A coalizão política da Frente Ampla, uma variação política
de Frente Popular brasileira, mas com a mesma “carga” programática colaboração
de classes, está no governo do Uruguai há 15 anos. O atual presidente, Tabaré
Vázquez, governou o país entre 2005 e 2010 pela primeira vez, foi sucedido por
José Pepe Mujica, também da FA, de 2010 a 2015 e retornou à presidência novamente com mandato até 2020. Porém no último
domingo (24/11) esta sequência de gestões estatais da FA foi quebrada pela
vitória do candidato da direita neoliberal, Luis Lacalle Pou, dirigente do
Partido Nacional. Lacalle Pou, apoiado eleitoralmente por uma coligação com a
direita fascista (Cabildo Aberto) obteve 48,7%
dos votos e Daniel Martínez, da Frente Ampla, conseguiu 47,5%, segundo
dados da apuração primária, que ainda
não confirmou oficialmente a vitória do Partido Nacional em virtude da apertada
diferença de votos, menos de 2%. As urnas revelaram um eleitorado muito
polarizado, Montevidéu e Canelones, que representam o Uruguai urbano, votaram
majoritariamente pela Frente Ampla e o interior dominado pelas reacionárias
oligarquias fundiárias foi favorável à coligação da direita. Entretanto já
reconhecendo o triunfo de Lacalle Pou, o presidente nacional da “Frente Ampla”, Javier Miranda, afirmou em
uma entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira(25/11): "Si
la Corte Electoral (…) decide que nuestro lugar sea el de la oposición tengan
la certeza que el Frente Amplio va a ser una oposición constructiva”. (Se a
Corte Eleitoral decide que nosso lugar é o de oposição tenham certeza que a
Frente Ampla vai ser uma oposição construtiva). Como já tínhamos caracterizado
em artigo anterior publicado no Blog da LBI, a Frente Ampla foi derrotada
eleitoralmente sem esboçar qualquer iniciativa de luta ou resistência política
diante da ofensiva neofascista no país, que iniciará todo um processo de
retirada de direitos sociais e ataques as liberdades democráticas de
organização popular, à semelhança do que ocorre hoje no Brasil. No sentido
inverso do caminho da luta contra a direita, a Frente Ampla anuncia que será
uma “oposição construtiva”, talvez Pepe Mujica a maior liderança política da
FA, tenha se espelhado no exemplo de Lula no Brasil que se recusa a defender o
“Fora Bolsonaro” em nome da estabilidade institucional. O “pequeno” Uruguai
teve seus índices de concentração agrária ainda mais ampliados nos governos da
Frente Ampla, e o “agradecimento” político das oligarquias rurais foi o de
apoiar o candidato da oposição reacionária, também neste caso qualquer
semelhança com o PT no Brasil não é mera coincidência... Com o novo eixo
político estabelecido no Mercosul, onde a direita neoliberal já governa o
Brasil e Paraguai, a esquerda peronista agora comandando a Argentina sofrerá um
sério cerco econômico, o que necessariamente trará muita instabilidade na
região. As massas proletárias do Cone Sul, não devem nutrir a menor ilusão na
capacidade das Frentes Populares de seus respectivos países esboçarem qualquer
tipo de resistência combativa diante da ofensiva imperialista em pleno curso no
nosso continente, sua vertente social e programática é o da capitulação e não a
da luta revolucionária. Somente a construção de partidos Marxistas Leninistas
terá a capacidade em conduzir o levante espontâneo de massas contra o “ajuste”
rentista na senda da expropriação do capital e instauração da Ditadura do
Proletariado.