Diante do fato de Marcelo Freixo (PSOL) ter fechado uma
frente eleitoral com o PT para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro, a
direção do PCB logo saiu em busca de outros parceiros eleitorais burgueses e
costura uma aliança com ninguém menos com o PDT do oligarca reacionário Ciro
Gomes. De olho nas eleições municipais de 2020, PSB, PCB, PCdoB e PDT
realizaram uma atividade conjunta na sexta-feira passada (08.11) ensaiando a
unidade em torno da deputada estadual e delegada de polícia Martha Rocha (PDT-RJ)
para a disputa da prefeitura. Além de Marta Rocha e o PCB, representado por
dirigentes do partido como Eduardo Serra, estiveram presentes no Seminário “Um
Programa para o Rio”, Alessandro Molon (PSB) e Brizola Neto (PCdoB) com o
objetivo de elaborar a plataforma eleitoral de colaboração de classes da
almejada “frente ampla de resistência”... nas urnas. Tanto que Molon declarou
“este encontro reforça a importância de uma unidade política para venceremos a
eleição e segurarmos a caneta em 2021. Quem está mais perto do segundo turno,
não necessariamente tem a chance de vencê-lo. É preciso trazer as outras
esquerdas para cá, e também o centro”. Também o pré-candidato Brizola Neto, do
PCdoB, afirmou: “temos uma abundância de nomes, mas a unidade é que vence eleição”.
Como podemos ver, o PCB que tanto apregoa de boca a luta por uma “Frente de
resistência” está costurando na verdade uma ampla frente burguesa com
golpistas, o PDT do neocoronel Ciro Gomes e o desmoralizado PCdoB de Jandira
Fegalli, ou seja, com a ala direita da Frente Popular que não deseja aderir à
candidatura de Freixo, que anunciou após o encontro com Lula que tinha o apoio
do PT para disputar a prefeitura do Rio. O mais cínico é que no site do partido
há um artigo “O PCB RJ e as Eleições de 2020” (04.11) em que por trás de
generalidades distracionistas para enganar bobos e ingênuos afirma: “O PCB ainda
não possui candidato(a) a prefeito do Rio de Janeiro. Queremos discutir
programa, não apenas para construções políticas futuras, mas também para evitar
equívocos cometidos pelo chamado campo progressista no passado recente, em que
a matemática eleitoral se sobrepôs às discussões programáticas”. Obviamente
essa crítica está direcionada a Freixo e ao PSOL que no meio da campanha
eleitoral de 2018 fez a dobradinha com o PT para o Senado (Lindberg Farias e
Chico Alencar), relegando ao “esquecimento” a candidata Marta Barçante (PCB).
Ocorre que longe de tirar as lições da política oportunista do PSOL...o PCB
tratou de dar uma guinada ainda mais à direita, sinalizando que pode se abrigar
na frente burguesa com PSB, PDT e PCdoB encabeçada por uma delegada de polícia!
Esse é mais um capítulo da trajetória errante do PCB. A
origem desse processo é que a orientação levada a cabo pela atual direção do
PCB após a ruptura com Salomão Malina, Sérgio Arouca e Roberto Freire em 1992
foi a do reformismo burguês. Logo em 1994, o PCB apoiou a candidatura petista
atacando o "sectarismo e o esquerdismo" daqueles que denunciavam o
caráter burguês da postulação de Lula, orientação que permaneceu até 2002,
mesmo com o PT tendo como candidato a vice-presidente o megaempresário José
Alencar, sendo porta-voz de um programa abertamente pró-imperialista expresso
na "Carta aos Brasileiros" (leia-se aos banqueiros). Após ter rompido
com o governo Lula em 2005, devido à "crise do mensalão", quando o
PCB avaliava que a gestão da frente popular iria naufragar, o partido passou a
patrocinar o eleitoralismo pequeno-burguês em torno da "frente de esquerda"
com o PSTU e PSOL. Tanto que apoiou Heloísa Helena em 2006, paladina de um
programa de reformas no regime político democratizante bastardo de corte
nacional-desenvolvimentista, mesclado com traços reacionários de defesa
ferrenha da Constituição. Tanto Lula como Dilma tiveram o apoio do PCB nos
segundos turnos das eleições presidenciais de 2006 e 2010 ao lado das demais
legendas que representam o serviçal espectro stalinista em nosso país (PCdoB,
PCR, PCML-Inverta), recorrendo ao surrado e cômodo pretexto de "derrotar a
direita demo-tucana". Em 2018 o PCB embarcou em uma aliança com o PSOL em
apoio à candidatura social democrata Boulus, com atual Secretário-Geral do PCB,
Edmilson Costa, fazendo do partido uma sub-legenda do PSOL, mas acabou sendo
desprezado por este como vimos no caso do Rio de Janeiro. O PCB ainda flerta
com traços político-ideológicos baseados no marxismo-leninismo, porém sua
demagogia classista e "comunista" está a serviço de encobrir na
prática sua política reformista burguesa e de colaboração de classes, que se
expressam na participação até pouco tempo em administrações petistas e nas
alianças com o PSOL, que não tem um programa de ruptura revolucionária com a
ordem burguesa ao contrário é refém do circo eleitoral fraudado da democracia
dos ricos. Agora no Rio de Janeiro, a direção do PCB dá mais um passo para
entrar de cabeça em alianças burguesas ainda mais podres e direitistas!