LIT/PSTU E SEU PECULIAR "COMBATE" AO GOLPE DE ESTADO NA
BOLÍVIA: APÓS DEFENDER QUE AS MANIFESTAÇÕES CONVOCADAS PELA DIREITA ERAM
“PROGRESSISTAS E DEMOCRÁTICAS” AGORA PEDE “ELEIÇÕES LIVRES”... TRUMP, OEA, MESA
E CAMACHO AGRADECEM APOIO DOS MORENISTAS PARA LEGITIMAR O “PUTSCH”
CONTRARREVOLUCIONÁRIO!
A LIT/PSTU “surpreendeu” desta vez na Bolívia. Depois de
apoiar o golpe institucional contra Dilma em 2016 no Brasil ao comemorar o
impeachment da petista como uma “grande vitória dos trabalhadores” e se unir à
direita nas manifestações pelo “Fora Maduro” na Venezuela até recentemente,
agora os Morenistas declaram “Abaixo o golpe na Bolívia! Organizar a
resistência para derrotar o golpe! Por eleições livres!” (11.11). Olhando à
primeira vista, tudo levaria a crer que a LIT/PSTU fizeram na Bolívia uma
“autocrítica na prática” da vergonhosa conduta pró-imperialista que tiveram no
Brasil e Venezuela, para não falar da Líbia e Síria onde se emblocaram com a
OTAN e seus “rebeldes” para derrubar os governos nacionalistas burgueses de
Kadaffi e Assad em nome do apoio a falsa “Revolução Árabe made in CIA”. Nada
disso, ledo engano! Antes de mais nada é preciso lembrar que a LIT-PSTU
continuam afirmando não ter havido golpe institucional no Brasil e seguem defendendo a derrubada de Maduro (que neste momento só pode vir pelas mãos da
direita), vociferando que o presidente venezuelano é um “ditador sanguinário”.
Na Bolívia, apesar de caracterizarem que “Foi consumado um golpe
contrarrevolucionário na Bolívia, dirigido por Camacho, as Forças Armadas e a
polícia, que manobraram e se utilizaram de uma mobilização popular, no início
progressiva, contra a fraude eleitoral feita por Evo Morales” os Morenistas não
abstraíram as conclusões políticas e tarefas necessárias para derrotar a
reação neofascista em curso no país altiplano. Ao contrário, caracterizam que
as mobilizações inicialmente tiveram um caráter “progressivo e democrático”
contra a suposta fraude eleitoral organizada pelo MAS, protestos que deveriam
ser apoiados mesmo que dirigidos pela direita. Nesse sentido a LIT declara “Todos
os processos com esse grau de polarização têm elementos confusos e
contraditórios. A mobilização contra a fraude eleitoral tinha em seu início um
caráter progressivo, porque tinha um conteúdo democrático contra o governo
burguês de Evo. Apesar de haver elementos reacionários com a presença de uma
direção burguesa, como Mesa. Surgiram mobilizações no início de classe média, e
depois começaram a abranger setores populares mais amplos”. Esse fictício cenário
supostamente “confuso e contraditório” montado pelos Morenistas é o mesmo que
eles criaram como justificativa para apoiar as manifestações reacionárias na
URSS e nos Estados operários do Leste Europeu que desembocaram na restauração
capitalista nos antigos estados operários ou, mais recentemente na Ucrânia,
enquanto neofascistas encabeçavam uma “revolução” (segundo a LIT) e derrubavam
as estátuas de Lênin. Assim também a LIT/PSTU atuou na Líbia chamando a
“disputar” com os monarquistas seguidores do Rei Idris os protestos direitistas
em Benzagi contra Kadaffi. Trata-se de uma farsa o que dizem ter ocorrido na
Bolívia! Desde seu início, quando entrou em uma espécie de convulsão
social devido a convocação de uma greve nacional e uma marcha para cercar La
Paz, iniciativa dos governadores departamentais da oposição de direita (Santa
Cruz e outros), com o apoio de Carlos Mesa e o aval da OEA, ficara
evidente para os Marxistas Leninistas que estava em andamento na Bolívia um processo de
desestabilização do governo Evo Morales rumo a um golpe de estado ou, no
mínimo, para obrigar a convocação de novas eleições a fim de que a vitória nas
urnas fosse de Mesa ou de um candidato ainda mais à direita. A famigerada OEA,
que supervisionava todo o processo eleitoral, já havia “aconselhado” Morales a
aceitar uma segunda volta, independente dos votos depositados nas urnas
