segunda-feira, 25 de novembro de 2019

HÁ 3 ANOS NOS DEIXAVA O COMANDANTE FIDEL CASTRO: TROTSKISTAS DEFENDEM O ESTADO OPERÁRIO CUBANO CONTRA O IMPERIALISMO, LUTANDO PELA SUPERAÇÃO DA BUROCRACIA STALINISTA ATRAVÉS DA REVOLUÇÃO POLÍTICA!


Há exatos 3 anos, na noite de 25 de novembro de 2016, morria o comandante Fidel Castro, dirigente máximo da revolução social Cubana. Seu irmão, Raul, anunciou o falecimento “Com profunda dor compareço para informar ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro do 2016, às 22h29, faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz. Em cumprimento da vontade expressa do companheiro Fidel, seus restos serão cremados nas primeiras horas deste sábado” prosseguiu o irmão. Fidel Castro tinha completado 90 anos recentemente, em agosto. Uma história de combate anticapitalista marca a vida do velho comandante, que já não está fisicamente entre nós fazem 3 anos, mas que aos 32 anos dirigiu ao lado de Che Guevara a Revolução Cubana vitoriosa em 1959. De forma premonitória, em um discurso proclamado durante o VII Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC) em abril de 2016, Fidel falou com voz entrecortada “Logo devo fazer 90 anos, nunca me ocorreu tal ideia e não foi fruto de esforço, mas um capricho da sorte. Logo serei como todos. Para todos chega a vez... Talvez seja uma das últimas vezes que fale nesta sala”. Como Trotskistas respeitamos sua heroica trajetória militante mesmo nos delimitando publicamente de suas posições políticas e programáticas, cujo limite é desgraçadamente sua adesão posterior ao stalinismo e sua estratégica de coexistência pacífica com o imperialismo. Reconhecemos que tenha havido conflitos pontuais importantes de Fidel com a burocracia soviética, mas nunca uma ruptura com sua orientação, ao contrário, nas questões fundamentais Castro esteve ao lado de Moscou e inclusive atacou o Trotskismo e seu camarada de trincheira, Che Guevara. A Direção Nacional da LBI aproveita as reflexões em torno do aniversário de morte do comandante para reafirmar a defesa incondicional da ilha operária e de suas conquistas históricas rechaçando a ofensiva imperialista através do bloqueio econômico e da política de “reação democrática” levada acabo pela Casa Branca e, ao mesmo tempo, polemiza com a orientação programática adotada pela burocracia castrista, em que ataca uma série de direitos históricos dos trabalhadores com o objetivo de avançar o processo de restauração capitalista. Mantemos a vigência programática da revolução política em Cuba para que o proletariado possa efetivamente ingressar na etapa histórica do genuíno socialismo. A melhor forma dos revolucionários honrarem Fidel, que apesar de todos os seus erros manteve-se com um combatente anti-imperialista e anticapitalista é responder as investidas do imperialismo ianque que agora se incrementa com Trump, é chamando a classe operária em nível mundial a derrotar o imperialismo e não apoiando a política de “coexistência pacífica” com a Casa Branca e a Igreja Católica.


Orgulhamo-nos de em meio à ofensiva mundial do imperialismo contra Cuba e outros regimes políticos que são alvo da sanha guerreirista da Casa Branca, como a Síria e o Irã, estarmos na linha de frente do combate internacionalista para derrotar as grandes potências capitalistas, inclusive em unidade de ação com o PC cubano diante dos ataques do pior inimigo dos povos, o imperialismo. Desde a trincheira de luta da defesa do Estado operário cubano e das nações oprimidas, fazemos o combate programático e político pela construção nestes países de uma autêntica direção revolucionária para o proletariado.  Não vamos aqui escrever, mesmo que criticamente, a “biografia” de Fidel, apenas pontuar questões que consideramos fundamentais nas tarefas que Cuba enfrenta neste século XXI para sobreviver ainda que seja na condição de um Estado Operário burocratizado e isolado. Deixamos para os stalinistas “Amigos de Cuba” as homenagens acríticas a Fidel. Aliás, apesar de gerações de cubanos cresceram com a imagem e presença próxima de Fidel, o mesmo pregou a rejeição ao “culto à personalidade”: “Sou hostil com tudo o que possa parecer um culto a pessoas (...) e não há uma só escola, fábrica, hospital ou edifício que leve meu nome. Não há estátuas, nem praticamente retratos meus”.

O fundamental é que como Marxistas-Leninistas compreendemos a importância histórica de defender o Estado operário cubano das investidas do imperialismo. Saudamos a revolução vitoriosa dirigida por Fidel e Che que arrancou a pequena ilha das garras dos grandes monopólios ianques, transformando um país que era literalmente um prostíbulo da burguesia norte-americana em uma nação que anos depois rompeu com o jugo da dominação da cadeia de espoliação capitalista, garantindo a seu povo conquistas históricas como educação pública, gratuita e um dos sistemas de saúde mais avançados do planeta. Nem os mais de 50 anos de criminoso bloqueio econômico fizeram ruir essas conquistas que permanecem socialmente vigentes para o proletariado, apesar das imensas dificuldades que impõe a Cuba até hoje. Sabemos perfeitamente que Cuba atravessa um momento extremamente difícil em sua existência. Desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, quando a restauração capitalista varreu o Leste Europeu e a União Soviética, em uma profunda derrota do proletariado mundial, a economia cubana perdeu grande parte dos seus parceiros comerciais impondo-se ainda mais a ilha operária o isolamento político e econômico. Foram tomadas várias medidas de mercado para tentar revitalizar sua economia. Não nos opomos por princípio à adoção dessas medidas, pois até Lenin e o Partido Bolchevique as tomaram na URSS por meio da NEP.

