quinta-feira, 5 de maio de 2022

MALI: CONVOCA OS AFRICANOS A LUTAR CONTRA AS POTÊNCIAS EUROPEIAS IMPERIALISTAS 

Há quatro dias, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ameaçou o Senegal com sanções se continuasse a levar a cabo as sanções ocidentais impostas pela CEDEAO ao Mali, país oprimido que chegou tão longe na sua luta contra a ocupação imperialista francesa, sendo hoje capaz de aumentar sua defesa aérea sólida para proteger seus céus e, nesse sentido, conta com o apoio militar da Rússia e, claro também da Argélia.De fato, três meses após a imposição das sanções, os objetivos da CEDEAO falharam.

A mídia senegalesa deixa claro que se a CEDEAO for estúpida o suficiente para querer sancionar uma economia nacional sólida como a do Senegal, que é uma das mais prósperas em sua área, os senegaleses quebrarão o embargo anti-Mali com “baús cheios de dinheiro”, declarou a imprensa local. É verdade que esta determinação de quebrar as sanções injustas contra o Mali não pode ser contestada pela ONU, por imposição dos Estados Unidos e da França.

O fracasso da campanha de pressão máxima contra o Mali anuncia outros fiascos. Como Burkina e Níger. Mas o medo das antigas potências coloniais vai além. Como a Rússia não está longe do Senegal e está desenvolvendo excelentes relações com o Mali, há temores de que o Senegal se torne um centro africano contra as sanções dos EUA contra a Rússia. Afinal, os iranianos receberam muita ajuda dos senegaleses nesse sentido, e os russos poderiam fazer o mesmo.

Na última segunda-feira, depois de meses de vacilação, o chanceler russo Lavrov admitiu abertamente o que era um segredo aberto: que os mercenários de Wagner estão presentes no Mali, assim como na Líbia. A presença foi realizada em “base comercial”, acrescentou Lavrov em entrevista ao Mediapart. “Meu caro colega Jean-Yves Le Drian, assim como Josep Borrell, em setembro de 2021, me disseram diretamente que a Rússia não tem nada a ver na África, nem por meios públicos nem por meios privados, porque a África é uma área de interesse da UE e da França”, disse Lavrov. Também explicamos que na Líbia “esta empresa militar privada foi convidada pelas autoridades de Tobruk, onde está localizado o Parlamento”, continuou ele. Ele acrescentou: "Eles estão presentes comercialmente, assim como no Mali".

Inicialmente, a chegada do grupo Wagner ao Mali foi para servir de guarda-costas para os militares que deram o golpe de estado. Mas não são apenas os governos nacionalistas que exigem a chegada das tropas russas. As manifestações populares no Mali em favor de sua chegada se espalharam para o Senegal e incluem a exigência de que os franceses saiam.

A situação no Mali não pode ser separada da segunda traição do governo social-democrata espanhol ao Saara, nem da ruptura das relações diplomáticas entre Argélia e Marrocos, que descrevem o retrocesso dos Estados Unidos e da União Européia na região do Magrebe. Até mesmo o CEO da ONU, Antonio Guterres, em seu último relatório sobre o Mali critica a “suposta presença de uma empresa militar privada estrangeira que opera ao lado das forças de segurança malianas”, referindo-se a Wagner.

A Junta Militar do Mali elevou o tom das críticas contra a França, que acusa de "espionagem" e "subversão". Os acordos de defesa assinados entre ambas as partes em 2014 já foram quebrados. O sentimento anti-imperialista hoje toma conta das massas do país.