terça-feira, 18 de julho de 2023

RUPTURA NO PCB: UMA “DISPUTA” ENTRE DOIS LADOS DA MESMA POLÍTICA SOCIAL DEMOCRATA E PRÓ-IMPERIALISTA 

Acaba de vir a público ácidas trocas de acusações entre Jones Manoel e o Comitê Central do PCB após o primeiro ter sido afastado de seus postos de direção estadual (Pernambuco) e nacional. O pano de fundo das divergências, além de uma guerra interna por controle de aparatos, finanças e vaidades, própria de uma legenda burocrática decadente, são as críticas político-programáticas de Ivan Pinheiro (dirigente histórico e ex-Secretário Geral do PCB) reproduzidas amplamente por Jones Manoel nas redes digitais, questionando as posições internacionais do CC do ex-partidão, particularmente seu alinhamento com a chamada “Plataforma Anti-imperialista”, uma articulação diretamente financiada pelo governo restauracionista chinês e que tem certa simpatia da Rússia. Ivan e Jones acusam o CC de romper a política de “neutralidade” na Guerra da Ucrânia, mas de fato o PCB publicamente manteve sua política pró-imperialista de condenar “ambos os lados” (OTAN e Putin), reafirmando sua demagogia “Contra a Guerra!”, uma orientação cínica que serve diretamente a ofensiva militar dos EUA e da UE contra Moscou. 

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Para além desse embate, a questão nacional também ganhou relevo no curso da cisão, na medida que o PCB teve uma votação irrisória na eleição nacional de 2022 (ficando atrás da liliputiana UP). Isso ocorreu porque grande parte de sua militância acomodada aderiu ainda no primeiro turno da disputa presidencial a candidatura burguesa de Lula, uma conduta que uniu inclusive membros das duas alas em conflito, que apesar de trocas de acusações públicas de hoje, se irmanaram em apoio embriagado a política de colaboração de classes da Frente Ampla, adotando um linha socialdemocrata de aconselhar Lula&Alckmin, tanto que em nenhum momento na campanha de Sofia Manazo ou Jones Manoel (ambos foram candidatos) denunciaram o caráter contrarrevolucionário do Lulopetismo, ao contrário, se perfilaram como apêndices do PT e sua aliança burguesa. 

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Nesse sentido, a ruptura no PCB representa dois lados da mesma política social-democrata e pró-imperialista que vem liquidando a legenda desde que se tornou um apêndice do PSOL e mais recentemente do próprio PT, com ambos os lados se opondo ao combate leninistas pela construção do partido revolucionário e internacionalista.

No texto “A crise do capital e o novo liquidacionismo” (17/06), o PCB responde as críticas de Jones Manoel declarando “Esta ação parte de uma pequena militância com pouca inserção de luta real na sociedade e com intenso engajamento nas redes sociais, muitas vezes, tomando esse espaço como ‘o espaço” privilegiado de lutas”. 

O que o CC do ex-partidão “esquece” é que a legenda incentivou Jones Manoel a usar as redes digitais em sua política de “ampliação” no curso social-democrata e direitista, tanto que o youtuber postou fotos com o LavaJatista Caetano Veloso e fez rasgados elogios ao Papa Francisco, o mesmo que condenou a Rússia em sua guerra justa contra a OTAN na Ucrânia. 

Enquanto Jones foi útil a linha oficial do PCB não recebeu qualquer crítica de publicamente se tornar um apêndice de Lulopetismo e do Vaticano! Tanto que o PCB, sem fazer qualquer crítica programática mais profunda a Manoel e Ivan (porque não existe de fato!) afirma “Um pequeno grupo fracionista, nesse momento, tenta operar a mesma prática no interior do PCB, numa luta interna desqualificada em busca do controle do Partido. Para isso, usam o mecanismo de recortar e colar, publicizando uma falsa polêmica que desvirtua o sentido da democracia interna, e ferem o centralismo democrático.”

Jones Manoel por sua vez declara em postagem no Facebook “Quando compartilhei o escrito do camarada Ivan Pinheiro denunciando a violação completa da política internacional aprovada no XVI Congresso do PCB, muitos camaradas apresentaram uma preocupação justa com a forma. Mas, camaradas, se formou hoje no CC do PCB uma maioria antileninista que não tem nenhum respeito pelo centralismo democrático, pelas resoluções congressuais, pelo nosso estatuto e que busca calar, constranger, boicotar e expulsar quem faz o debate político e a crítica nas instâncias corretas. Quando não podem calar os críticos, os perseguem (e centenas de militantes no Brasil estão passando pela mesma situação)” (17/07). 

A crítica de Jones e Ivan ao PCB é por seu suposto alinhamento automático com a China, que acusam de financiar os encontros da “Plataforma Anti-imperialista” onde participam sistematicamente vários dirigentes nacionais do PCB, como Eduardo Serra e Edmilson Costa, insinuando um grau de corrupção material nesse relação, além de criticaram a pretensa “simpatia” do PCB ao lado russo na guerra da Ucrânia, rompendo a suposta política de “neutralidade” (inspirada na posição do KKE grego) e da própria China que buscar cinicamente uma “solução diplomática para o conflito” para não romper seus laços com a Governança Global do Capital Financeiro. 

Neste ponto, a dupla Ivan Pinheiro e Jones Manoel faz um “zig-zag” oportunista, hora a esquerda ora a direita, mas sempre na linha de não se colocar pela derrota militar da OTAN, como o próprio PCB também o faz apesar de toda demagogia oca e vazia “Contra o Imperialismo!”, mas que não toma lado no conflito entre a aliança militar comanda pelos EUA contra a Rússia.

Como dissemos, os dois lados em disputa representam em graus diferentes a linha social-democrata e pró-imperialista que vem liquidando o PCB e o enterrando no pântano reformista, vereda que o impede de fazer oposição revolucionária o governo burguês de Lula&Alcmkin e adotar uma posição Leninista da guerra da OTAN contra a Rússia!