PARA ALÉM DO FILME “BARBIE”... SOB AS ORDENS DA CASA BRANCA HOLLYWOOD ADOTA O “IDENTITARISMO” COMO CENTRO DE SUA POLÍTICA CIMENATOGRÁFICA
Dirigido por Greta Gerwig e com Margot Robbie no papel principal, o filme “Barbie” conquistou rapidamente uma audiência massiva como expressão do domínio cultural norte-americano no Brasil. Segundo estimativas, mais de 1,2 milhão de pessoas lotaram os cinemas brasileiros no dia da estreia, gerando R$ 23,1 milhões – uma bilheteria só superada por “Vingadores: Ultimato” em 2019. Entretanto, este blockbuster da Warner Bros não veio do nada. Ele é o resultado de quase uma década de reestruturação da marca pela Mattel e da orientação da Casa Branca para que Hollywood adote o “identitarismo” como sua política oficial. Não por acaso a boneca loira e conservadora se transforma no filme em uma mulher de "vanguarda" em defesa dos negros, homossexuais e da política identitária patrocinada pela Nova Ordem Mundial Capitalista. Com essa orientação, que conta com o apoio entusiasta de um amplíssimo leque da “exquerda” mundial (um arco que vai dos partidos sociais-democratas até grupos que se dizem revolucionários), a Casa Branca patrocina através de seus organismos internacionais (como a ONU e também de ONG´s) assim como seus estúdios de cinema de Hollywood o programa da Nova Ordem Mundial para criar uma ideologia capaz de formar novas gerações que rechacem os princípios marxistas da luta de classes, substituindo-os por valores policlassistas personificados com novas vanguarda de gênero e cor, no caso em bonecas que representem essa concepção de mundo.
A Casa Branca e todos os seus satélites introduzem conceitos
policlassistas que vão sendo adotadas no interior dos movimentos sociais, uma
estratégia que serve para a cooptação da vanguarda através de milionários
financiamentos estatais e privados para que esse arcabouço programático
complemente integrado ao modo de produção capitalista e sua superestrutura
política e jurídica seja o centro das demandas das direções políticas e
sindicais pelo mundo afora.
As piadas com temas como feminismo, patriarcado e depressão
mostram que o filme dirigido por Gerwig definitivamente é para um público-alvo
diferente daquele que ainda brinca com bonecas. Não é só de “imagination” e
“it’s fantastic” que vive a Barbie do mundo adulto. A vinda do ícone para o
mundo real vem junto dos problemas e das questões estruturais desse contexto da sociedade capitalista em crise.
Com uma Barbie um tanto ingênua descobrindo como é a dura
realidade de uma sociedade patriarcal, o longa retrata as dificuldades que as
mulheres enfrentam para ocuparem os espaços profissionais, o esgotamento de ser
uma mulher na liderança em ambientes machistas, a síndrome da impostora e a
pressão por uma perfeição feminina, entre outras críticas que fizeram a "exquerda" aplaudir de pé a película.
É ironizado, ainda, como a narrativa de empoderamento
capitalista coloca a libertação das mulheres em produtos e slogans para gerar
lucro. Isso inclui a Mattel que, ao criar Barbies com diferentes profissões e
em locais “onde meninas nem poderiam sonhar em chegar”, prioriza estratégias
que podem gerar mais lucro para a marca.
A própria personagem de Margot Robbie, mulher branca, alta e
magra que representa a “Barbie esteriotipada”, problematiza o padrão de beleza
e o comportamento da mulher “perfeita”, imagem que a empresa vendeu durante
anos. Ela não é médica, engenheira, presidente ou jornalista como as outras
Barbies – o seu papel é “amar o Ken” e representar a beleza dessa classe de
bonecas.
Uma das forças "identitárias" do filme da Barbie é a presença de várias
versões da boneca, de diferentes corpos, etnias e profissões, seguindo a política oficial da Casa Branca.
