quarta-feira, 13 de novembro de 2019

LIT/PSTU E SEU PECULIAR "COMBATE" AO GOLPE DE ESTADO NA BOLÍVIA: APÓS DEFENDER QUE AS MANIFESTAÇÕES CONVOCADAS PELA DIREITA ERAM “PROGRESSISTAS E DEMOCRÁTICAS” AGORA PEDE “ELEIÇÕES LIVRES”... TRUMP, OEA, MESA E CAMACHO AGRADECEM APOIO DOS MORENISTAS PARA LEGITIMAR O “PUTSCH” CONTRARREVOLUCIONÁRIO!


A LIT/PSTU “surpreendeu” desta vez na Bolívia. Depois de apoiar o golpe institucional contra Dilma em 2016 no Brasil ao comemorar o impeachment da petista como uma “grande vitória dos trabalhadores” e se unir à direita nas manifestações pelo “Fora Maduro” na Venezuela até recentemente, agora os Morenistas declaram “Abaixo o golpe na Bolívia! Organizar a resistência para derrotar o golpe! Por eleições livres!” (11.11). Olhando à primeira vista, tudo levaria a crer que a LIT/PSTU fizeram na Bolívia uma “autocrítica na prática” da vergonhosa conduta pró-imperialista que tiveram no Brasil e Venezuela, para não falar da Líbia e Síria onde se emblocaram com a OTAN e seus “rebeldes” para derrubar os governos nacionalistas burgueses de Kadaffi e Assad em nome do apoio a falsa “Revolução Árabe made in CIA”. Nada disso, ledo engano! Antes de mais nada é preciso lembrar que a LIT-PSTU continuam afirmando não ter havido golpe institucional no Brasil e seguem defendendo a derrubada de Maduro (que neste momento só pode vir pelas mãos da direita), vociferando que o presidente venezuelano é um “ditador sanguinário”. Na Bolívia, apesar de caracterizarem que “Foi consumado um golpe contrarrevolucionário na Bolívia, dirigido por Camacho, as Forças Armadas e a polícia, que manobraram e se utilizaram de uma mobilização popular, no início progressiva, contra a fraude eleitoral feita por Evo Morales” os Morenistas não abstraíram as conclusões políticas e tarefas necessárias para derrotar a reação neofascista em curso no país altiplano. Ao contrário, caracterizam que as mobilizações inicialmente tiveram um caráter “progressivo e democrático” contra a suposta fraude eleitoral organizada pelo MAS, protestos que deveriam ser apoiados mesmo que dirigidos pela direita. Nesse sentido a LIT declara “Todos os processos com esse grau de polarização têm elementos confusos e contraditórios. A mobilização contra a fraude eleitoral tinha em seu início um caráter progressivo, porque tinha um conteúdo democrático contra o governo burguês de Evo. Apesar de haver elementos reacionários com a presença de uma direção burguesa, como Mesa. Surgiram mobilizações no início de classe média, e depois começaram a abranger setores populares mais amplos”. Esse fictício cenário supostamente “confuso e contraditório” montado pelos Morenistas é o mesmo que eles criaram como justificativa para apoiar as manifestações reacionárias na URSS e nos Estados operários do Leste Europeu que desembocaram na restauração capitalista nos antigos estados operários ou, mais recentemente na Ucrânia, enquanto neofascistas encabeçavam uma “revolução” (segundo a LIT) e derrubavam as estátuas de Lênin. Assim também a LIT/PSTU atuou na Líbia chamando a “disputar” com os monarquistas seguidores do Rei Idris os protestos direitistas em Benzagi contra Kadaffi. Trata-se de uma farsa o que dizem ter ocorrido na Bolívia! Desde seu início, quando entrou em uma espécie de convulsão social devido a convocação de uma greve nacional e uma marcha para cercar La Paz, iniciativa dos governadores departamentais da oposição de direita (Santa Cruz e outros), com o apoio de Carlos Mesa e o aval da OEA, ficara evidente para os Marxistas Leninistas que estava em andamento na Bolívia um processo de desestabilização do governo Evo Morales rumo a um golpe de estado ou, no mínimo, para obrigar a convocação de novas eleições a fim de que a vitória nas urnas fosse de Mesa ou de um candidato ainda mais à direita. A famigerada OEA, que supervisionava todo o processo eleitoral, já havia “aconselhado” Morales a aceitar uma segunda volta, independente dos votos depositados nas urnas (soberania popular). Ocorreu que Carlos Mesa e o arco político da extrema direita comandado por Camacho intensificaram o cerco a Morales, com ações violentas e terroristas com incendiar as sedes de vários tribunais regionais eleitorais e locais partidários do MAS, acabando por ganhar o apoio da polícia, das FFAA e da Casa Branca, o que levou à renúncia de Morales e sua fuga covarde para o México. Registre-se que nesse contexto, em uma postura muito similar aos Morenistas da LIT, que se juntaram ao imperialismo na Líbia, Brasil e Venezuela para supostamente combater os governos nacional reformistas, o POR Lora somou suas forças (sindicais e partidárias) com a oposição de direita a Evo Morales em nome de “disputar as massas”. Como não havia nada de “progressivo” nos protestos, como alega a LIT/PSTU, alertamos como Marxistas Leninistas que estabeleceram a oposição operária e camponesa aos governos de Frente Popular, não admitir qualquer “unidade de ação” com a extrema direita para “derrubar os reformistas do poder”, como defendem os revisionistas do Trotskismo que desgraçadamente enxergam “revoluções” dirigidas pela CIA e a OTAN. Atuamos com esse princípio leninista mais uma vez na Bolívia, tudo o oposto do que fizeram os filisteus que maculam a bandeira da IV Internacional!

