segunda-feira, 17 de julho de 2023

ALEMANHA NÃO DISPÕE DE UMA ÚNICA DIVISÃO MILITAR PRONTA PARA COMBATE: O MAIS PODEROSO IMPERIALISMO DA EUROPA OU UMA “COLÔNIA” DOS EUA DESDE O FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL? 

A Alemanha neste momento não dispõe de uma única divisão militar pronta para combate, as autoridades do país planejam que a primeira de três unidades do Exército fique operacional até 2025, e a segunda em 2027, com esse movimento sendo controlado diretamente pelo Pentágono relatou a agência Reuters. "Neste momento, Berlim não tem uma única divisão pronta para combate […]. É planejado que a primeira de três unidades seja colocada em operação até 2025, e a segunda – em 2027". O pequeno contingente das forças armadas da Alemanha são dirigidas pelo quartel general da OTAN, país onde os EUA têm uma de suas maiores bases militares no mundo e onde se localiza o comando da aliança imperialista em Stuttgart. Fica a pergunta: a Alemanha é o mais poderoso imperialismo europeu ou é de fato uma espécie “colônia” dos EUA desde a segunda guerra mundial? Todos os elementos provam que a Alemanha não passa de uma espécie de “colônia” dos EUA , sem qualquer autonomia política e financeira, tanto que sacrificou suas relações comerciais com a Rússia para se somar a ofensiva da OTAN na Ucrânia, jogando sua economia em grave recessão econômica.

A Alemanha tem forças armadas menos capazes do que precisa e, apesar de ter adquirido recentemente material moderno, como 35 caças F-35 Lightning II ainda a serem recebidos, as compras são numericamente muito limitadas. A conclusão é dos próprios parlamentares alemães, que têm repetidamente falado à imprensa sobre a necessidade de reamar o país, principalmente frente a ameça de uma guerra na Europa, para a qual dizem não haver preparo. De acordo com o relatório anual do congresso da Alemanha sobre o tema, se mantido o ritmo de investimentos atuais, só haverá condições efetivas de defesa daqui a 50 anos.

Especificamente sobre a Luftwaffe, há questionamentos públicos sobre a atual disponibilidade dos 130 caças Eurofighter EF-2000 Typhoon e 110 Tornado. Neste caso, a quantidade é até compatível com outras nações europeias, mas o número de horas de voo anuais estaria bem abaixo do que o registrado na França, na Itália e no Reino Unido, por exemplo.

Há demandas também em diversas áreas do Exército e da Marinha, incluindo o apoio logístico restrito dado pela força aérea do país. Por exemplo: há 38 A400M e dois C-130J na frota, além de jatos Airbus, porém faltam modelos de apoio mais próximo, do porte de um C-27 ou C-295, ou mesmo de um Caravan. Só agora também foram adquiridos KC-130J, para reabastecimento dos caças, o que virtualmente ainda torna a Luftwaffe uma força aérea de curto alcance.

Por ter tropas e aeronaves dos Estados Unidos em seu território desde a segunda guerra, a Alemanha de fato não tem forças armadas adequadas para as suas necessidades de defesa.

Não por acaso, Ramstein é uma das mais de 20 instalações militares dos EUA na Alemanha. Ela é considerada a base mais importante da Europa para os transportes aéreos das Forças Armadas dos EUA, servindo como seu eixo logístico. Durante a evacuação do Afeganistão, em meados de 2021, cerca de 7 mil pessoas foram levadas para a base. Além da pista de voo, lá estão também instalados os quartéis-generais da Força Aérea dos EUA na Europa e na África, assim como outros órgãos de coordenação.

A base militar mede 14 quilômetros quadrados e emprega mais de 9 mil militares americanos. Nessa região do Sudoeste alemão há diversas outras casernas, depósitos de munição e instalações médicas, sendo o Landstuhl Regional Medical Center o maior hospital militar americano fora do território nacional.

Como um todo, a área compõe a Kaiserslautern Military Community, onde, segundo dados de Washington, residem 53 mil americanos que, em shopping centers, high schools e pistas de boliche próprios, vivem numa espécie de "Little America". Esta representa um fator econômico importante na região, como maior empregadora e dando uma contribuição significativa para o crescimento econômico local.

Nos últimos anos, tem-se debatido na Alemanha sobre o status legal de Ramstein. Por não constituir uma área extraterritorial, como uma embaixada, a rigor lá deveria vigorar a lei alemã. No entanto os militares americanos gozam de imunidade e de direitos especiais: autoridades alemãs só podem adentrar a base com permissão americana, e os EUA exercem a jurisdição sobre os crimes cometidos dentro dela.

Num relatório de 2017, o Serviço Científico do Bundestag (Parlamento alemão) chegou à conclusão que "é difícil a sanção, por autoridades alemãs, de delitos possivelmente cometidos na base aérea de Ramstein".

De fato, tem havido repetidos esforços das autoridades alemãs para determinar mais precisamente o que acontece em Ramstein. Oficialmente, durante muitos anos os representantes governamentais afirmaram não dispor de quaisquer dados a respeito.

