Enquanto a América Latina está um barril de pólvora com os trabalhadores indo às ruas para derrotar os ataques de seus governos, a serviço do imperialismo, no Brasil, a direita fascista do governo Bolsonaro sente-se bem à vontade para incrementar suas reformas neoliberais contra os direitos dos trabalhadores sem qualquer resistência das direções sindicais da CUT/CTB que, com sua política de colaboração de classes e de lobby parlamentar, abandonam os trabalhadores à própria sorte como foi no caso no caso da reforma da previdência. Não por acaso, as Estatais estão na mira da privatização como é o caso da Caixa Econômica Federal que está sendo fatiada e privatizada aos pouquinhos. Já venderam a Loteria Instantânea Exclusiva (LOTEX) a preço de banana e anunciaram que vão abrir ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) de suas subsidiárias como cartões, seguridade, loterias etc. Diante da privatização fatiada da Caixa, o conjunto das direções sindicais não organizam nacional e unificadamente a resistência dos trabalhadores aos ataques da direita fascista e suas reformas neoliberais. Tratam apenas de sabotar a luta desviando-a para as surradas audiências inúteis, reuniões superestruturais, lobbies parlamentares, sem se preocupar com a mobilização interna e real unidade da categoria com seus principais aliados que são os demais trabalhadores. E até mesmo a peça publicitária e a campanha nacional #acaixaétodasua revela o caráter policlassista e distracionista da iniciativa. Afinal, a Caixa não é do trabalhador, portanto não é nossa. É deles! Mas sendo uma Estatal está sob o controle do Estado deles (burguês) a serviço do capital financeiro e do mercado, servindo para financiar os empreendimentos capitalistas!
O objetivo das privatizações, impostas pelo imperialismo, além de oxigenar os investimentos em benefício do grande capital, é colocar sob controle direto dos grandes grupos econômicos estrangeiros setores da economia nacional. A luta em defesa das estatais só pode ser tomada desse ponto de vista. Aqueles que reivindicam a defesa das estatais em nome de seu papel “social” camuflam e retiram o caráter de classe (burguês) desse papel “social” que é o financiamento da propriedade privada capitalista. Por isso, a defesa da não privatização, pura e simplesmente, não elimina a sua função de instrumento do grande capital. Defendemos que para manter a caixa 100% pública é preciso, primeiro, uma clara delimitação programática que resgate, por exemplo, a bandeira histórica, abandonada por essa burocracia traidora, de defesa do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores, única garantia contra o parasitismo financeiro, responsável pelos gigantescos lucros dos banqueiros que só, no primeiro semestre de 2019, atingiu a cifra de R$ 42,9 bilhões (BB, Bradesco, Itaú e Santander).A Caixa por sua vez também teve lucro recorde de R$ 8,1bilhões, um crescimento 22,2% maior do que no ano anterior. É preciso avançar na defesa das estatais e apontar uma política de independência de classe, capaz de orientar-se pela ação direta dos trabalhadores, numa perspectiva de construir a greve geral com uma plataforma de reinvindicações de classe como estatização sob controle dos trabalhadores, estabilidade no emprego, abaixo o governo da direita fascista de Bolsonaro, por um governo operário e camponês e pelo socialismo.
A defesa das estatais é fundamental para uma efetiva independência nacional que não será conquistada nos marcos de um controle capitalista (controle social) da empresa ou por seu “papel social”, nem do próprio Estado burguês. Nesse sentido, a única medida alternativa para pôr fim ao parasitismo do capital financeiro sobre o país é a completa estatização dos bancos sob controle dos trabalhadores. Na verdade, a paralisia da CUT/CTB é apenas o reflexo do grau de integração desses setores ao Estado burguês, motivo pelo qual são incapazes de unificar e centralizar de forma independente as iniciativas dispersas dos trabalhadores, colaborando com os violentos ataques do fascista Bolsonaro e do imperialismo que aniquilam as mais elementares conquistas sem nenhum sinal de resistência real. É preciso que os trabalhadores rompam com a orientação reformista da CUT/CTB que colocam-se como meros conselheiros dos capitalistas democráticos e moralizadores do Estado burguês. É preciso convocar um Encontro Nacional de Base dos Bancos Públicos, amplo e democrático, para aprovar um plano de lutas unitário e os próprios métodos históricos de combate como paralisações, greves, passeatas, piquetes etc. para a defesa do emprego e das estatais do ponto de vista da independência de classe e que culmine numa poderosa greve geral capaz de pôr abaixo o governo do fascista Bolsonaro e seus ataques às condições de vida e trabalho da classe trabalhadora.
Augusto César (CEF)
Eduardo Maia (CEF)
Hyrlanda Moreira (Bradesco)
MOB - Movimento de Oposição Bancária