O presidente da Bolívia, Evo Morales, acaba de anunciar na
manhã deste domingo (10.11) que decidiu convocar novas eleições presidenciais, capitulando
vergonhosamente a chantagem do imperialismo ianque e seu “ministério das colônias”
(OEA), abrindo objetivamente assim o caminho para a vitória da direita pela via
das urnas. Após semanas de enfrentamentos nas ruas, onde o MAS esteve sempre
acuado pelas manifestações direitistas, onde correram até a ataques
terroristas, Evo capitulou, anunciando. “Decidi convocar novas eleições que
mediante ao voto permitam ao povo boliviano eleger democraticamente suas novas
autoridades, incorporando novos atores políticos”. Ele disse também que vai “renovar
a totalidade de membros do Tribunal Superior Eleitoral; nas próximas horas a
Assembleia Legislativa Plurinacional, em concordância com todas as forças
políticas estabelecerá os procedimentos para isso. Quero pedir para baixarmos
toda a tensão. Todos temos a obrigação de pacificar a Bolívia”. O anúncio veio
logo depois que a OEA afirmou haver irregularidades na eleição presidencial do
dia 20 de outubro, quando Evo foi reeleito em primeiro turno com pequena margem
em meio a denúncias de fraude eleitoral. Também contou bastante o fato de parte
das FFAA e de setores da polícia aderirem ao chamado da direita para derrubar o
governo, como denunciou o Ministério das Relações Exteriores do Estado
Plurinacional da Bolívia: “Em 8 de novembro de 2019, o líder cívico de Santa
Cruz, Fernando Camacho, ratificou publicamente seu pedido de interrupção da
ordem constitucional, exortando as Forças Armadas e a Polícia Nacional a
ignorarem o Governo Constitucional e exigindo a renúncia do Presidente Evo
Morales Ayma. Além disso, em 8 de novembro, alguns grupos policiais do país se
retiraram para suas unidades policiais, abandonando seu papel constitucional de
garantir a segurança da sociedade e das instituições estatais. O Governo do
Estado Plurinacional da Bolívia ratifica sua vocação pacifista; e exorta os
diferentes atores políticos a depor seus atos de violência e / ou confrontos
com o objetivo de quebrar a ordem constitucional”. Durante os 14 anos do
governo da Frente Popular na Bolívia, Morales sempre procurou uma aproximação
comercial com os EUA, firmando acordos que beneficiavam os trustes
imperialistas de mineração, em troca de pequenas “vantagens” para poder
implantar projetos de compensação social. Mas com o aguçamento da crise
capitalista, a “pequena gordura” acumulada pelo governo do MAS logo se
derreteu, gerando um enorme descontentamento nacional com a política de
colaboração de classes de Evo, resultando na eleição presidencial mais
“acirrada” dos últimos quinze anos repleta de denúncias de fraude. A
caracterização da LBI se confirmou dramaticamente, ou seja, como a oposição burguesa
conseguiu mobilizar a população nas ruas inclusive contando com o auxílio
vergonhoso do POR (Lora) e de parte das direções sindicais, obrigou Evo a
convocar novas eleições, o que na prática significa abrir caminho para uma transição
eleitoral para colocar a direita no governo pela via eleitoral, “pacificando a
Bolívia” como apregoou um Evo já derrotado. Esse desfecho ocorreu porque o MAS
negou-se a chamar uma frente única de luta direta das massas para derrotar as
mobilizações direitistas e neofascistas. Desta forma, a burguesia que sempre
esteva em pleno controle da situação política do país, sustentando a própria
gestão de centro-esquerda de Evo que iria para o quarto mandato, agora deve dar
sequência ao projeto neoliberal que hegemoniza o cenário econômico do altiplano
andino tendo a cabeça Carlos Mesa ou mesmo um candidato ainda mais à direita.
Neste momento, diante da capitulação do MAS, o POR (Lora) e as hordas fascistas da elite racista boliviana estão nas ruas comemorando juntos. No seu jornal Masas (08.11) o POR declara “Assistimos à queda iminente do governo de Evo Morales” e celebra “O motim da polícia marca o fim do governo ruivinho. Tudo indica que a sua queda já é apenas uma questão de tempo, a não ser que em sua doentia ânsia de agarrarmos ao poder pretenda afogar em sangue a rebelião popular o que não faria mais do que acelerar a sua queda como aconteceu com Goni.... Agora Evo Morales transformou-se em um déspota antipopular, endeusado pelos seus bajuladores, está prestes a ser atirado do poder pela rebelião popular que não tolera a corrupção e a impostura masista em nome do povo oprimido e dos trabalhadoress. Às massas mobilizadas nas ruas, especialmente à juventude que incansavelmente se mantém em luta, une-se a determinação de conseguir que Evo se vá e nada mais”. Os Marxistas Leninistas que estabeleceram a oposição operária e camponesa aos governos de Frente Popular e em particular a gestão de Evo Morales, não admitimos qualquer “unidade de ação” com a extrema direita para “derrubar os reformistas do poder”, desgraçadamente o POR aderiu às “teses” revisionistas dos Morenistas que enxergam “revoluções” dirigidas pela CIA e a OTAN. Em oposição a esse caminho suicida, os Marxistas Revolucionários da LBI, que defendemos o Voto Nulo nas eleições presidenciais e depois, quando a direita partiu para o ataque com manifestações terroristas, estabelecemos frente única de ação com o MAS e os setores da COB que se lavantaram contra os neofascistas, agora diante da capitulação de Evo declaramos que a classe trabalhadora e os setores populares devem superar Morales e todo o circo eleitoral da burguesia que buscará impor um novo homem da direita na presidência, lutando para forjar sua própria alternativa de poder por meio de um Congresso de Trabalhadores do campo e da cidade, com delegados democraticamente eleitos pela base, que coloque na ordem do dia a questão de um poder revolucionário dos explorados como alternativa à Frente Popular e a direita!