A crise pelo controle das “generosas” verbas do Fundo
Partidário entre a famiglia Bolsonaro e a quadrilha que controla a máquina
partidária do PSL caminha para o desfecho final. O presidente neofascista acaba
de anunciar sua saída do PSL e a criação de um novo partido político, a Aliança
Pelo Brasil. No manifesto de fundação do partido bolsonarista encontramos claros
traços da tentativa em alicerçar um partido de características programáticas
fascistas no Brasil: “Aliança é união e é força. E a Aliança pelo Brasil é o
caminho que escolhemos e queremos para o futuro e para o resgate de um país
massacrado pela corrupção e pela degradação moral contra as boas práticas e os
bons costumes”. O clã Bolsonaro projeta dar uma “continuidade histórica” aos
elementos circunstanciais que os levaram a ocupar o Palácio do Planalto. Em
outras palavras, o presidente neofascista quer dar longevidade ao golpe
parlamentar que apeou a Frente Popular da gestão central do Estado Burguês.
Neste sentido a estruturação de um núcleo partidário fascista, organizando
institucionalmente setores sociais reacionários, como oficiais das FFAA,
policiais militares, milicianos, o lúmpem (proletariado e pequeno burguês) e
por fim o próprio baixo clero no Congresso Nacional, é um fato político de
graves dimensões e não pode ser menosprezado pelos Marxistas Revolucionários. O
Manifesto redigido pela escória fascista que acompanha Bolsonaro, afirma: “que
um de seus objetivos é resgatar o Brasil do massacre que vem sofrendo pela
degradação moral contra as boas práticas e os bons costumes", em uma
nítida inspiração das cartas que Mussolini lançava em defesa da “moral e dos
costumes tradicionais”. Na primeira reunião do novo agrupamento da extrema
direita, realizado no gabinete do Planalto na noite desta terça-feira (12/11),
Bolsonaro conseguiu reunir a maioria da bancada de deputados do PSL, indicando
que a “caneta” do presidente já começou a agir, porém não é nada certo que
consiga arrastar para a nova sigla o bilionário Fundo Partidário da antiga
legenda presidida por Luciano Bivar. O botim de quase 1 bilhão de Reais, que
tem direito o PSL só é menor do que o do PT, que possui a maior bancada da
Câmara dos Deputados. No bojo do anúncio do novo partido, Bolsonaro também
lançou sua chapa para as eleições presidenciais de 2022, tendo como vice a
presença do Ministro Sérgio Moro, confirmando assim a caracterização da LBI de
que o “justiceiro” é o grande fiador político deste regime de exceção. A saída
de Lula do cárcere de Curitiba acelerou os planos da matilha fascista em se
agrupar para a disputa eleitoral e social, porém a letargia do PT em mobilizar
os trabalhadores pela via da ação direta contra a ofensiva neoliberal, ameaça a
própria permanência em liberdade da maior liderança da Frente Popular. Não por
coincidência já tramita rapidamente no Congresso Nacional propostas para uma
revisão constitucional acerca da prisão após condenação em segunda instância. O
movimento operário e popular deve estar atento a organização partidária dos
fascistas no Brasil, sendo um erro fatal considerar este fenômeno apenas como
uma “ameaça eleitoral” para a esquerda. Somente a construção de uma alternativa
revolucionária de poder proletário poderá derrotar efetivamente a reação
neofascista em pleno curso no Brasil e em todo continente americano.