terça-feira, 26 de novembro de 2019

VITÓRIA DA DIREITA NAS ELEIÇÕES URUGUAIAS: FRENTE AMPLA JÁ SE COLOCA COMO UMA “OPOSIÇÃO CONSTRUTIVA”... AS FRENTES POPULARES SÃO O CAMINHO DA DERROTA PARA AS MASSAS


A coalizão política da Frente Ampla, uma variação política de Frente Popular brasileira, mas com a mesma “carga” programática colaboração de classes, está no governo do Uruguai há 15 anos. O atual presidente, Tabaré Vázquez, governou o país entre 2005 e 2010 pela primeira vez, foi sucedido por José Pepe Mujica, também da FA, de 2010 a 2015 e retornou à presidência novamente com mandato até 2020. Porém no último domingo (24/11) esta sequência de gestões estatais da FA foi quebrada pela vitória do candidato da direita neoliberal, Luis Lacalle Pou, dirigente do Partido Nacional. Lacalle Pou, apoiado eleitoralmente por uma coligação com a direita fascista (Cabildo Aberto) obteve 48,7%  dos votos e Daniel Martínez, da Frente Ampla, conseguiu 47,5%, segundo dados  da apuração primária, que ainda não confirmou oficialmente a vitória do Partido Nacional em virtude da apertada diferença de votos, menos de 2%. As urnas revelaram um eleitorado muito polarizado, Montevidéu e Canelones, que representam o Uruguai urbano, votaram majoritariamente pela Frente Ampla e o interior dominado pelas reacionárias oligarquias fundiárias foi favorável à coligação da direita. Entretanto já reconhecendo o triunfo de Lacalle Pou, o presidente nacional da  “Frente Ampla”, Javier Miranda, afirmou em uma entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira(25/11): "Si la Corte Electoral (…) decide que nuestro lugar sea el de la oposición tengan la certeza que el Frente Amplio va a ser una oposición constructiva”. (Se a Corte Eleitoral decide que nosso lugar é o de oposição tenham certeza que a Frente Ampla vai ser uma oposição construtiva). Como já tínhamos caracterizado em artigo anterior publicado no Blog da LBI, a Frente Ampla foi derrotada eleitoralmente sem esboçar qualquer iniciativa de luta ou resistência política diante da ofensiva neofascista no país, que iniciará todo um processo de retirada de direitos sociais e ataques as liberdades democráticas de organização popular, à semelhança do que ocorre hoje no Brasil. No sentido inverso do caminho da luta contra a direita, a Frente Ampla anuncia que será uma “oposição construtiva”, talvez Pepe Mujica a maior liderança política da FA, tenha se espelhado no exemplo de Lula no Brasil que se recusa a defender o “Fora Bolsonaro” em nome da estabilidade institucional. O “pequeno” Uruguai teve seus índices de concentração agrária ainda mais ampliados nos governos da Frente Ampla, e o “agradecimento” político das oligarquias rurais foi o de apoiar o candidato da oposição reacionária, também neste caso qualquer semelhança com o PT no Brasil não é mera coincidência... Com o novo eixo político estabelecido no Mercosul, onde a direita neoliberal já governa o Brasil e Paraguai, a esquerda peronista agora comandando a Argentina sofrerá um sério cerco econômico, o que necessariamente trará muita instabilidade na região. As massas proletárias do Cone Sul, não devem nutrir a menor ilusão na capacidade das Frentes Populares de seus respectivos países esboçarem qualquer tipo de resistência combativa diante da ofensiva imperialista em pleno curso no nosso continente, sua vertente social e programática é o da capitulação e não a da luta revolucionária. Somente a construção de partidos Marxistas Leninistas terá a capacidade em conduzir o levante espontâneo de massas contra o “ajuste” rentista na senda da expropriação do capital e instauração da Ditadura do Proletariado.