Marinheiros tripulantes a bordo do navio “Minas Geraes” da
frota brasileira começaram a planejar uma revolta alguns anos antes de 1910. As
condições dos militares rasos eram as piores possíveis, submetidos a humilhação
e castigos físicos por parte dos oficiais da Marinha, considerados como uma
elite das Forças Armadas brasileiras. João Cândido, embarcado no “Minas
Gerares”, era um marinheiro experiente que mais tarde se tornaria o líder da
histórica Revolta da Chibata eclodida em 22 de novembro de 1910. A revolta
começou logo após as brutais 250 chibatadas dadas a Marcelino Rodrigues
Menezes, um marinheiro afro-brasileiro alistado regularmente, pena aplicada por
supostamente ferir deliberadamente um companheiro de mar com uma lâmina de
barbear. Um observador do governo brasileiro, o ex-capitão da Marinha José
Carlos de Carvalho, disse ao presidente do Brasil que as costas de Menezes
pareciam "uma tainha aberta para salgar."
A Marinha servia como "depósito" para milhares de
jovens negros, pobres e, às vezes órfãos, que estavam presos nas
"escórias" das periferias das cidades brasileiras, e dos quais muitos
tinham cometido ou eram suspeitos de cometer pequenos crimes.
Uma porcentagem significativa dos marinheiros tripulantes de navios estacionados no Rio de Janeiro, talvez de 1 500 a 2000, se revoltaram às 22h de 22 de novembro. Os marinheiros começaram o protesto a bordo do Minas Geraes, onde o comandante e vários membros da tripulação leais ao governo foram mortos, e os tiros a bordo alertaram os outros navios no porto que a revolta tinha começado. A meia-noite, os rebeldes tinham a embarcação “São Paulo”, o novo cruzador “Bahia” e o navio de defesa costeira “Deodoro” sob controle, com o "almirante" João Cândido no comando político geral da revolta. Antes da meia-noite de 22 de novembro, os rebeldes enviaram um telegrama ao presidente da república que dizia: "Não queremos o retorno da chibata. Isto é o que pedimos ao Presidente da República, Hermes da Fonseca, e ao Ministro da Marinha. Queremos uma resposta imediata. Se não recebermos tal resposta, destruiremos a cidade e os navios que não são revoltantes”. Durante a manhã, os navios rebeldes dispararam contra vários fortes militares localizados em torno da Baía de Guanabara, juntamente com o arsenal naval e as bases da Ilha das Cobras e da Ilha de Villegagnon, Niterói, e do palácio presidencial do Catete. Na tarde de 23 de novembro, o Congresso Brasileiro começou a trabalhar em um projeto de lei que concederia anistia a todos os marinheiros envolvidos e acabaria com o uso de castigos corporais na Marinha. A anistia foi aprovada pela Câmara dos Deputados por uma votação de 125 a 23. Sob a ameaça de ter um veto derrubado, pressionado o presidente Hemes da Fonseca sancionou a anistia para os revoltosos. Muitos participantes da gloriosa rebelião de 1910 ligaram-se anos depois ao movimento comunista revolucionário. O marinheiro Normando, comandante de um dos navios rebelados, ingressou nas fileiras do Partido Comunista do Brasil. Em 1924, os marinheiros novamente sublevaram-se no encouraçado São Paulo. Em 1935, incorporaram-se às centenas à luta da Aliança Nacional Libertadora e mais tarde, em 1964, compuseram a linha de frente da resistência contra a ditadura militar. Ainda na década de 1970, a reação fascista destilava seu veneno odioso contra João Cândido e seus companheiros. A censura do governo militar mutilou a bela música de João Bosco e Aldir Blanc, O mestre sala dos mares, trocando as palavras marinheiro por feiticeiro, almirante por navegante, bloco de fragatas por alegria das regatas...A extraordinária experiência vivida pela rebelião dos militares de baixa patente da Marinha brasileira há 109 anos atrás, coloca para Marxistas Leninistas a tarefa da organização revolucionária dos soldados e marinheiros diretamente contra o Estado Burguês e seu Alto Comando, que passado mais de um século mantém as mesmas características racistas e reacionárias da nossa elite dominante capitalista. Somente a revolução socialista poderá abolir definitivamente o “ranço” do racismo presente em todas as instituições republicanas deste país.
Uma porcentagem significativa dos marinheiros tripulantes de navios estacionados no Rio de Janeiro, talvez de 1 500 a 2000, se revoltaram às 22h de 22 de novembro. Os marinheiros começaram o protesto a bordo do Minas Geraes, onde o comandante e vários membros da tripulação leais ao governo foram mortos, e os tiros a bordo alertaram os outros navios no porto que a revolta tinha começado. A meia-noite, os rebeldes tinham a embarcação “São Paulo”, o novo cruzador “Bahia” e o navio de defesa costeira “Deodoro” sob controle, com o "almirante" João Cândido no comando político geral da revolta. Antes da meia-noite de 22 de novembro, os rebeldes enviaram um telegrama ao presidente da república que dizia: "Não queremos o retorno da chibata. Isto é o que pedimos ao Presidente da República, Hermes da Fonseca, e ao Ministro da Marinha. Queremos uma resposta imediata. Se não recebermos tal resposta, destruiremos a cidade e os navios que não são revoltantes”. Durante a manhã, os navios rebeldes dispararam contra vários fortes militares localizados em torno da Baía de Guanabara, juntamente com o arsenal naval e as bases da Ilha das Cobras e da Ilha de Villegagnon, Niterói, e do palácio presidencial do Catete. Na tarde de 23 de novembro, o Congresso Brasileiro começou a trabalhar em um projeto de lei que concederia anistia a todos os marinheiros envolvidos e acabaria com o uso de castigos corporais na Marinha. A anistia foi aprovada pela Câmara dos Deputados por uma votação de 125 a 23. Sob a ameaça de ter um veto derrubado, pressionado o presidente Hemes da Fonseca sancionou a anistia para os revoltosos. Muitos participantes da gloriosa rebelião de 1910 ligaram-se anos depois ao movimento comunista revolucionário. O marinheiro Normando, comandante de um dos navios rebelados, ingressou nas fileiras do Partido Comunista do Brasil. Em 1924, os marinheiros novamente sublevaram-se no encouraçado São Paulo. Em 1935, incorporaram-se às centenas à luta da Aliança Nacional Libertadora e mais tarde, em 1964, compuseram a linha de frente da resistência contra a ditadura militar. Ainda na década de 1970, a reação fascista destilava seu veneno odioso contra João Cândido e seus companheiros. A censura do governo militar mutilou a bela música de João Bosco e Aldir Blanc, O mestre sala dos mares, trocando as palavras marinheiro por feiticeiro, almirante por navegante, bloco de fragatas por alegria das regatas...A extraordinária experiência vivida pela rebelião dos militares de baixa patente da Marinha brasileira há 109 anos atrás, coloca para Marxistas Leninistas a tarefa da organização revolucionária dos soldados e marinheiros diretamente contra o Estado Burguês e seu Alto Comando, que passado mais de um século mantém as mesmas características racistas e reacionárias da nossa elite dominante capitalista. Somente a revolução socialista poderá abolir definitivamente o “ranço” do racismo presente em todas as instituições republicanas deste país.