Compreendemos que a melhor forma de defender as conquistas da revolução neste momento difícil é reforçando o chamado a derrotar o imperialismo em nível mundial e não a estabelecer com a Casa Branca e a Igreja Católica uma política de “coexistência pacífica”. O legado teórico de Trotsky nos ensinou que era preciso defender incondicionalmente a URSS, apesar dos erros e traições de Stalin. Hoje, com Cuba fazemos o mesmo. Ainda que tenhamos críticas à direção do PCC, jamais nos somamos ao imperialismo e sua corja arquirreacionária nos ataques ao Estado operário. Pelo contrário! Sempre estivemos na linha de frente da sua defesa, não apenas como “amigos de Cuba”, mas acima de tudo como internacionalistas proletários e defensores do socialismo científico como alternativa à barbárie capitalista que ameaça a existência da própria humanidade. Acreditamos que somente a mobilização internacionalista da classe operária poderá fazer frente aos planos do império para aniquilar totalmente a enorme referência mundial da revolução cubana. Por isso não devemos depositar nenhuma confiança nos “acordos” amistosos com os chefes “democratas” dos estados terroristas como os EUA e a França. A trágica lição abstraída da guerra da Líbia, onde Kadaffi “confiou” inicialmente nos abutres imperiais europeus que logo em seguida devastaram seu país, deve servir como um farol revolucionário para a vanguarda classista do proletariado mundial na defesa de Cuba.

Tragicamente, diversas correntes que se reivindicam trotskistas, rompendo com o mais elementar critério de classe, hoje atuam como verdadeiros agentes da contrarrevolução “democrática”. Já durante a chamada “crise dos balseiros” em 1994 esses senhores se postaram ao lado dos mafiosos gusanos e clamavam por “liberdade” em Cuba, quando esta campanha midiática não passava de uma trama do imperialismo para isolar a ilha e buscar a desestabilização do regime no lastro do fim da URSS. Essa conduta vergonhosa, que enlameia o nome do “trotskismo”, ganhou o justo ódio da classe operária cubana e da vanguarda internacionalista que defende o Estado operário. Mas o genuíno Trotskismo, repetimos, não é partidário dessa cantilena montada nos gabinetes do Pentágono sobre o cínico pretexto da “defesa dos direitos humanos”.

Da mesma forma que denunciamos a farsesca “Revolução Árabe”, voltada a atacar regimes políticos que são obstáculos aos planos neocolonialistas para o norte da África e Oriente Médio (primeiro Líbia, agora Síria e depois Irã), nos postamos contra tais “movimentos democráticos” made in CIA urdidos contra Cuba. Por isso alertamos, os próximos passos da Casa Branca estão bastante claros: primeiro a chantagem “democrática” utilizando a dissidência contrarrevolucionária como as “Damas de Branco”. Se essa política não der o efeito desejado vem depois a tradicional agressão militar apoiada na colossal superioridade bélica do Pentágono. Nesse cenário, não nos surpreenderemos se amanhã esses mesmos “trotskistas” calhordas paladinos da “Primavera Árabe” saírem a saudar entusiasticamente os “rebeldes cubanos” que se levantam contra o que eles chamam cinicamente de “ditadura dos irmãos Castro”.

A LBI não apenas denuncia publicamente esses canalhas que maculam a bandeira da IV Internacional como se posta incondicionalmente a lado do povo cubano e em frente única com o PCC na defesa da ilha operária. Não por acaso, fizemos questão de lançar como artigo inicial de nosso blog político em julho de 2011 um texto somando-se à campanha pela libertação imediata dos cinco militantes cubanos encarcerados pelo império terrorista, alertando que o método da ação direta e mobilização permanente da classe operária mundial era o caminho correto para apontar na libertação dos companheiros Fernando González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Gerardo Hernández e René González, acusados farsescamente de terrorismo pelo então governo Clinton e que cumpriram severas penas desde 1998, mantidos encarcerados por um longo período pelo mesmo bando ianque “democrata”, chefiado então pelo assassino Obama.

Justamente por defendermos incondicionalmente Cuba e as conquistas históricas da revolução, apontamos que para garantir a manutenção do Estado Operário os trabalhadores cubanos devem lutar pela imediata expulsão dos agentes da CIA, combater a nefasta influência ideológica da Igreja Católica e derrotar todas as organizações anticomunistas camufladas de democráticas. Ao mesmo tempo, como aponta o Programa de Transição elaborado por Trotsky em 1938, não defendemos a volta à democracia burguesa e a legalização de todos os partidos de uma maneira geral em Cuba, mas a revolução política para que os conselhos populares decidam verdadeiramente como melhor levar a luta contra os privilégios, a desigualdade social e o reforço da economia planificada segundo os interesses dos próprios trabalhadores. Lutamos decididamente contra a destruição do Estado Operário cubano, já que isso representaria uma enorme derrota para o proletariado latino-americano e mundial, abrindo um período sem precedentes de avanço imperialista. Neste momento que a morte de Fidel completa 3 anos declaramos que a defesa incondicional de Cuba contra o imperialismo ianque é para a LBI tarefa primordial assim como para todos aqueles que se colocam pela construção de uma América Latina socialista e revolucionária!