segunda-feira, 9 de maio de 2022

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NAS FILIPINAS: A VOLTA TRIUNFANTE DOS MARCOS EM MEIO A MAIS UMA FRAUDE ELEITORAL BANCADA PELO CAPITAL FINANCEIRO

Nas Filipinas, o grande favorito nas pesquisas eleitorais para ser presidente da República evoca a volta de tempos sombrios e terrorismo de Estado, mas mesmo assim a governança global do capital financeiro afirma que é necessário “respeitar a vontade das urnas”, só faltou dizer que todo o processo é uma fraude. O vitorioso será Ferdinand "Bongbong" Marcos, filho de Ferdinand e Imelda Marcos, o casal que governou o país asiático com mão de ferro por duas décadas e cometeu graves crimes contra a humanidade.

Para Bongbong, que hoje tem 64 anos, a história de seus pais na história recente do país é uma faca de dois gumes, muitos filipinos ainda se referem a seu pai como um ditador sanguinário. Seu governo foi marcado por corrupção desenfreada e inúmeros abusos dos direitos humanos. Mas há quem acredite que o filho do ex-presidente autoritário traria estabilidade e segurança, no mesmo estilo do ex-presidente, o direitista Rodrigo Duterte.

Com a campanha a poucos dias da eleição presidencial, que começou hoje 9 de maio, os críticos de Bongbong dizem que sua candidatura é uma tentativa deliberada da oligarquia Marcos em recuperar o poder estatal que antes lhes pertencia. “Alguns de nós acreditam que não deveria haver uma situação em que o filho do ditador que expulsamos em 1986 pudesse retornar a Malacañang”, disse María Cristina Rodríguez, vítima dos Marcos e seu estado de terror.

O Palácio Malacañang, localizado na capital Manilas, é a residência oficial e escritório do atual presidente. Costumava abrigar o falecido presidente Marcos e sua família até que a chamada “Revolução do Poder Popular” veio e encerrou seu governo sombrio de 20 anos.

Os Marcos fugiram para o Havaí, sob a proteção da Casa Branca, com cerca de 300 caixas de pertences a bordo de um avião de carga C-141 da Força Aérea, eles são acusados ​​de terem levado ilegalmente bilhões de dólares que ganharam durante esses anos.

Quando Marcos morreu em 1989, Imelda e seus filhos foram autorizados a retornar para enfrentar acusações de evasão fiscal e corrupção. Embora o tribunal anticorrupção tenha condenado a ex-primeira-dama por sete acusações de corrupção em 2018, ela evitou a prisão pagando fiança e recorrendo da decisão ao Supremo Tribunal. O processo de apelação para sua condenação criminal ainda está em andamento.

O filho do ditador está na cabeça de todas as pesquisas encomendadas pela minha corporativa. Apesar de todas as denúncias as enquetes mostram que Bongbong lidera a corrida para as próximas eleições, seguido pela atual vice-presidente, María Leonor Robredo. Embora Marcos Júnior certamente não seja exatamente o mesmo homem que foi seu pai, seus oponentes o consideram seu sucessor natural, porque ele nunca rejeitou a fortuna ilícita de sua família, nem se desvinculou dos fatos de que são acusados.

De acordo com uma pesquisa da Pulse Asia Research, 56% estariam inclinados a votar nele, enquanto 23% escolheriam outro candidato. Bongbong registra maioria em todas as classes socioeconômicas e na maioria das áreas geográficas. Um fato “interessante” é que sua companheira de chapa é Sara Duterte, filha do atual presidente cujo vice-presidente é o outro candidato presidencial.

A presidência de Ferdinand Marcos começou “democraticamente” em 1965, antes de decidir colocar todo o país sob lei marcial em 1972 para "salvar a República e reformar a sociedade". A ordem, disse ele na época, foi uma resposta à "ameaça de uma derrubada violenta" que agitava os “fantasmas do comunismo” que ele nunca demonstrou existir.

“Ordenei a prisão daqueles diretamente envolvidos na conspiração para derrubar pela violência e subversão nosso governo devidamente constituído”, declarou o falecido presidente em seu discurso à nação em 23 de setembro de 1972. Sua ordem resultou em pelo menos 11.103 vítimas de violações de direitos humanos sob seu regime, de acordo com a Comissão Comemorativa local para Vítimas de Violações de Direitos Humanos. Isso inclui 2.326 casos de assassinato e desaparecimento forçado,1.922 casos de tortura e 3.355 casos de detenção arbitrária. Entretanto mesmo com todo estes antepassados históricos, a governança global do capital financeiro já elegeu o filhote do ditador como “o democrata vitorioso das urnas”.