Há exatos 3 anos, na noite de 25 de novembro de 2016, morria
o comandante Fidel Castro, dirigente máximo da revolução social Cubana. Seu
irmão, Raul, anunciou o falecimento “Com profunda dor compareço para informar
ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro
do 2016, às 22h29, faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz.
Em cumprimento da vontade expressa do companheiro Fidel, seus restos serão
cremados nas primeiras horas deste sábado” prosseguiu o irmão. Fidel Castro
tinha completado 90 anos recentemente, em agosto. Uma história de combate
anticapitalista marca a vida do velho comandante, que já não está fisicamente
entre nós fazem 3 anos, mas que aos 32 anos dirigiu ao lado de Che Guevara a
Revolução Cubana vitoriosa em 1959. De forma premonitória, em um discurso
proclamado durante o VII Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC) em abril
de 2016, Fidel falou com voz entrecortada “Logo devo fazer 90 anos, nunca me
ocorreu tal ideia e não foi fruto de esforço, mas um capricho da sorte. Logo
serei como todos. Para todos chega a vez... Talvez seja uma das últimas vezes
que fale nesta sala”. Como Trotskistas respeitamos sua heroica trajetória
militante mesmo nos delimitando publicamente de suas posições políticas e
programáticas, cujo limite é desgraçadamente sua adesão posterior ao stalinismo
e sua estratégica de coexistência pacífica com o imperialismo. Reconhecemos que
tenha havido conflitos pontuais importantes de Fidel com a burocracia
soviética, mas nunca uma ruptura com sua orientação, ao contrário, nas questões
fundamentais Castro esteve ao lado de Moscou e inclusive atacou o Trotskismo e
seu camarada de trincheira, Che Guevara. A Direção Nacional da LBI aproveita as
reflexões em torno do aniversário de morte do comandante para reafirmar a
defesa incondicional da ilha operária e de suas conquistas históricas
rechaçando a ofensiva imperialista através do bloqueio econômico e da política
de “reação democrática” levada acabo pela Casa Branca e, ao mesmo tempo,
polemiza com a orientação programática adotada pela burocracia castrista, em
que ataca uma série de direitos históricos dos trabalhadores com o objetivo de
avançar o processo de restauração capitalista. Mantemos a vigência programática
da revolução política em Cuba para que o proletariado possa efetivamente
ingressar na etapa histórica do genuíno socialismo. A melhor forma dos
revolucionários honrarem Fidel, que apesar de todos os seus erros manteve-se
com um combatente anti-imperialista e anticapitalista é responder as investidas
do imperialismo ianque que agora se incrementa com Trump, é chamando a classe
operária em nível mundial a derrotar o imperialismo e não apoiando a política
de “coexistência pacífica” com a Casa Branca e a Igreja Católica.
Orgulhamo-nos de em meio à ofensiva mundial do imperialismo
contra Cuba e outros regimes políticos que são alvo da sanha guerreirista da
Casa Branca, como a Síria e o Irã, estarmos na linha de frente do combate
internacionalista para derrotar as grandes potências capitalistas, inclusive em
unidade de ação com o PC cubano diante dos ataques do pior inimigo dos povos, o
imperialismo. Desde a trincheira de luta da defesa do Estado operário cubano e
das nações oprimidas, fazemos o combate programático e político pela construção
nestes países de uma autêntica direção revolucionária para o proletariado. Não vamos aqui escrever, mesmo que
criticamente, a “biografia” de Fidel, apenas pontuar questões que consideramos
fundamentais nas tarefas que Cuba enfrenta neste século XXI para sobreviver
ainda que seja na condição de um Estado Operário burocratizado e isolado.
Deixamos para os stalinistas “Amigos de Cuba” as homenagens acríticas a Fidel.
Aliás, apesar de gerações de cubanos cresceram com a imagem e presença próxima
de Fidel, o mesmo pregou a rejeição ao “culto à personalidade”: “Sou hostil com
tudo o que possa parecer um culto a pessoas (...) e não há uma só escola,
fábrica, hospital ou edifício que leve meu nome. Não há estátuas, nem
praticamente retratos meus”.
O fundamental é que como Marxistas-Leninistas compreendemos
a importância histórica de defender o Estado operário cubano das investidas do
imperialismo. Saudamos a revolução vitoriosa dirigida por Fidel e Che que
arrancou a pequena ilha das garras dos grandes monopólios ianques, transformando
um país que era literalmente um prostíbulo da burguesia norte-americana em uma
nação que anos depois rompeu com o jugo da dominação da cadeia de espoliação
capitalista, garantindo a seu povo conquistas históricas como educação pública,
gratuita e um dos sistemas de saúde mais avançados do planeta. Nem os mais de
50 anos de criminoso bloqueio econômico fizeram ruir essas conquistas que
permanecem socialmente vigentes para o proletariado, apesar das imensas
dificuldades que impõe a Cuba até hoje. Sabemos perfeitamente que Cuba
atravessa um momento extremamente difícil em sua existência. Desde a queda da
URSS e do Muro de Berlim, quando a restauração capitalista varreu o Leste
Europeu e a União Soviética, em uma profunda derrota do proletariado mundial, a
economia cubana perdeu grande parte dos seus parceiros comerciais impondo-se
ainda mais a ilha operária o isolamento político e econômico. Foram tomadas
várias medidas de mercado para tentar revitalizar sua economia. Não nos opomos
por princípio à adoção dessas medidas, pois até Lenin e o Partido Bolchevique
as tomaram na URSS por meio da NEP.
