terça-feira, 4 de julho de 2023

RESTAURAÇÃO CAPITALISTA A TODO VAPOR: CHINA TENTA CONSTRUIR UMA NOVA POLARIDADE IMPERIALISTA 

O objetivo deste artigo é delinear o papel da China no cenário mundial e como, no quadro de uma decadência generalizada e ao mesmo tempo de ofensiva global do imperialismo ianque e seu apêndice, a União europeia, a China está desenvolvendo uma política externa baseada no objetivo estratégico de construir uma nova polaridade imperialista.

A China tornou-se o adversário econômico “número 1” do eixo atlântico liderado pelos Estados Unidos, que se vê em franco declínio social e incapaz de manter intacta sua hegemonia econômica e militar sobre o planeta. É evidente que o governo do Partido Comunicado Chinês conseguiu feitos econômicos enormes sob o impulso de um gigantesco investimento financeiro internacional, no curso da restauração capitalista do antigo Estado Operário.

Na China, com 1,4 bilhão de habitantes, a fome e a pobreza extrema foram eliminadas, o desenvolvimento tecnológico foi gigantesco e em 30 anos passou de um país atrasado para uma “fábrica do mundo”. Tudo isso dirigido por um Partido Comunista burocrático que aplica uma política restauracionista chamada de "um país, dois sistemas" em que ainda coexistem o capitalismo mais “selvagem” e o planejamento econômico central.

O Partido Comunista Chinês, por enquanto, conseguiu disciplinar  a “besta” da anarquia do mercado e o setor capitalista privado é fortemente regulamentado. Nos últimos anos vimos como os setores corporativos de construção, educação e financeiro foram drasticamente monitorados e advertidos por alguns “excessos” cometidos e que colocaram a autoridade do Partido Comunista em risco.

Com a chegada de Xi Jinping como Presidente da República e líder máximo do Partido, inicia-se uma nova etapa na qual se aprofunda o desenvolvimento do capitalismo na China, promovendo políticas destinadas a favorecer o poder do rentismo financeiro e das grandes corporações imperialistas que tem no país sua “segunda casa”.

Do lado oposto, os Estados Unidos enfrentam uma realidade marcada pelo declínio econômico, social e cultural. O imperialismo ianque está deixando de ser o poder absoluto hegemônico. E a única forma que os EUA pode defender sua posição de primeira potência é com sua violenta ofensiva econômica e militar. Os EUA incendiaram todas as regiões do planeta, seja com guerras, terrorismo ou golpes de Estado e usaram a supremacia cambial do dólar para chantagear países com seus ataques especulativos.

A “guerra” econômica e os bloqueios financeiros e comerciais contra os países periféricos foram possíveis graças a um dólar fora do padrão-ouro e sustentado pela economia do petróleo. Assim o FED norte-americano tornou-se após a Segunda Guerra Mundial, o “cofre” do mundo, onde todos os governos nacionais compram seus títulos financeiros, inclusive o chinês seu principal cliente.

É neste contexto de debilidade do (petro)dólar, em que a China lançou uma campanha para desdolarizar uma parte de suas trocas comerciais, assinando dezenas de acordos para negociar em yuan e outras divisas. Paralelamente, promove alianças regionais como a OCS e os BRICS, nas quais até países governados por oligarquias reacionárias e corruptas, como a Arábia Saudita, têm demonstrado interesse.

Essa realidade do crescimento capitalista chinês e sua parceira cada vez mais estreita com a Governança  Global do Capital Financeiro, como ficou demonstrado na farsa da pandemia do coronavírus, força o imperialismo ianque a tentar limitar o expansionismo chinês por meio de sanções econômicas enquanto aumenta as provocações militares em torno de Taiwan e do Mar da China abrindo bases nas Filipinas, inaugurando um escritório da OTAN no Japão e militarizando ainda mais a Coreia do Sul.

Por sua vez a burocracia restauracionista do gigante asiático não quer um confronto aberto com a Casa Branca e muito menos afugentar o enorme fluxo financeiro internacional destinado para potencializar a produção industrial de sua nação, por isso lança a retrógrada consiga de um “mundo multipolar”, ou seja um mundo capitalista com dois imperialismos hegemônicos.