“Queria conhecer a presidente da Mattel”, diz a Barbie de Margot, que fica atônita ao descobrir que toda a diretoria da empresa, inclusive o presidente da divisão de Barbies, era composta pelos homens à sua frente. E, fora da Barbielândia, não é muito diferente – só 17% das presidências de empresas no Brasil são ocupadas por mulheres. Esse é o centro da defesa do feminismo burguês que não questionada as divisões de classe nas empresas e coloca a questão do gênero e das cotas raciais como centro do debate entre os oprimidos.
Lembremos que entre 2013 e 2018, as vendas líquidas anuais da Mattel caíram de US$ 6,5 bilhões para US$ 4,5 bilhões, segundo Statista, com a linha Barbie representando cada vez menos na receita da gigante de brinquedos. Pressionada pelos números e decidida a enfrentar as críticas, a Mattel adotou um plano de longo prazo para transformar seu produto não apenas em um boneca com corpo padrão, mas em uma moderna marca de cultura pop "identitária". E o novo “estilo de vida Barbie” não seria apenas para crianças, mas também para adultos que ainda resistem a se dobrar aos "novos tempos" de uma Nova Ordem Mundial capitalista.
A reengenharia de marca começa em 2015, com uma campanha publicitária chamada “Imagine The Possibilities”. Criada pela BBDO San Francisco, a comunicação foi uma forma simpática de dizer que Barbie também é capaz de empoderar as garotas, permitindo que elas escolham os papéis que desejam desempenhar. No ano seguinte, a Mattel dá o passo mais significativo nessa modernização: a linha Fashionista chega ao mercado e passa a incluir diferentes etnias, tons de pele, formas corporais, cores de olhos e penteados. Só essas primeiras iniciativas fizeram as vendas da Barbie crescerem quase 16% em 12 meses. Como vemos, o "Deus Mercado" também é identitário!
Com parcerias que vão além do mero merchandising, a Warner Bros e Mattel desenharam cerca de 100 associações com outras marcas, que vão do Airbnb ao Xbox da Microsoft, de lojas de móveis ao Burger King, de diversas redes de fast fashion a cafeterias. Isso criou um efeito de marketing em ondas, amplificando as iniciativas originais. Mais do que isso: fez com que diversas empresas – de forma não oficial – embarcassem na Barbiemania, utilizando rosa ou fazendo menções ao filme em campanhas e ações de redes sociais, idiotizando seus espectadores e gerando uma forte cadeia de vendas e entretenimento.
Frente a essa política oficial do imperialismo, os Marxistas Leninistas reafirmam que não fazem da defesa dos “direitos” das novas vanguarda como seu centro de atuação, nem apontamos qualquer caráter progressista em abstrato no fato de um indivíduo ser homossexual ou um sexo "empoderado", lutamos sim pelo amplo direito democrático da liberdade da opção sexual e combatemos implacavelmente qualquer forma de descriminação sexual, cultural e até mesmo religiosa desde que seja como parte da luta contra o capitalismo e não para reforça-lo.
Sem o menor compromisso de parecer “simpáticos” frente a “opinião pública” manipulada pela grande mídia corporativa, os Comunistas afirmamos que não há o menor avanço progressista e de classe nestes “novos paradigmas” patrocinados pelas Casa Branca e fundações capitalistas, na realidade trata-se de uma política que serve para retardar ainda mais a luta pela verdadeira emancipação humana, destituídos de qualquer conteúdo progressista de classe que se enfrente com o regime opressor da “democracia” dos ricos.
Por fim, combatemos a política da Casa Branca e do Fórum de Davos que patrocinam o Identitarismo como uma das expressões da Nova Ordem Mundial, com o objetivo claro de dissolver a luta de classes em um amálgama reformista para tentar inutilmente resgatar o “capitalismo com face humanista e sustentável”, uma farsa completa que precisa ser amplamente denunciada e combatida!