcas e estupradores, uma conduta podre e corrupta do ponto de vista político e ideológico que deve ser repudiada amplamente pela vanguarda classista, não por caso agora lança um “movimento” de autodiluição que vem sendo explorado pela mídia burguesa justamente porque envolve um partido que desgraçadamente ainda usa como símbolo a foice e martelo!