Desde 2013, porém, a imprensa da Alemanha vem noticiando repetidamente o papel de Ramstein na guerra de drones travada pelos EUA em todo o mundo. Segundo o Bureau of Investigative Journalism, sediado em Londres, entre 2004 e 2020, de 910 a 2.200 civis foram mortos em 14 mil ofensivas americanas com drones. Os alvos se localizavam no Iraque, Afeganistão, Iêmen, Paquistão e Somália.

Depondo perante uma comissão de inquérito do Bundestag em 2015, o ex-piloto de drones americano Brandon Bryant declarou que Ramstein servia de "estação de retransmissão central" para missões letais. Segundo Bryant, os drones que sobrevoam uma zona de mobilização se comunicam via satélite com a base na Alemanha, onde o sinal é reforçado e enviado por cabos de fibra ótica aos EUA. A partir das centrais finais, os alvos são marcados e os mísseis ou drones mortais são lançados, relatou.

 

No ano seguinte, o governo americano admitiu que Ramstein não serve apenas à retransmissão de dados: militares e funcionários do serviço secreto operam também a partir da Alemanha no planejamento, supervisão e avaliação de ataques.

Em 2019, o Tribunal Superior Administrativo de Münster decidiu que a Alemanha tem o dever de se certificar que os EUA utilizam a base de Ramstein em concordância com o direito internacional. No ano seguinte, porém, o Ministério da Defesa recorreu, e a sentença foi anulada por uma instância superior: não basta que Ramstein possibilite tecnicamente o programa de drones, seria necessário serem tomadas decisões concretas em solo alemão, foi a conclusão

A República Federal da Alemanha tem sido parte vital da estratégia de defesa dos Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando, durante dez anos, os militares americanos foram uma das quatro forças de ocupação dos Aliados no país.

Prova da importância estratégica da Alemanha para os EUA é a localização do quartel-general do Comando Europeu (Eucom) americano em Stuttgart. A partir da cidade no sudoeste do país, ele funciona como estrutura coordenadora para todas as forças militares americanas em 51 países europeus.

A missão do Eucom é proteger e defender os EUA, impedindo conflitos, apoiando parcerias internacionais, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e rechaçando ameaças transnacionais.

Ele comanda a US Army Europe, a US Air Forces in Europe e a US Marine Corps Forces Europe, todas com unidades na Alemanha. O país acomoda cerca de 38.600 soldados americanos, o maior número de na Europa, embora as cifras variem, na medida em que eles são mobilizados para outros países.

A Alemanha abriga cinco das sete guarnições do Exército americano na Europa (as outras duas estão na Bélgica e na Itália). O quartel-general da US Army Europe fica na guarnição de Wiesbaden, no centro-oeste, próximo a Frankfurt.

Essas cinco guarnições, formadas por diversas unidades em locações diversas, atualmente totalizam 29 mil militares. A cifra inclui as US Marine Corps Forces of Europe and Africa, com quartel-general em Böblingen, no sudoeste alemão, como parte da guarnição das Forças Armadas dos EUA em Stuttgart.

Como as instalações militares americanas também empregam civis, e os militares de ambos os sexos às vezes trazem suas famílias do outro lado do oceano, consideráveis comunidades civis tendem a se formar em torno das bases.

De fato, algumas bases americanas na Alemanha, como a próxima a Ramstein, são pequenas cidades independentes. Além das barracas, campos de pouso, terreno para exercício e depósitos de material, elas incluem seus próprios shoppings, escolas, serviços postais e forças policiais americanos.

Por vezes, a única moeda legal é o dólar. As bases também empregam volumes consideráveis de cidadãos locais, conferindo impulso econômico às comunidades circundantes, cujos estabelecimentos lhes fornecem bens e serviços.

Além disso, estima-se que 20 armas nucleares estejam guardadas na base aérea alemã de Büchel, no oeste do país, no contexto do acordo de compartilhamento nuclear da OTAN. Esse fato tem provocado críticas acirradas da população. Outro acordo polêmico é a utilização da base aérea de Ramstein como centro de controle para ofensivas com drones no Iêmen e outros locais.

A presença militar dos EUA na Alemanha é um legado da ocupação do país pelos Aliados, do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, até 1955. Durante essa década, milhões de soldados americanos, britânicos, franceses e soviéticos estiveram estacionados no país.

O nordeste do país, que em 1949 se transformaria oficialmente na República Democrática Alemã (RDA), sob governo “comunista”, ficou sob controle soviético. O Estatuto de Ocupação, assinado em 1949, quando se fundou a República Federal da Alemanha (RFA), regulava a distribuição no resto do país, permitindo aos EUA, França e Reino Unido manterem forças de ocupação no país e impor controle total sobre seu desarmamento e desmilitarização.

Quando a ocupação terminou oficialmente, a Alemanha Ocidental recuperou o controle sobre sua própria política de defesa. No entanto o Estatuto foi sucedido por outro pacto com os parceiros na OTAN.

Assinada pelos alemães-ocidentais em 1954, a Convenção sobre a Presença de Forças Estrangeiras na RFA permitia a oito Estados-membros da OTAN, inclusive Washington, manterem soldados na Alemanha. O tratado ainda regula os termos e condições do pessoal da OTAN estacionado atualmente no país.