41 ANOS DA GUERRA DAS MALVINAS: ONTEM COM A ARGENTINA CONTRA
A USURPAÇÃO DO IMPERIALISMO BRITÂNICO... HOJE COM A RÚSSIA PARA DERROTAR A OTAN E
SEU GOVERNO FANTOCHE DA UCRÂNIA
Há 41 anos, mais precisamente em abril de 1982, sob a intensa pressão do movimento operário e popular, com a ditadura genocida em colapso, a Junta Militar de Galtieri determinou a invasão das Malvinas com o objetivo de desviar o foco das manifestações contra o regime e recuperar o apoio popular, explorando o justo ódio antiimperialista das massas exploradas. Na verdade, a Junta Militar não tinha nenhuma intenção de entrar em conflito armado com o imperialismo. Os generais argentinos alimentavam ilusões de que não haveria uma resposta militar enérgica do império britânico, devido a um suposto desinteresse deste em manter seu domínio sobre as ilhas. Ademais, esperavam contar com o apoio do imperialismo norte-americano, através do "cawboy" Ronald Reagan, considerado como um aliado incondicional da ditadura fascistizante, para intermediar um acordo diplomático.
A resposta da primeira ministra Thatcher foi uma imediata declaração de guerra com o envio da frota real britânica para iniciar o contra-ataque, que contou com aliados de primeira hora como os EUA e o Chile de Augusto Pinochet, que cedeu o território chileno para base de operações e de abastecimento das forças armadas do Reino Unido.
A reação do governo “conservador” de Margaret Thatcher, em
parte, foi uma conseqüência da situação política interna marcada pela queda de
popularidade provada pela recessão econômica, o crescimento do desemprego e as
medidas de ajuste, conhecidas como “políticas neoliberais”, que incluíam as
privatizações e o corte dos direitos sociais, enfrentando a reação dos
trabalhadores, como a histórica greve dos mineiros. Nessas circunstâncias, um
revés na arena militar enfraqueceria ainda mais o governo e aprofundaria a
crise social. Além disso, o império britânico não podia admitir que a falta de
uma resposta à ocupação das Malvinas fosse vista pelos povos de todo o mundo
como um símbolo de debilidade de seu poder bélico. Por outro lado, para os
Estados Unidos, ainda que a ditadura argentina fosse um importante parceiro dos
ianques na América Latina, a Inglaterra era um aliado mais importante na sua
cruzada reacionária anticomunista em nível mundial, sobretudo contra a URSS e
os estados operários do Leste Europeu. Dessa forma todas as expectativas que
nortearam a aventura militar da Junta Militar argentina foram frustradas, não
lhes restando outra saída no âmbito de sua estratégia a não ser a completa e
vergonhosa rendição, após o cerco aéreo e naval imposto as tropas argentinas,
praticamente abandonadas com fome e frio nas Malvinas.
Objetivamente, o conflito entre a Argentina e a Inglaterra despertou um sentimento antiimperialista não só entre as massas argentinas, mas entre os povos oprimidos de todo o mundo.
Contra a ofensiva militar do imperialismo britânico, ocorrem massivas manifestações em vários países latino-americanos. No Peru, por exemplo, cerca de 150.000 manifestantes marcharam sobre a capital, Lima. Nos Estados Unidos, milhares de imigrantes latinos realizaram manifestações nas ruas de Los Angeles e São Francisco.
Na Argentina a postura antiimperialista da maioria da população ficou marcada num conjunto de iniciativas protagonizadas pelas massas, como a suspensão dos serviços de comunicação com o Reino Unido pelos trabalhadores telefônicos, a organização de campanhas de coletas de dinheiro, alimentos e roupas para as tropas e a apresentação de mais de 100 mil voluntários para combater.
Por outro lado os vizinhos regimes militares "muy amigos", se bandearam para o campo militar da Inglaterra temendo o pequeno apoio que a Argentina recebera da URSS.
