sábado, 15 de abril de 2023

O LULOPETISMO E O SONHO REACIONÁRIO DE UM NOVO “IMPERIALISMO BONZINHO”: CHINA ASPIRA SER A GÊNESE DE UMA NOVA GOVERNANÇA GLOBAL CAPITALISTA 

Em Pequim, nesta última sexta-feira (14/04), o encontro entre o presidente Lula da Silva e seu homólogo chinês, Xi Jinping, culminou com o anúncio das assinaturas de 15 acordos bilaterais, que podem totalizar cerca de R$50 bilhões (cerca de somente 10 bilhões de dólares) de investimentos da China no Brasil ao longo de vários anos, segundo noticiou a mídia corporativa de ambos países. Foi o bastante para a esquerda reformista festejar o “novo mundo multipolar” e “o fim do dólar”. O próprio Lula não deixou de fazer a apologia de uma “Nova Governança Mundial”, instigando o PC chinês a assumir um maior protagonismo político na arena internacional, diante da hegemonia absoluta dos EUA nos últimos 30 anos. Acontece que a realidade concreta da luta de classes está muito longe da tradicional demagogia populista do Lulopetismo, agora abraçada integralmente pelo conjunto da esquerda domesticada pelo capital financeiro. Em primeiro lugar é preciso “esclarecer” aos reformistas que a China não pretende nem de longe acabar ou enfraquecer o dólar. O governo do PCC é o maior comprador de dólar em todo mundo, o próprio FED (Banco Central dos EUA) reconhece que a China é o seu maior cliente, proprietária da maior reserva cambial em dólar depositada na instituição, ficando praticamente no mesmo patamar da Casa Branca, a emissora da moeda. Se não bastasse essa “forcinha” dada ao dólar pelos chineses, os imperialistas ianques também retribuem esta “generosidade” como o maior investidor econômico global no gigante asiático. Porém o mais cretino da euforia reformista, é considerar 10 bilhões de dólares, firmados nos acordos comerciais bilaterais, como um “marco” para a economia capitalista dos dois países conseguir superar a hegemonia ianque. Esse montante financeiro não chega a 20% do total do que o Brasil “torrou” de suas reservas na farsa dos três anos da pandemia Covid, forjada pelo Deep State ianque, Fórum de Davos, com a parceria do governo “comunista” chinês. O “sonho chinês” de se configurar como a nova “sede” da Governança Global do Capital Financeiro (no momento já é o coração global da indústria) depende muito mais da própria decadência do imperialismo ianque do que da autonomia política e econômica dos burocratas ditos “comunistas” em relação ao poder do rentismo internacional.

Mas apesar do frenesi da esquerda reformista, anunciando a possível inclusão do Brasil na “Rota da Seda” como se fosse a refundação da III Internacional, em uma “sinoversão” capitalista para realizar bons negócios comerciais, chama atenção que dos 15 acordos assinados pelos presidentes, Lula e Xi, nenhum se refere diretamente ao setor militar. A defesa enfática que Lula e Xi fazem da “paz” na guerra da Ucrânia, não passa de um chamado dissimulado para a rendição total da Rússia, nos marcos dos “Acordos de Minsk”, impostos pela OTAN em 2014 no curso da chamada “Revolução Colorida”. Por isso o governo “comunista” da China recusou o pedido de Moscou para o fornecimento de blindados chineses as Repúblicas de Donetsk e Lugansk. No lado da diplomacia brasileira, o Governo da Frente Ampla, mostrando-se totalmente submisso ao imperialismo ianque, advoga pela retirada total das forças militares russas das regiões ucranianas recuperadas dos fascistas de Kiev. Esse é exatamente o ponto de convergência entre o PC chinês e o PT de Lula na guerra da Ucrânia: A derrota da ofensiva russa sobre Zelensky, no sentido de frear a expansão da OTAN na Europa Oriental.

Vale lembrar que não é só Lula e Xi Jinping que defendem a manutenção dos vergonhosos “Acordos de Minsk”, há um amplo setor da esquerda revisionista (pseudo trotskysta) que disfarçados sob a bandeira da “Paz na Ucrânia”, estão na prática na trincheira da derrota militar da Rússia. Este é o caso das correntes como o PCO, POR, “Esquerda Marxista” e “O Trabalho”, promotoras do slogan “Fim da guerra sem anexação russa dos territórios ocupados”.

Voltando a ilusão difundida pela esquerda reformista de um novo “mundo multipolar”, onde o dólar deixe de “reinar” sobre o planeta, é muito fácil compreender a ênfase dada por Lula, e também por dezenas de outros governos neoliberais, sobre uma nova relação cambial entre os países, e essa questão não tem nada de revolucionária ou mesmo anti-imperialista, trata-se de um ângulo meramente comercial. Não por acaso a China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, em 2022, importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional, como existe um superávit para o Brasil seria muito mais vantajoso que fosse pago em uma moeda que não fosse o dólar, fugindo desta forma da forte desvalorização cambial provocada pela instabilidade da moeda norte-americana no mercado financeiro internacional. Obviamente, se o governo brasileiro acumular em sua cesta de moedas internacionais uma boa quantidade de yuans, poderá comprar um volume maior de mercadorias chinesas do que se pagasse a mesma quantidade em dólar a Pequim, da mesma forma que o contrário também é verdadeiro.

A China não é somente o principal e maior parceiro comercial do Brasil, também é dos principais países do mundo, incluindo os EUA! O comércio entre os dois países aumentou para US$ 39,7 bilhões somente em abril, alta de mais de 40% em relação ao mês anterior, superando México e Canadá. Somente midiotas ou ignorantes completos em conjuntura mundial, podem caracterizar a movimentação econômica e comercial da China das últimas três décadas como “anti-imperialista”, isso sem falar de sua orientação política internacional, totalmente alinhada com a Casa Branca nos principais fatos da luta de classes (Iraque, Líbia, Síria, África), excluindo é claro a questão nacional de Taiwan. Não precisamos neste breve artigo lembrar a posição chinesa na mega produção global da farsa da pandemia Covid, onde em estreita colaboração com o Deep State ianque, Fórum de Davos e Big Pharma/Tech, patrocinaram o ingresso da Nova Ordem Mundial sob os auspícios da Governança Global do Capital Financeiro. Portanto não há nenhum aspecto revolucionário para o proletariado mundial ou chinês na “Rota da Seda”, ou na pretendida “equalização“ entre dólar e yuan no mercado cambial do planeta. As aspirações chinesas de desenvolver um novo “imperialismo não voraz e humanitário”, que ainda estão longe de se materializar, não são de forma alguma um fator progressista para a classe operária mundial.

Os Marxistas Leninistas estão no campo da luta da classe operária chinesa, contra seu disciplinamento repressivo pela burocracia restauracionista, que tem usado a farsa da Covid como justificativa para o recrudescimento do regime capitalista, gerenciado pelos falsos “comunistas” do PCC. Somente em caso de um conflito militar direto entre China e os EUA, gerado pela disputa em torno de Taiwan, possibilidade remota em virtude dos massivos investimentos econômicos realizados pelos rentistas globais no gigante asiático, os Trotskystas perfilam no terreno incondicional do ex-Estado Operário. A vertente ainda mais concreta no panorama mundial, para além da demagogia pacifista, é o ataque militar em conjunto dos governos alinhados com a Governança Global do Capital Financeiro (EUA, UE, China e Japão) contra a “ameaça russa”.