(soberania popular). Ocorreu que Carlos Mesa e o arco político da extrema
direita comandado por Camacho intensificaram o cerco a Morales, com ações
violentas e terroristas com incendiar as sedes de vários tribunais regionais
eleitorais e locais partidários do MAS, acabando por ganhar o apoio da polícia,
das FFAA e da Casa Branca, o que levou à renúncia de Morales e sua fuga covarde
para o México. Registre-se que nesse contexto, em uma postura muito similar aos
Morenistas da LIT, que se juntaram ao imperialismo na Líbia, Brasil e Venezuela
para supostamente combater os governos nacional reformistas, o POR Lora somou
suas forças (sindicais e partidárias) com a oposição de direita a Evo Morales
em nome de “disputar as massas”. Como não havia nada de “progressivo” nos
protestos, como alega a LIT/PSTU, alertamos como Marxistas Leninistas que
estabeleceram a oposição operária e camponesa aos governos de Frente Popular,
não admitir qualquer “unidade de ação” com a extrema direita para “derrubar os
reformistas do poder”, como defendem os revisionistas do Trotskismo que desgraçadamente
enxergam “revoluções” dirigidas pela CIA e a OTAN. Atuamos com esse princípio
leninista mais uma vez na Bolívia, tudo o oposto do que fizeram os filisteus
que maculam a bandeira da IV Internacional!
Não satisfeitos em dar um verniz “progressivo” as
manifestações da direita, a LIT/PSTU apontam agora como solução para a crise o
chamado a convocação de “Eleições livres!” afirmando “Defendemos eleições livres na Bolívia,
sem restrição alguma. Não aceitamos a proibição da candidatura de Evo ou de
qualquer candidatura do MAS, que é o que o novo poder golpista está tramando.
Defendemos eleições livres para todos os trabalhadores e quaisquer setores que
queiram participar”. Eleições livres!... não era essa a exigência justamente da
direita e da OEA quando Evo estava à frente do governo, acusando-o de fraudar e
manipular as eleições que justamente por isso “não eram livres”? Agora que
houve um golpe de estado orquestrado por Trump e as FFAA falar em “eleições livres” não é somente uma piada de
mau gosto, mas uma manobra distracionista para legitimar o “putsch" contrarrevolucionário na medida que vai dar um verniz constitucional e legal a
ação tramada pela direita, polícia e as FFAA com o apoio de Trump e
seu ministério de colônias! Tanto que acaba de ocorrer a posse de uma
“presidente interina”, Jeanine Áñez, com a suposta missão de organizar as eleições
como pede a LIT enquanto as massas protestam em La Paz. Nesse sentido, a golpista Áñez declarou “Trata-se de levar adiante o
processo e convocar eleições o mais rápido possível”. A LBI denunciou desde a
disputa presidencial de 20 de outubro que as eleições burguesas na atual etapa
histórica do capitalismo, não expressam mais a verdadeira soberania popular da
época da revolução democrática, ao contrário são um instrumento de fraude
permanente (eletrônica) do voto universal. Na Bolívia nossa caracterização se
confirma dramaticamente, ou seja, como a oposição conseguiu mobilizar a
população nas ruas foi vitoriosa, independentemente do resultado eleitoral. A
única certeza que se tem neste momento é que a burguesia está em pleno controle
da situação política do país, para dar sequência ao projeto neoliberal que
hegemoniza o cenário econômico do altiplano andino, sendo o chamado a “novas
eleições” no marco do regime golpista extremamente funcional a direita e ao
imperialismo, como demonstrou as “eleições” em Honduras, Paraguay e Brasil ocorridas
após golpes institucionais, onde a extrema-direita assumiu facilmente a
presidência desses países para levar adiante um duro ajuste neoliberal contra
as massas, recorrendo a regimes de exceção como o de Bolsonaro/Moro no Brasil.
Definitivamente, a LIT/PSTU foram novamente reprovados nesse novo “teste ácido”
da luta de classes, em sua maneira “peculiar” de combater o golpe de estado na
Bolívia!
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