Em 1937, o Comitê Regional Paulista divergiu da linha preconizada pelo Comitê Central a respeito das eleições presidenciais. A divergência se aprofundou e levou a sérias discussões e a perseguição política. Com o apoio da Internacional Comunista, Lauro Reginaldo da Rocha (Bangu), Secretário-Geral do Comitê Central, venceu a disputa: os divergentes de São Paulo foram expulsos do partido sob a acusação de renegados trotskistas, a mais infamante para um militante comunista naquele período, onde os PC´s seguiam fielmente as ordens de Stálin. Ao travar-se a luta interna nenhum dos divergentes do Comitê Regional paulista era trotskista e, em seguida, apenas um deles — Hermínio Sacchetta — aderiu ao trotskismo. Nesse período Carlos Marighella foi enviado a São Paulo pelo Comitê Central, em 1938, a fim de fortalecer a direção regional na luta contra os “fracionistas trotskistas”. Depois elege-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, mas teve o mandato cassado em 1948, em virtude da nova proscrição do partido.
A nova geração da Juventude Bolchevique ao lado da "velha guarda" trotskista da LBI |
Após o golpe militar de 1964, Carlos Marighella foi baleado e preso por agentes do DOPS no Rio de Janeiro. Libertado em 1965, começa a divergir da política do PCB diante do regime militar. Criticando o imobilismo da direção, que ficava à espera de espaços para a atuação política dentro das regras e dos limites impostos pelo próprio regime ditatorial, solicitou seu desligamento da Comissão Executiva em dezembro de 1966, anunciando sua disposição de lutar revolucionariamente contra a ditadura. Em 1967, na Conferência Estadual de São Paulo, as posições de Marighella são esmagadoramente vitoriosas (33 a 3) sobre o restante do Comitê Central, mesmo tendo como opositor o próprio Luiz Carlos Prestes. Contrariando as ordens do CC, que o ameaça de expulsão, Marighella vai a Cuba para participar da I Conferência da Organização de Solidariedade aos Povos da América Latina (OLAS), realizada em Havana no período de 31 de julho a 10 de agosto de 1967.
Ao retornar ao Brasil, Marighella funda a Ação Libertadora Nacional (ALN) e inicia as ações armadas contra a ditadura militar. Desgraçadamente, uma característica fundamental da ANL foi a negação da teoria leninista sobre o papel do partido da vanguarda do proletariado no processo revolucionário. Sob a influência do guevarismo e da experiência da revolução cubana, adotou como lema “a ação faz a vanguarda”, partindo para a luta armada.
A cisão de Carlos Marighella com o PCB não significou sua
renúncia ao stalinismo. O norte estratégico da ALN, não por acaso quase o mesmo
nome da organização de caráter frente populista criada em 1934, era a
restauração da democracia burguesa e a criação de um governo que realizasse
algumas reformas sociais, como a reforma agrária, e assumisse uma posição de
independência frente ao imperialismo. Apesar de todas essas limitações, o incontestável
heroísmo na luta contra a ditadura militar, fazem de Marighella um herói dos
trabalhadores brasileiros e de sua vanguarda comunista.
Ao contrário do “senso comum” amplamente difundido pela mídia capitalista e em parte legitimado pela esquerda palatável, Marighella e nossos combatentes não foram mortos “lutando pelo restabelecimento da democracia”, tombaram no confronto direto com as forças da repressão pela causa da revolução socialista, mais além dos desvios políticos das direções reformistas e etapistas que hegemonizavam o momento. A concepção da “democracia como valor universal” não permeava as mentes de nenhum dos nossos heróis que deram suas vidas no combate revolucionário contra a ditadura militar. Neste ponto reside a contradição fundamental entre o regime de “exceção” imposto ao país pelas classes dominantes e o conjunto da militância socialista naquela etapa da luta de classes. Salvo alguns setores do “Partidão” que já flertavam com uma “flexibilização” do leninismo em direção à social democracia, o que anos depois daria origem ao chamado “eurocomunismo”, as organizações de esquerda (como a ALN de Marighella) que se levantaram em armas contra os facínoras adotavam a estratégia da defesa da ditadura do proletariado versus ditadura capitalista, sob a forma concreta assumida em 64 de um regime político militar.
Ao contrário do “senso comum” amplamente difundido pela mídia capitalista e em parte legitimado pela esquerda palatável, Marighella e nossos combatentes não foram mortos “lutando pelo restabelecimento da democracia”, tombaram no confronto direto com as forças da repressão pela causa da revolução socialista, mais além dos desvios políticos das direções reformistas e etapistas que hegemonizavam o momento. A concepção da “democracia como valor universal” não permeava as mentes de nenhum dos nossos heróis que deram suas vidas no combate revolucionário contra a ditadura militar. Neste ponto reside a contradição fundamental entre o regime de “exceção” imposto ao país pelas classes dominantes e o conjunto da militância socialista naquela etapa da luta de classes. Salvo alguns setores do “Partidão” que já flertavam com uma “flexibilização” do leninismo em direção à social democracia, o que anos depois daria origem ao chamado “eurocomunismo”, as organizações de esquerda (como a ALN de Marighella) que se levantaram em armas contra os facínoras adotavam a estratégia da defesa da ditadura do proletariado versus ditadura capitalista, sob a forma concreta assumida em 64 de um regime político militar.
Apesar de todas essas limitações e de sua trajetória
política, ligada ao Stalinismo (PCB) e ao Foquismo (ALN), o incontestável
heroísmo na luta contra a ditadura militar, fazem de Marighella um herói dos
trabalhadores brasileiros e de sua vanguarda comunista. A LBI, que se mantém
firme no combate por desmascarar a democracia dos ricos como uma face da
ditadura do capital e dedica o melhor de suas forças à construção do partido
revolucionário, espelha-se no exemplo inquebrantável de Marighella que, apesar
dos erros programáticos, não traiu a causa que defendia, morreu em combate e
pagou com a sua própria vida na luta contra os gorilas genocidas!
O exemplo de Marighella se faz ainda mais importante quando sua morte completa 50 anos porque enfrentamos os tempos sombrios de um novo regime de exceção orquestrado pelo justiceiro Moro e o neofascista Bolsonaro, sendo ele um exemplo vivo que inspira a luta revolucionária hoje!
O exemplo de Marighella se faz ainda mais importante quando sua morte completa 50 anos porque enfrentamos os tempos sombrios de um novo regime de exceção orquestrado pelo justiceiro Moro e o neofascista Bolsonaro, sendo ele um exemplo vivo que inspira a luta revolucionária hoje!