Com barricadas incendiárias em várias partes do Chile, a Greve
Geral começou nesta terça-feira (12). A convocação para paralisação ocorre
quatro semanas após o início dos primeiros protestos sociais, com ataques a
estações de metrô de Santiago, saques a lojas e a supermercados e enormes
manifestações de rua. Trata-se de uma demonstração de força popular nas ruas de
todo o país: uma greve geral que paralisou Santiago, as 15 capitais regionais e
mais de 100 outras cidades do país, mobilizaram mais de um milhão de pessoas
contra o atual governo e o modelo econômico neoliberal vigente no país. A
paralisação foi convocada pela CUT. Na noite de domingo (10), Piñera anunciou
que iniciaria nesta semana um processo de reforma constitucional que chamou de
“congresso constituinte”, sem dar maiores detalhes sobre a fórmula, mas
descartando que se tratasse de uma assembleia constituinte, como reivindica as
direções reformistas (PS, PC, CUT). A massividade dos eventos desta terça deixa
claro qual é a resposta das ruas a esta iniciativa. A proposta constitucional
foi a terceira tentativa de Piñera de oferecer mudanças cosméticas em troca de
um “acordo de união nacional”. A primeira foi no dia 28 de outubro, com uma
reforma ministerial, e a segunda foi na semana passada, no dia 6 de novembro,
quando lançou um projeto para estabelecer uma renda mínima. Ambos também
tiveram, como resposta, marchas massivas que aconteceram dias depois. Nesta
segunda-feira (11), o senador do PS, Alejandro Guillier, que foi o rival de
Piñera no segundo turno em 2017, propôs que o presidente renunciasse, em
conjunto com todos os senadores e deputados do país, e que fossem convocadas
eleições gerais. “Para construir um novo Chile, você deve tomar a iniciativa de
chamar a eleições antecipadas à Presidência da República e à totalidade do
Congresso Nacional (…) nessas mesmas eleições gerais, os chilenos e as chilenas
deverão poder decidir o mecanismo para a nova Constituição”, solicitou o
senador, em mensagem por Twitter direcionada ao presidente. Frente ao ascenso
em curso, a política do PS, PC e da CUT tem
sido reivindicar eleições antecipadas ou mesmo a convocação de uma Assembleia Constituinte com Piñera, ou
seja, um processo completamente controlado pelas cambaleantes instituições do
regime político burguês. Esta orientação é uma completa traição a heroica luta
dos trabalhadores e do povo oprimido que exige a derrubada do facínora e a
superação do parlamento como “árbitro” da crise. O que está colocado é
construir os cordões operários rumo a um governo revolucionário dos explorados!
Nessa senda, a convocatória de uma Constituinte somente tem um caráter
progressivo e de ruptura com a ordem burguesa se impulsionada por um novo poder
operário na cabeça do novo Estado para elaborar uma Constituição Socialista que
sente as bases políticas, econômicas e jurídicas de um novo regime sobre os
escombros das velhas instituições capitalistas (justiça, FFAA, parlamento). A
bandeira de “Constituinte” no abstrato está unindo toda a esquerda, desde o PC
stalinista, passando por grupos mais à esquerda do Chile como o PC (AP) e o MIR
chegando aos revisionistas do trotskismo como o PTS argentino até mesmo a
tendência de Altamira no PO. Eles defendem a convocação de uma “Assembleia
Constituinte” no Chile sem deixar claro que quem deve convocar a Constituinte é
um novo governo revolucionário parido diretamente das manifestações em curso e
não o moribundo Piñera, o que consistiria em uma manobra para recompor o regime
burguês em crise e não para colocá-lo abaixo. Para vencer nesse momento crucial
os setores mais conscientes da vanguarda devem avançar na construção de organismo
de poder dos trabalhadores, com comitês de autodefesa armados que tenham como
estratégia a revolução proletária que aniquile de forma revolucionária as
instituições apodrecidas do regime político e particularmente as FFAA! Faz-se
necessário, criar as condições para que os trabalhadores tomem o poder político
e econômico, assim como os meios de comunicação e os bancos, tarefa que depende
da construção dos cordões operários para edificarem um Governo Revolucionário, o que não passa pelo circo burguês das eleições antecipadas como apregoa a Frente Popular!