A mafiosa Agência Mundial Antidoping (Wada) decidiu excluir
a Rússia de grandes competições esportivas durante quatro anos alegando
cinicamente “falsificação de dados dos controles entregues à entidade”. Assim,
o país não poderá ser representado nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e de
Inverno de Pequim 2022, além de Mundiais de todas as modalidades, o que inclui
a Copa do Catar 2022. A Rússia também não poderá organizar disputas desse nível
em seu território. O COI acaba de declarar que apoia a decisão da Wada desta
segunda-feira, reforçando que já havia anunciado o alinhamento para seguir o
estipulado pela entidade antidoping. A suspensão também é estendida a membros
do Governo da Rússia e dirigentes esportivos do país em todas as modalidades. O
presidente russo, Wladimir Putin, reagiu indignado à decisão “Estamos
observando um alarmante retrocesso com a interferência da política no esporte.
Sim, as formas desse tipo de interferência mudaram, mas sua essência continua a
mesma: pretende transformar o esporte em instrumento de pressão geopolítica, para
promover uma imagem negativa de alguns países e povos”. Sem dúvida trata-se de
um ataque direto não só ao esporte em geral, mas a Rússia em particular,
adversária dos EUA no campo político e militar, além de historicamente
principal concorrente nos jogos olímpicos, produto de uma valiosa herança das
conquistas sociais oriundas da antiga URSS. Forçando a saída da Rússia das
competições em modalidades que seus atletas individualmente são conhecidos por
conquistarem dezenas de medalhas de ouro, os EUA querem ser campeões das
competições no “tapetão” da farsa. O próprio imperialismo ianque é “expert” em
produzir drogas para ampliar as performances de seus atletas nas competições
internacionais, mas o único país punido por supostamente recorrer a esse
expediente é a Rússia, em uma decisão arbitrária claramente manipulada pela
Wada e o COI, com documentação e laudos suspeitos fabricados sob medida por um
espião infiltrado, o informante Grigory Mikhailovich Rodchenkov, que não por acaso está sob “proteção
de testemunhas” nos Estados Unidos desde 2015. A perseguição “esportiva” a Rússia amplia
assim o conflito geopolítico mundial cujas frentes são mais visíveis na Ucrânia
e na Síria.
Esse embate histórico vem do século passado, da disputa
também na arena esportiva entre a União Soviética e os Estados Unidos sobre a
supremacia para demostrar o maior nível de excelência em todas as modalidades,
o que implicava na demonstração da superioridade do sistema socialista ou
capitalista, na verdade um forte embate entre o mais importante Estado operário
burocratizado existente na época e a principal potência imperialista. Nesse
sentido, os jogos entre as duas equipes foram inesquecíveis e dramáticos, como
a épica partida da final de basquete masculino nos Jogos Olímpicos de Munique
em 1972. Neste jogo histórico o escrete da URSS ganhou do plantel dos EUA no
último segundo, derrotando no auge da chamada "Guerra Fria" a equipe
ianque em um dos esportes mais tradicionais do país, o basquete. Como se
observa, a fraudulenta punição da Rússia é uma excelente maneira dos EUA
evitarem a concorrência dos atletas russos com alto desempenho e qualidade que
podem ganhar medalhas, um ponto de apoio para a ofensiva mundial imperialista
contra os povos. Esse “jogo” sujo capitalista não ocorre por acaso, transformou
as Olimpíadas em uma mera competição entre atletas amadores numa voraz disputa
entre países (governos) para sediar o evento, empresas multinacionais
patrocinadoras e os grupos de comunicação, em particular os conglomerados de
redes de televisão tanto as de sinal aberto como as por assinatura, afinal são
milhões de telespectadores “prontos para consumir” em todo o mundo. Trata-se de
uma clara disputa comercial entre distintos bandos capitalistas que almejam
deter para si o monopólio das comunicações, uma vez que o esporte de
autorrendimento, profissional, transformado pela mídia “murdochiana” em
espetáculo através de todo um arsenal propagandístico e da tecnologia
áudio-visual, desperta um grande interesse da população mundial (onde hoje
predomina o culto à imagem, ao imediato), por isso incute um ímpeto consumista
cada vez mais intenso nos telespectadores. Neste sentido, o esporte é utilizado
como instrumento ideológico-político para incrementar os lucros das
transnacionais, tais como as ligadas aos grandes conglomerados financeiros, a
indústria automobilística, operadoras de telefonia, as grifes do esporte (Nike,
Adidas) etc.. Nos marcos do regime da propriedade privada dos meios de produção
não há espaço para o esporte como sinônimo de bem-estar, de entretenimento ou
de paixão popular genuína de raízes. Aqui, a “vítima” são as Olimpíadas e as
grandes competições mundiais mercantilizadas e voltadas apenas a um público
consumidor idiotizado. Portanto, a expressão da cultura corporal dos povos, da
mesma maneira como o conjunto das manifestações artísticas, só pode ter lugar e
praticada pela humanidade de forma plena (livre, criativa e prazerosa) a partir
da abolição do modo de produção capitalista e o fim da sociedade de classes,
tarefa que só pode ser alcançada pela revolução socialista. É preciso rechaçar
a punição a Rússia e denunciar que essa manobra política faz parte da
perseguição do imperialismo ianque a seu mais importante adversário na arena
política e militar, o que representa um golpe reacionário contra a soberania
das nações e os povos oprimidos!