sábado, 9 de novembro de 2019

31 ANOS DO MASSACRE NA CSN: HERÓICA RESISTÊNCIA OPERÁRIA FOI BRUTALMENTE REPRIMIDA PELO EXÉRCITO DA “NOVA REPÚBLICA” DE SARNEY... HONRAR OS OPERÁRIOS QUE TOMBARAM NA GREVE COMBATENDO HOJE O NEOFASCISTA BOLSONARO ATRAVÉS DA LUTA DIRETA DOS TRABALHADORES!


No dia 9 de novembro de 1988, três metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda foram brutalmente assassinados por terem feito parte de uma greve histórica contra o governo Sarney e por novas conquistas. William Fernandes Leite, 22 anos, morreu com tiro de metralhadora no pescoço, Valmir Freitas Monteiro, 27 anos, com tiro de metralhadora nas costas e Carlos Augusto Barroso, 19 anos, com esmagamento de crânio. Outros 31 ficaram feridos. O saldo foi resultado da invasão de soldados do Exército de vários quartéis do estado do Rio de Janeiro e do Batalhão de Choque da Polícia Militar para reprimir uma manifestação em frente ao escritório central da usina e para pôr fim à greve dos trabalhadores que questionava o governo da chamada “Nova República”. O gerente burguês mandou o exército para dispersar a manifestação que ocorria no local e os policiais invadiram a usina, ocupada pelos funcionários, agindo com uma truculência que resultou no massacre da CSN. Lembremos que no dia 7 de novembro de 1988, os operários da CSN entraram em greve sob o comando do sindicato dos metalúrgicos controlado por Juarez Antunes, um conciliador de classes que foi deputado federal e depois eleitor prefeito de Volta Redonda pelo PDT. 


A greve geral na cidade de Volta Redonda foi pela implementação do turno de seis horas, pela reintegração dos trabalhadores demitidos na greve de 1987 e pelo pagamento da URV dos trabalhadores. O movimento foi extremamente forte, as mulheres nos bairros impediam que as vans da CSN fossem buscar os maridos para trabalhar com piquetes pelas ruas de Volta Redonda e as Associações de Moradores realizavam barricadas para que os ônibus e outros transportes da CSN não pudessem rodar enquanto a empresa não negociasse com os trabalhadores. Os jovens estudantes, principalmente os que estudavam nas escolas técnicas e pública também tiveram participação muito ativa, construindo ativamente os processos de mobilização da greve. As comunidades de base foram outros elementos fundamentais, havia um trabalho de base muito forte organizado pelas igrejas sobre a importância de se construir mobilizações nos bairros e quase toda a cidade participava de alguma forma.



O exército foi mobilizado para desbaratar a greve, que se mantivera firme. Na tentativa de reprimir o movimento, o terceiro comando do Exército ficava alojado no andar mais alto do escritório central e utilizava feixes de luz sobre os locais com alguma aglomeração de pessoas para que a polícia agisse contra qualquer possibilidade de movimento reivindicatório. Muitos dos soldados eram até filhos dos operários que lá estavam trabalhando. Entretanto, a truculência do exército contra o movimento dos trabalhadores foi tanta que, ao final das ações militares contra a greve, três operários foram assassinados pelo exército e dezenas de pessoas ficaram feridas.


Na época foi construído um memorial na Avenida 1º de Maio em homenagem aos três trabalhadores assassinados pelo exército durante a greve. O monumento, que tinha sido projetado por Oscar Niemeyer, foi explodido com bombas durante uma madrugada e até hoje não se sabe com certeza quem realizou o atentado. Como forma de recordar também o atentado contra uma manifestação legítima e democrática dos trabalhadores da cidade, o memorial foi levantado e recolocado no mesmo lugar sem qualquer restauração, carregando ainda as marcas das bombas.


Não houve poder bélico capaz de impedir que as reivindicações fossem atendidas. A partir dali, a jornada de trabalho dos operários da CSN passaria para 6 horas diárias. Desde essa conquista, todas as vezes em que se colocou em pauta a possibilidade de ampliar novamente essa jornada de trabalho, os trabalhadores com a solidariedade da maioria da cidade de Volta Redonda conseguiram frear esse processo. A nova tentativa da CSN, agora privatizada, de tentar aumentar a carga horária já exaustiva dos trabalhadores de Volta Redonda é reflexo de um conjunto de retiradas de direitos sociais que se expressam por todo o país, através da Reforma Trabalhista e da Previdência. A fórmula capitalista para os momentos de crise é sempre a mesma, retirar direitos dos trabalhadores como meio de manter as suas taxas de lucro, por essa razão devemos honrar a memória dos 3 operários que foram assassinados pelo Exército, através da luta direta contra o governo neofascista de Bolsonaro.