Não satisfeitos em dar um verniz “progressivo” as manifestações da direita, a LIT/PSTU apontam agora como solução para a crise o chamado a convocação de “Eleições livres!” afirmando “Defendemos eleições livres na Bolívia, sem restrição alguma. Não aceitamos a proibição da candidatura de Evo ou de qualquer candidatura do MAS, que é o que o novo poder golpista está tramando. Defendemos eleições livres para todos os trabalhadores e quaisquer setores que queiram participar”. Eleições livres!... não era essa a exigência justamente da direita e da OEA quando Evo estava à frente do governo, acusando-o de fraudar e manipular as eleições que justamente por isso “não eram livres”? Agora que houve um golpe de estado orquestrado por Trump e as FFAA falar em “eleições livres” não é somente uma piada de mau gosto, mas uma manobra distracionista para legitimar o “putsch" contrarrevolucionário na medida que vai dar um verniz constitucional e legal a ação tramada pela direita, polícia e as FFAA com o apoio de Trump e seu ministério de colônias! Tanto que acaba de ocorrer a posse de uma “presidente interina”, Jeanine Áñez, com a suposta missão de organizar as eleições como pede a LIT enquanto as massas protestam em La Paz. Nesse sentido, a golpista Áñez declarou “Trata-se de levar adiante o processo e convocar eleições o mais rápido possível”. A LBI denunciou desde a disputa presidencial de 20 de outubro que as eleições burguesas na atual etapa histórica do capitalismo, não expressam mais a verdadeira soberania popular da época da revolução democrática, ao contrário são um instrumento de fraude permanente (eletrônica) do voto universal. Na Bolívia nossa caracterização se confirma dramaticamente, ou seja, como a oposição conseguiu mobilizar a população nas ruas foi vitoriosa, independentemente do resultado eleitoral. A única certeza que se tem neste momento é que a burguesia está em pleno controle da situação política do país, para dar sequência ao projeto neoliberal que hegemoniza o cenário econômico do altiplano andino, sendo o chamado a “novas eleições” no marco do regime golpista extremamente funcional a direita e ao imperialismo, como demonstrou as “eleições” em Honduras, Paraguay e Brasil ocorridas após golpes institucionais, onde a extrema-direita assumiu facilmente a presidência desses países para levar adiante um duro ajuste neoliberal contra as massas, recorrendo a regimes de exceção como o de Bolsonaro/Moro no Brasil. Definitivamente, a LIT/PSTU foram novamente reprovados nesse novo “teste ácido” da luta de classes, em sua maneira “peculiar” de combater o golpe de estado na Bolívia!

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