domingo, 1 de março de 2020

TOMA POSSE LUIS LACALLE POU NO URUGUAY: FRENTE AMPLA PAVIMENTOU O CAMINHO PARA A ASCENSÃO DA  DIREITA QUE ANUNCIOU UM DURO AJUSTE NEOLIBERAL CONTRA OS TRABALHADORES


O Uruguay encerra neste domingo (01.03) 15 anos de governos da centro-esquerda burguesa comandada pela Frente Ampla, com a posse do direitista Luis Lacalle Pou, que assume a presidência anunciando um plano de guerra contra os trabalhadores como a aprovação da Lei de Consideração Urgente (LUC), com 457 artigos que tratam de questões como segurança, economia e educação. Este projeto, que o Parlamento deveria aprovar em no máximo 90 dias, já gerou protestos de vários setores e levou o sindicato dos professores a convocar uma greve para 12 de março. Bolsonaro foi prestigiá-lo. Por sua vez, o ex-presidente José Mujica tomará o juramento de Lacalle Pou diante de todos os legisladores. Mujica assumirá essa tarefa como presidente da Assembleia Geral, cargo que passará a ser ocupado pela nova vice-presidente, Beatriz Argimón. A coalizão política da Frente Ampla, uma variação política de Frente Popular brasileira, mas com a mesma “carga” programática colaboração de classes, esteve no governo do Uruguay há 15 anos. O atual presidente, Tabaré Vázquez, governou o país entre 2005 e 2010 pela primeira vez, foi sucedido por José Pepe Mujica, também da FA, de 2010 a 2015 e retornou à presidência novamente com mandato até hoje. 


A sequência de gestões estatais da FA foi quebrada pela vitória do dirigente do Partido Nacional. Como já tínhamos caracterizado em artigo anterior publicado no Blog da LBI, a Frente Ampla foi derrotada eleitoralmente sem esboçar qualquer iniciativa de luta ou resistência política diante da ofensiva neofascista no país, que iniciará todo um processo de retirada de direitos sociais e ataques as liberdades democráticas de organização popular, à semelhança do que ocorre hoje no Brasil. No sentido inverso do caminho da luta contra a direita, a Frente Ampla anunciou que será uma “oposição construtiva”, talvez Pepe Mujica a maior liderança política da FA, tenha se espelhado no exemplo de Lula no Brasil que se recusa a defender o “Fora Bolsonaro” em nome da estabilidade institucional. O “pequeno” Uruguay teve seus índices de concentração agrária ainda mais ampliados nos governos da Frente Ampla, e o “agradecimento” político das oligarquias rurais foi o de apoiar o candidato da oposição reacionária, também neste caso qualquer semelhança com o PT no Brasil não é mera coincidência... Com o novo eixo político estabelecido no Mercosul, onde a direita neoliberal já governa o Brasil e Paraguai, a esquerda peronista agora comandando a Argentina sofrerá um sério cerco econômico, o que necessariamente trará muita instabilidade na região. As massas proletárias do Cone Sul, não devem nutrir a menor ilusão na capacidade das Frentes Populares de seus respectivos países esboçarem qualquer tipo de resistência combativa diante da ofensiva imperialista em pleno curso no nosso continente, sua vertente social e programática é o da capitulação e não a da luta revolucionária. Somente a construção de partidos Marxistas Leninistas terá a capacidade em conduzir o levante espontâneo de massas contra o “ajuste” rentista na senda da expropriação do capital e instauração da Ditadura do Proletariado. A classe operária deve abstrair as ácidas lições da experiência vivida com os governos reformistas do nosso continente, Brasil, Chile, Equador, Bolívia, Uruguay, Argentina, Peru, etc.. todas gestões de colaboração de classes derrotadas em algum momento pela direita neofascista e que se renderam a lógica eleitoral da direita, deixando um enorme “prejuízo” a ser pago pelas massas populares.

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