Em tempos sombrios, onde o neofascista Bolsonaro se utiliza
das camisas de vários times, desde o Flamengo até o Santos, passando obviamente
pelo Palmeiras, com o futebel mercadoria dominando os gramados com seus
jogadores mercenários direitistas, como o novo “ídolo nacional” Gabigol ou o
fascista Bruno Mello, nada melhor que lembrar do “Doutor Sócrates”, que faleceu
em 04 de dezembro de 2011. Ele foi o maior jogador da história do Corinthians.
O “Doutor”, como era chamado por ser formado em medicina, representava o
futebol arte não apenas por seu alto nível técnico e inteligência, mas por
combater exatamente a manipulação do futebol pela burguesia. Foi assim que
participou ativamente do movimento democrático burguês pelas “Diretas Já” em 84
e criou a chamada “Democracia Corintiana”, organismo dos jogadores pelo qual
decidiam através do voto desde a renovação e contração de jogadores até os
horários dos treinamentos e o fim do confinamento (as concentrações). Destoando
do estereótipo dos jogadores de futebol, alienados e despolitizados, Sócrates
acompanhava e se posicionava diante de importantes fatos da luta de classes,
apesar das limitações políticas e programáticas da esquerda reformista na qual
se referenciava. Um bom exemplo que marcou essa trajetória foi a inquebrantável
posição de defesa incondicional do Estado operário cubano, reafirmada com todo
vigor em sua última entrevista no programa da jornalista Marília Gabriela no
SBT que foi ao ar no dia 26/10/2011, assim como a denúncia do assassinato de
Kadaffi pela OTAN na Líbia. O futebol nacional presenciou nesse Brasileirão de 2019, diferentes situações, dois paradigmas diametralmente
antagônicos. De um lado, em pleno apogeu, o pacto empresarial que determinou o campeonato para o Flameng como consequência da
completa apropriação desta importante manifestação da cultura corporal do nosso
povo pelo grande capital, transformando-a em mercadoria e instrumento dos
interesses capitalistas. A “modernização” do futebol brasileiro nada mais
representa do que a implementação à força do futebol-mercadoria, ou seja, a
imposição de uma estrutura mercantil-mercenária dos esportes em oposição ao
entretenimento e à paixão popular que o povo tem por seu clube. Do outro, os
que lutam contra essas forças reacionárias e alienantes do futebol, tendo a
convicção, assim como tinha o “Doutor Sócrates”, da necessidade da abolição do
modo de produção capitalista através da revolução como a única forma de
garantir a emancipação de toda atividade criativa da humanidade. O combate à
mercantilização do esporte que se manifesta todo ano neste farsesco campeonato
como produto direto do pacto empresarial entre os “cartolas” de clubes que
celebram junto com o neofascista Bolsonaro deve ser feito em nome da livre
manifestação da cultura corporal-esportiva do nosso povo, o que só pode ser
concebida com a abolição do modo de produção capitalista através da revolução
proletária, após a qual estaria garantida a expansão de todo o potencial
criativo e coletivo da humanidade!