domingo, 17 de novembro de 2019

NA TRINCHEIRA DA DIREITA CONTRA A FRENTE POPULAR: PARTIDO OBRERO REVOLUCIONÁRIO DA BOLÍVIA DESCONHECE O “ABC” DO LENINISMO


“Apóiem o fuzil sobre o ombro de Kerensky e disparem contra Kornilov. Depois ajustaremos as contas com Kerensky”. As lições abstraídas por Lenin e Trotsky sobre a posição assumida pelos revolucionários diante da tentativa de golpe militar do reacionário general Kornilov contra o governo de colaboração de classes de Kerensky em agosto de 1917, poucos meses antes da tomada de poder pelos Bolcheviques. O POR (Lora) organização que é a maior referência histórica de Trotskismo na Bolívia, não sabe absolutamente nada de Leninismo e desgraçadamente ingressou na trincheira da extrema direita para derrubar um governo de Frente Popular encabeçado por Evo Morales do MAS. Porém o pior ainda estava por vir para aniquilar a trajetória de uma organização que se orgulhava de ter tido um dirigente, Guilhermo Lora, que redatou as históricas “Teses de Pulacayo” (1946), um norte programático que apontava a necessidade da tomada de poder político para os mineiros e operários da Bolívia. Consumado o golpe de Estado, com a covarde renúncia do presidente Evo Morales e todo seu staff político, empossado fraudulentamente um governo títere do imperialismo ianque, se instala no país uma enorme resistência espontânea de massas que começa a ser violentamente reprimida pelos golpistas. O POR frente a uma escolha elementar para uma corrente que se reivindica trotskista, ou seja, lutar com a forças da resistência contra o golpe (por mais heterogêneas que sejam), ou juntar-se ao bloco da reação (o que obviamente incluí o governo títere), os Loristas fixaram a segunda opção. A última edição do jornal do POR, Masas (15/11/19) afirma categoricamente que: "Evo foi derrotado pela grande mobilização popular”, negando qualquer evidência da existência de um ultra reacionário golpe cívico e militar na Bolívia, e ainda por cima em um escárnio cinico, pergunta: “Há um golpe em marcha na Bolívia?”. Isto quando o governo golpista, apoiado nas forças militares, já assassinou dezenas de ativistas da imensa resistência popular que hoje cruza todo o país andino. Entretanto para os cretinos revisionistas do POR, que ignoram o ABC do Leninismo com um discurso de fachada “esquerdista” e que na verdade representou a “quinta coluna” da oposição de direita ao antigo governo de colaboração de classes do MAS, essa realidade elementar não em nenhuma importância. Se é verdade que existiram grandes manifestações contra o governo Evo, estimuladas pelas denúncias de fraude eleitoral após o escrutínio de 20 de outubro, estes atos nunca carregaram um caráter progressista, no sentido inverso as mobilizações dirigidas pelo neoliberal Carlos Mesa e o fascista Luis Fernando Camacho assumiram um caráter pró-imperialista e racista, contra os povos originários e o proletariado urbano. Ironicamente o POR que afirmava que a classe operária boliviana já tinha superado as “ilusões eleitorais”, negando-se inclusive a apresentar-se como uma alternativa neste pleito, embarcou de “corpo e alma” nas marchas contra Evo que exigiam que se realizassem um segundo turno eleitoral, exatamente o contrário do que os poristas sustentavam... os protestos aconteceram pela reivindicação de uma nova eleição! A escandalosa posição do POR tem causado inclusive um certo desconforto político no interior de sua tendência internacional, o CERCI, não por acaso a TPOR brasileira defende a existência do golpe, ainda que de forma centrista colocou o termo entre aspas em sua primeira declaração sobre a Bolívia. Sob o manto do justo combate que o proletariado travou na oposição em mais de uma década de governo reformista burguês do MAS, o POR quer acobertar sua capitulação ao movimentismo da direita que forçou a renúncia de um covarde presidente que não tinha nenhum compromisso histórico com o socialismo marxista. 


Trotsky nos ácidos acontecimentos que precederam a revolução russa, quando a reação ameaçava derrubar o “vacilante Kerensky”, postulou a seguinte posição: “Sequer agora devemos apoiar o governo de Kerensky. Seria faltar com os princípios. Alguém fará uma objeção: não será preciso combater Kornilov? Claro que sim; mas entre combater Kornilov e apoiar Kerensky existe um limite.” O fato de corretamente não depositar um único frasco de apoio político ao governo de Evo, não poderia jamais legitimar o ingresso no bloco da oposição fascista a Frente Popular, os Leninistas deveriam estar na primeira fileira para lutar contra o golpe de Estado, sem com isso hipotecar solidariedade alguma com a conduta do MAS. Os Marxistas Leninistas não tem bola de cristal sobre o futuro, porém não são estupidos ao ponto de supor que um movimento organizado pelas forças da direita, e com um móvel reivindicativo reacionário e burguês, poderia desembocar em um “governo operário”, ao se lamentar que a queda de Evo deu lugar a ascensão da criminosa Jeanine, o POR defende a “tese” do “quanto pior melhor”, uma declaração involuntária de sua completa ignorância da teoria Marxista Leninista. Nós da LBI, desde nossas modestas forças políticas, conclamamos todos os militantes e ativistas da esquerda revolucionária, a se perfilarem na trincheira da luta contra os golpistas, pela via da ação direta em frente única com todos que estejam dispostos a abraçar esta bandeira de combate a reação fascista!