VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA PETROBRAS DENUNCIA: “A DIREÇÃO DA ESTATAL MUDOU O NOME DA POLÍTICA, MAS O CONTEÚDO DA POLÍTICA CONTINUOU EXATAMENTE IGUAL”
Em uma entrevista concedida recentemente a um jornal alternativo, o funcionário da Petrobras (empresas que acaba de completar 70 anos de existência), e vice-presidente da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobras), Felipe Coutinho, denunciou categoricamente a farsa midiática que o governo burguês da Frente Ampla vem impulsionando para manter o neoliberalismo na maior empresa estatal do país. Sem “papas na língua” Felipe afirmou: “Até maio, a Petrobras, sua direção, não tinha anunciado nenhuma medida para alterar a medida de política de preço paritário de importação, sendo que essa foi uma das principais bandeiras da campanha do Lula. Então havia muita pressão sobre a direção da Petrobras. O que a direção da Petrobras fez foi um anúncio uma peça midiática, na verdade uma estratégia de comunicação em que a direção da Petrobras mudou o nome da política, mas o conteúdo da política continuou exatamente igual. Desde maio até aqui escrevi três artigos acompanhando e demonstrando que o PPI continua e a única coisa que mudou foi o nome. No mais recente, escrito depois do recente aumento de 26% no diesel e 16% na gasolina, mostrei que ainda hoje o PPI é o que segue vigente nas refinarias da Petrobras. Isso com prejuízo muito grande para o Brasil. Energia cara traz inflação, energia cara reduz produtividade do trabalho, reduz competitividade das empresas Brasileiras e é um freio para o crescimento econômico. O Brasil deveria e poderia contar com energia muito mais barata, especialmente combustíveis, porque a Petrobras é muito eficiente, tem custos muito baixos, pode praticar preços bem menores do que o martírio de importação e ainda ter resultados significativos compatíveis com seus pares da indústria do petróleo internacional”.
Somente pessoas muito ingênuas, influenciadas pela exquerda
reformista, poderiam ter ilusões que este governo burguês, serviçal da pauta
política e econômica do imperialismo, poderia alterar o conteúdo neoliberal
capitalista que vem sendo implementado há décadas pela direção da Petrobras.
Foi o próprio Lula que em seus governos anteriores promoveu a maior queima de
ações para o capital e internacional de toda a história da estatal. A chamada
“Operação de capitalização”, realizada em 2010, entregou mais de 100 mil ações
ordinárias, com direito a voto na diretoria da empresa, diretamente nas mãos
dos rentistas de Wall Street. Agora o pelego traidor de volta ao Planalto vem
fazendo demagogia dizendo que o culpado da subida dos preços dos combustíveis é
o governo anterior.
Mas o aparelhamento da Petrobras para o capital financeiro internacional não parou somente em Lula, nos governos seguintes da Frente Popular, Dilma Rousseff seguiu na linha neoliberal e mandou suspender a construção de novas refinarias da estatal, como o Comperj no Rio de Janeiro e Abreu e Lima em Pernambuco, gerando prejuízos bilionários para a empresa e forçando ainda mais a importação dos derivados já refinados.
Para não deixar dúvidas sobre o nefasto papel corrupto do Lulopetismo na atual gestão da Petrobras, Felipe Coutinho conclui: “Jean Paul Prates está mantendo a política anterior. Mantendo o foco na máxima distribuição de dividendos e investimentos muito baixos. E na manutenção da política de preços que, na verdade, favorece os importadores, as distribuidoras privadas e os produtores de combustível fora do Brasil. Enquanto isso, nos dois primeiros semestres de 2023 as refinarias permaneceram ociosas em 13%. O que a gente tem visto é que existe uma capacidade que não está ocupada, tem ainda muita importação de derivados e isso não permite que a Petrobras cumpra seu papel como uma empresa estatal (que deveria ser abastecer o mercado Brasileiro com os menores custos possíveis). Se ela praticasse preços justos e competitivos, a necessidade de exportação se reduziria muito. Como já estimei nos últimos artigos analisando os resultados do primeiro trimestre projetando a demanda atual, se a Petrobras ocupasse plenamente suas refinarias, como já aconteceu 2014, a necessidade de importação de diesel, caso acontecesse, seria apenas residual, entre 2 e 3%, vamos dizer que seria no máximo 5%”.