O governo imperialista alemão de Angela Merkel, através de
seu ministro das Finanças, Olaf Scholz, repudiou as sanções assinadas pelo
reacionário governo Trump contra os gasodutos em construções que transportarão
imensa quantidade de gás russo para a Europa, incluídas na lei de financiamento
do Pentágono para o próximo ano, como uma “severa intervenção nas questões
alemães e europeias”. A lei ianque extraterritorial pretende impedir a
conclusão dos gasodutos Nord Stream 2 (Rússia-Alemanha, sob o Mar Báltico) e
Turkstream (Rússia-Turquia, sob o Mar Negro), na tentativa de impor o mais caro
gás liquefeito norte-americano. O achaque de Trump também foi condenado pela
União Europeia, que declarou que “se opõe por princípio à imposição de sanções
contra empresas europeias envolvidas em atividades legais”. Na
quinta-feira (19/12) o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas,
havia sublinhado que a “a política europeia de energia é decidida na Europa,
não nos Estados Unidos”. “Nós rejeitamos intervenções de fora e sanções
extraterritoriais”. Quase pronto, o gasoduto Nord Stream 2 irá duplicar o fornecimento direto de gás natural russo
para a Europa Ocidental através da Alemanha, principal beneficiária do mega
projeto. Por sua vez o presidente turco Recip Erdogan, antigo aliado dos EUA e
membro da OTAN, reagiu durante cúpula na Malásia que reuniu a Indonésia, o Irã
e o Qatar, chamando as sanções contra o Turkstream de “violação completa de
nossos direitos”, e asseverando que “Ancara irá retaliar tal medida”. O
Turkstream foi criado como uma alternativa ao gasoduto South Stream, que foi
bloqueado em 2014 pela Bulgária, sob pressão dos EUA. A entrada em operação do
Turkstream, com capacidade para fornecer 31,5 bilhões anuais de metros cúbicos
de gás russo, está marcada para o dia 8 de janeiro do próximo ano, em cerimônia
que contará com a presença do presidente russo Vladimir Putin. A lei de
orçamento do Pentágono também sanciona a Turquia por adquirir o sistema de
defesa russo S-400. Em comunicado sobre as famigeradas sanções dos EUA contra o
Nord Stream 2, o Presidente Putin, pela voz do Ministério das Relações
Exteriores da Rússia registrou que “Washington cruzou uma linha histórica na
política externa, começando a impor sanções […] contra seus próprios aliados”.
Em entrevista ao portal de notícias RT, o vice-diretor geral para questões de
gás do Fundo Nacional de Segurança Energética da Rússia, Alexey Grivach, disse
que as ações de Trump “são absolutamente ilegais, pois sanções são direcionadas
contra pessoas de países terceiros”. Alexey observou ainda que o “imperialismo
ianque quer violar a soberania da Europa no campo da determinação da segurança
energética e obter uma vantagem injusta na competição pelo mercado europeu”. A
grande mídia e a esquerda em particular vem dando destaque a chamada “guerra
comercial” entre os EUA e a China, deixando de lado o gradativo “cerco
econômico” que Trump vem imprimindo contra a Rússia, seu principal adversário
militar na arena da geopolítica mundial. A asfixia do regime bonapartista de
Putin, principalmente no que tange às relações comerciais com a Europa,
principal fonte econômica da Rússia, é uma das prioridades do Pentágono. Os
Marxistas Leninistas que lutaram contra a restauração capitalista na antiga
URSS, que suprimiu uma série de conquistas históricas do proletariado russo,
não nutrem qualquer simpatia política pelo conservador governo Putin. Porém não
somos estupidos para desconsiderar os atritos reais entre o imperialismo ianque
e o atual regime nacionalista burguês vigente na Rússia. Neste sentido,
mantendo o foco de combate no principal inimigo dos povos, o imperialismo
ianque e seu atual governo de extrema direita, rechaçamos vigorosamente as
sanções de Trump contra a Rússia e que atingem até aliados antigos dos EUA.