quinta-feira, 27 de julho de 2023

GOLPE MILITAR NO NÍGER: A ÚLTIMA COLÔNIA FRANCESA NA ÁFRICA ESTÁ “CAMBALEANDO”

Um golpe militar ocorreu no Níger, um grupo de oficiais anunciou na quarta-feira (26/07) durante um discurso na televisão local. Na madrugada de ontem os militares confirmaram a derrubada do presidente do Níger, Mohamed Bazum. Um batalhão da guarda presidencial bloqueou o acesso ao palácio do governo. O general Omar Tchiani, afastado recentemente do cargo de comandante da guarda presidencial, que exerce há 10 anos, é um dos líderes do golpe.

Os Estados Unidos e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental foram rápidos em condenar o golpe e pediram a libertação imediata do presidente. Mas o resultado político do golpe ainda permanece incerto. Embora o governo de Niamey inicialmente tenha descrito o incidente como um "movimento de encorajamento", parece que a maré mudou e o presidente beninense, Patrice Talon, está negociando com ambas as partes.

Se o presidente Bazoum finalmente cair, a França poderá perder um de seus últimos aliados estratégicos no Sahel africano, comprometendo ainda mais sua posição imperialista na região. Nos últimos anos, a França experimentou um número crescente de desafios no Sahel, incluindo a retirada forçada de Mali e Burkina Faso, que reduziram significativamente sua influência regional. Com os recentes acontecimentos no Níger, o futuro da presença francesa no Sahel parece cada vez mais incerto.

Desde a sua expulsão do Mali, a presença do imperialismo francês no Sahel baseou-se em grande parte no Níger, considerado um aliado crucial na região. No entanto, os últimos relatos de um golpe no Níger indicam uma situação precária. A queda de Bazum pode representar uma nova ameaça séria aos interesses comerciais e militares franceses na região.

A França tem uma dupla dependência crucial do Sahel: urânio para sua indústria militar e para o fornecimento de eletricidade de seu país. O Níger é um dos principais fornecedores de urânio da França, reforçando a importância do país para os interesses franceses.

Um acidente de Bazum poderia afetar não apenas a estabilidade política do Sahel, mas também o fornecimento de energia da França. Especialmente se o novo governo militar preferir se aliar à Rússia, como seu vizinho do Mali, tal aliança poderia ter um grande impacto nos laços entre a França e o Níger.

Nesse contexto complexo, a França se encontra em uma encruzilhada. A aliança com o Níger, e por extensão a presença no Sahel, é da maior importância para os seus interesses estratégicos e energéticos. No entanto, perante a ameaça de um possível queda de Bazum, a França terá de repensar a sua futura estratégia no Sahel.

É possível que a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental imponha sanções contra os líderes golpistas, como fizeram nos casos recentes de Burkina Faso, Mali e Guiné Conakry. Mas para os Marxistas Leninistas o fundamental é avaliar qual será a posição dos militares golpistas no tabuleiro mundial da guerra híbrida promovida pela Casa Branca.