Compreendemos que a melhor forma de defender as conquistas
da revolução neste momento difícil é reforçando o chamado a derrotar o
imperialismo em nível mundial e não a estabelecer com a Casa Branca e a Igreja
Católica uma política de “coexistência pacífica”. O legado teórico de Trotsky
nos ensinou que era preciso defender incondicionalmente a URSS, apesar dos
erros e traições de Stalin. Hoje, com Cuba fazemos o mesmo. Ainda que tenhamos
críticas à direção do PCC, jamais nos somamos ao imperialismo e sua corja
arquirreacionária nos ataques ao Estado operário. Pelo contrário! Sempre
estivemos na linha de frente da sua defesa, não apenas como “amigos de Cuba”,
mas acima de tudo como internacionalistas proletários e defensores do
socialismo científico como alternativa à barbárie capitalista que ameaça a
existência da própria humanidade. Acreditamos que somente a mobilização
internacionalista da classe operária poderá fazer frente aos planos do império
para aniquilar totalmente a enorme referência mundial da revolução cubana. Por
isso não devemos depositar nenhuma confiança nos “acordos” amistosos com os
chefes “democratas” dos estados terroristas como os EUA e a França. A trágica
lição abstraída da guerra da Líbia, onde Kadaffi “confiou” inicialmente nos
abutres imperiais europeus que logo em seguida devastaram seu país, deve servir
como um farol revolucionário para a vanguarda classista do proletariado mundial
na defesa de Cuba.
Tragicamente, diversas correntes que se reivindicam
trotskistas, rompendo com o mais elementar critério de classe, hoje atuam como
verdadeiros agentes da contrarrevolução “democrática”. Já durante a chamada
“crise dos balseiros” em 1994 esses senhores se postaram ao lado dos mafiosos
gusanos e clamavam por “liberdade” em Cuba, quando esta campanha midiática não
passava de uma trama do imperialismo para isolar a ilha e buscar a
desestabilização do regime no lastro do fim da URSS. Essa conduta vergonhosa,
que enlameia o nome do “trotskismo”, ganhou o justo ódio da classe operária
cubana e da vanguarda internacionalista que defende o Estado operário. Mas o
genuíno Trotskismo, repetimos, não é partidário dessa cantilena montada nos
gabinetes do Pentágono sobre o cínico pretexto da “defesa dos direitos
humanos”.
Da mesma forma que denunciamos a farsesca “Revolução Árabe”,
voltada a atacar regimes políticos que são obstáculos aos planos
neocolonialistas para o norte da África e Oriente Médio (primeiro Líbia, agora
Síria e depois Irã), nos postamos contra tais “movimentos democráticos” made in
CIA urdidos contra Cuba. Por isso alertamos, os próximos passos da Casa Branca
estão bastante claros: primeiro a chantagem “democrática” utilizando a
dissidência contrarrevolucionária como as “Damas de Branco”. Se essa política
não der o efeito desejado vem depois a tradicional agressão militar apoiada na
colossal superioridade bélica do Pentágono. Nesse cenário, não nos
surpreenderemos se amanhã esses mesmos “trotskistas” calhordas paladinos da
“Primavera Árabe” saírem a saudar entusiasticamente os “rebeldes cubanos” que
se levantam contra o que eles chamam cinicamente de “ditadura dos irmãos
Castro”.
A LBI não apenas denuncia publicamente esses canalhas que
maculam a bandeira da IV Internacional como se posta incondicionalmente a lado
do povo cubano e em frente única com o PCC na defesa da ilha operária. Não por
acaso, fizemos questão de lançar como artigo inicial de nosso blog político em
julho de 2011 um texto somando-se à campanha pela libertação imediata dos cinco
militantes cubanos encarcerados pelo império terrorista, alertando que o método
da ação direta e mobilização permanente da classe operária mundial era o
caminho correto para apontar na libertação dos companheiros Fernando González,
Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Gerardo Hernández e René González, acusados
farsescamente de terrorismo pelo então governo Clinton e que cumpriram severas
penas desde 1998, mantidos encarcerados por um longo período pelo mesmo bando
ianque “democrata”, chefiado então pelo assassino Obama.
Justamente por defendermos incondicionalmente Cuba e as
conquistas históricas da revolução, apontamos que para garantir a manutenção do
Estado Operário os trabalhadores cubanos devem lutar pela imediata expulsão dos
agentes da CIA, combater a nefasta influência ideológica da Igreja Católica e
derrotar todas as organizações anticomunistas camufladas de democráticas. Ao
mesmo tempo, como aponta o Programa de Transição elaborado por Trotsky em 1938,
não defendemos a volta à democracia burguesa e a legalização de todos os
partidos de uma maneira geral em Cuba, mas a revolução política para que os
conselhos populares decidam verdadeiramente como melhor levar a luta contra os
privilégios, a desigualdade social e o reforço da economia planificada segundo
os interesses dos próprios trabalhadores. Lutamos decididamente contra a
destruição do Estado Operário cubano, já que isso representaria uma enorme
derrota para o proletariado latino-americano e mundial, abrindo um período sem
precedentes de avanço imperialista. Neste momento que a morte de Fidel completa
3 anos declaramos que a defesa incondicional de Cuba contra o imperialismo
ianque é para a LBI tarefa primordial assim como para todos aqueles que se colocam
pela construção de uma América Latina socialista e revolucionária!