No campo da esquerda revisionista que reivindicava o
trotskismo, a corrente de maior peso no movimento operário e de massas, o PST
(organização morenista que antecedeu o MAS, anos depois partido fundador da
LIT) defendeu a derrota militar do Reino Unido como eixo central para o
desenvolver uma mobilização de massas que, ao mesmo tempo, prepararia a luta
contra a ditadura. Essa posição estava expressa na consigna “No a la paz sin
soberania”. Os morenistas do PST afirmavam estar “no mesmo campo militar do
governo argentino, enquanto este continue a guerra contra o imperialismo”.
Hoje, a LIT que foi fundada então pelo MAS argentino passou de paladina da
correta unidade de ação militar com o carniceiro Galtieri em defesa das Malvinas
contra a agressão anglo-imperialista a Argentina no começo dos anos 80, a
apologistas de uma “revolução democrática” no Oriente Médio, onde o
imperialismo ianque é o ator principal do suposto combate as “ditaduras
sanguinárias” anteriormente na Líbia e agora na Síria.
Passados 41 trinta anos, a LIT que à época foi duramente criticada por outras correntes revisionistas europeias por uma suposta capitulação a um regime militar assassino de mais de trinta mil militantes de esquerda, se converteu hoje em partidária da “frente única circunstancial” com a OTAN e seu governo fantoche na Ucrânia contra a Rússia”.
Estes revisionistas jogaram no lixo o abc do leninismo e do trotskismo, além de esquecerem as próprias lições deixadas por Moreno, quando afirmava que “preferia estar no campo militar dos generais facínoras do que em nome da democracia apoiar a ocupação da Argentina pela frota imperial da Inglaterra”.
É sintomático que a própria LIT, anteriormente na mesma trincheira da “ditadura sanguinária” de Galtieri contra o imperialismo britânico, agora se utilize do pretexto de que Putin é um fascista, ditador oligárquico ou mesmo o absurdo antimarxistas que a Rússia seria um país imperialista”.
Esses canalhas da direção da LIT, que hoje envergonhariam o próprio Moreno se vivo estivesse, são os mesmos que depois de saudarem a contrarrevolução que liquidou a URSS nos anos 90 como um “acontecimento revolucionário” se renderam à reação democrática mundial e não passam de papagaios da Casa Branca.
Vale lembrar que não faltaram as vozes da esquerda do “velho mundo” para apoiar a permanência das Malvinas sob o tacão real, supostamente “sensibilizados” pelos reclamos dos Kelpers. Neste arco encontram-se correntes revisionistas como a de Alan Woods e Peter Taaff, Esquerda Marxista do PT e LSR do PSOL respectivamente.
Estes agrupamentos internacionais com “matriz” em Londres, no conflito de 1982 apoiaram vergonhosamente a Inglaterra “democrática” de Thatcher contra a Argentina “autoritária” dos generais gorilas, repetindo a mesma posição pró-imperialista nos dias de hoje, como na Líbia.
A política do derrotismo na guerra das Malvinas equivale, objetivamente,
a se emblocar com o imperialismo britânico contra a Argentina, um país cujo
caráter semicolonial vinha se aprofundando cada vez mais desde a implantação da
ditadura semifascista que, agindo sob a proteção do imperialismo e em nome dos
interesses do capital financeiro internacional, destruía aceleradamente
indústria nacional e transformava o país numa colônia agrário-exportadora.
Tanto há 41 anos atrás na Argentina como hoje na Ucrânia a posição dos verdadeiros marxistas revolucionários é a defesa incondicional da nação oprimida contra a agressão imperialista, inclusive em frente única militar com as forças do regime, tendo claro a incapacidade de qualquer burguesia nacional em conduzir um confronto militar com o imperialismo até a plena vitória.
Esta tática deve estar baseada no princípio da mais completa independência política dos explorados e subordinada à estratégia revolucionária da tomada do poder pelo proletariado. Nesse sentido, a defesa de uma frente militar com o governo Galtiere, com absoluta independência política, passava pela criação de organismos próprios de poder proletário e a formação de milícias armadas de voluntários, não submetidas à disciplina e à hierarquia das reacionárias forças armadas do regime, responsáveis pelo assassinato de 30.000 lutadores.
O mesmo programa se impõe na guerra da Ucrânia hoje para derrotar a
ameaça colonialista da OTAN!